Quarta-feira, 17 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Montezuma Cruz

Do jeito que vi traz histórias do Monte, das Três Fronteiras ao Maranhão


Do jeito que vi traz histórias do Monte, das Três Fronteiras ao Maranhão - Gente de Opinião

Montezuma: carreira marcada por histórias bem humoradas e outras tristes

EPAMINONDAS HENK
Em Brasília

Do jeito que vi(144 páginas), livro do jornalista Montezuma Cruz, começa a ser vendido pela internet. Resume a trajetória do repórter e editor, desde as Três Fronteiras ao Planalto Central, Amazônia e Maranhão.
 

“Comecei fazendo jornal mural na escola, depois jornais mimeografados. Aos 13 anos fui jornaleiro de meu pai, que representava O Estado de S. Paulo”, ele conta. Monte, como é conhecido, está na profissão desde 1970. Além de repórter, foi também editor de cidades, opinião e internacional. Durante muitos anos acumulou a experiência de trabalhar em sucursais, “onde se faz de tudo um pouco”.
 

No debate do Mercosul (inicialmente a união aduaneira entre o Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), que nasceu sem moeda única, um técnico argentino teima em fazer o queijo Roquefort com leite de vaca, quando o original é com leite de cabra.
 

O governador de Rondônia perde o piloto para o cartel do narcotráfico e confessa o “golpe” ao diretor geral da Polícia Federal, numa sala por onde entra o repórter, ouvindo toda a conversa.
 

A “invasão” de migrantes do sul e sudeste do País em Machadinho do Oeste faz Rondônia alcançar o primeiro milhão de habitantes. Na divisa com Mato Grosso, perto de Cacoal, jagunços matam a tiros um jovem padre italiano que defendia indígenas e posseiros, criando comoção da Amazônia à Santa Sé, em Roma. Uma semana antes do assassinato, o repórter esteve com o padre na região do Aripuanã.
 

Esses e outros cenários que misturam dor e alegria são descritos pelo autor durante suas andanças. “Não há cronologia correta no livro. Selecionei alguns dos principais assuntos, de diferentes períodos, e infelizmente deixei ao largo histórias importantes que serão lembradas nos próximos dois livros, até 2015”, comenta Montezuma.
 

Do jeito que vi lembra um tempo em que a reportagem ganhava espaços bem mais generosos nos jornais. Repórter e editor do “Jornal dos Bairros” de O Estado do MaranhãoMonte denuncia a grilagem da Praia do Araçagi e, ao mesmo tempo, o sumiço de documentos da reforma agrária dentro do Grupo Executivo das Terras do Araguaia e Tocantins (Getat), assunto que rendeu algumas matérias com chamadas de primeira página no Jornal do Brasil.
 

Redator de cidades no Jornal de Brasília, trabalhou com um editor que vendia pães e com uma diagramadora que abastecia a redação com saborosas empadinhas. Em São Luís, o futebol com bolas de meia permeava o fechamento das edições. Na Folha de Londrina, o repórter se destacou nas sucursais de Campo Grande, Dourados Maringá e Foz do Iguaçu.
 

Do jeito que vi é também um documento precioso sobre os anos do século passado, quando as pessoas tinham tempo para ler. Cabia aos jornalistas reconstruir a realidade inacessível aos demais mortais, usando equipamentos que hoje são peças de museu”, escreve o jornalista Carlos Gilberto Alves no prefácio. “Surgem nessas páginas coisas esquecidas, como o teletipo, a telefoto e até o telegrama. Um tempo em que os repórteres corriam aos aeroportos implorando para o passageiro, a aeromoça ou mesmo o comandante levarem o filme com as fotos necessárias à ilustração das matérias”.
 

“Um tempo em que viajar era a essência da reportagem. Tudo porque, nesse Brasil, uma simples ligação telefônica era demorada demais para a pressa do jornalismo. E, muitas vezes, os fatos aconteciam onde nem havia luz elétrica. Quanto menos telefone”, acrescenta Alves, editor do “Jornal da Manhã”, na Rádio Jovem Pan (SP).

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoQuarta-feira, 17 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

A maneira como os anúncios atraíam a freguesia, um século atrás

A maneira como os anúncios atraíam a freguesia, um século atrás

Passados 105 anos, vamos conhecer um pouco da publicidade da década de 1920 por aqui? Os anúncios eram detalhados, algo que veio se repetindo nas dé

A terra treme em Porto Velho

A terra treme em Porto Velho

Já sob a direção do médico baiano Joaquim Augusto Tanajura, em 19 de janeiro de 1922, ano do centenário da Independência do Brasil, o jornal Alto Ma

Este é o patrimônio verde rondoniense em tempos de COP-30

Este é o patrimônio verde rondoniense em tempos de COP-30

Estão em Rondônia dez das 805 Reservas Naturais do Patrimônio Natural (RPPNs) do País. Elas são áreas protegidas, de acordo com o Sistema Nacional d

Já se passam 82 anos, desde o incentivo do Banco da Borracha à presença da VERT

Já se passam 82 anos, desde o incentivo do Banco da Borracha à presença da VERT

Porto Velho ainda pertencia ao Amazonas no final de fevereiro de 1943, quando o diretor do Banco de Crédito da Amazônia), Ruy Medeiros, visitava a Ass

Gente de Opinião Quarta-feira, 17 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)