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Montezuma Cruz

Conselheiro de Resex acusa Funai, Cimi e ONGs de conspirar para conflito armado




Indígenas e seringueiros não encontram consenso na reunião promovida na Camara Municipal de Guajará-Mirim. 

XICO NERY
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GUAJARÁ-MIRIM, RO– Não houve consenso entre seringueiros, seringalistas e indígenas que habitam os rios Ouro Preto e Pacaás Novos (sudeste de Guajará-Mirim), na reunião convocada pelo presidente do Conselho Deliberativo da Reserva Extrativista do Rio Pacaás Novos, Elibeu Carmo e Silva, 39 anos, na Câmara Municipal. O encontro foi promovido por remanescentes de antigos clãs seringueiros da região.

As etnias Oro Nao, Piranha e remanescentes de seringueiros habitam a região, hoje transformada numa zona de conflito entre brancos e indígenas pela posse da terra. 

Na abertura do encontro, ao elaborar um relatório-denúncia, o auto-proclamado “colaborador” da Secretaria Estadual de Defesa Ambiental (Sedam), Paulo de Almeida Nunes, exigiu “a expulsão das etnias indígenas em conflito dentro das Reservas Extrativistas Pacaás Novos e Rio Ouro Preto”. A punição se estende também aos membros do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), organizações não-governamentais estrangeiras, sob acusação de insuflarem 

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Conselheiro Elibeu defende a retirada de ONGs, do Cimi e da Funai, das reservas extrativistas do Guaporé

indígenas a se apropriarem, ilegalmente, de uma faixa de terra de mais de 1.300 quilômetros desde o platô do Mato Grosso a Rondônia (em Guajará-Mirim), na tentativa de se criar o primeiro País índio do mundo, por meio das ocupações de reservas estaduais entre os dois estados. 

A proposta do presidente Elibeu Silva, que é policial civil licenciado, baseia-se no fato de que as terras “pertencem ao patrimônio do Estado de Rondônia e devem ser desinfectadas pelas autoridades”. Ele acusou, frontalmente, a Fundação Nacional do Índio (Funai), o CimiI e várias organizações estrangeiras de conspirarem para uma situação de iminente conflito armado entre indígenas e seringueiros. 

Donos do lugar 

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Eva Canoé lembra que indígenas sáo donos do seu território há séculos
O senador Valdir Raupp (PMDB-RO), informado da situação pela líder indígena Eva Canoé, recuou da ação inicial interposta pelos representantes dos seringueiros, de retirarem os índios do entorno das reservas. Para isso, acionaram a classe política, as Polícias Civil e Militar e o Poder Judiciário). Segundo ela, “os povos indígenas, de um grupo de 24 etnias, são os verdadeiros donos das terras e elas estão inscritas na Constituição”. 

Para Eva Canoé, “não se trata de nenhuma invasão”. No entanto, ela observou que, antes da criação das reservas estaduais pelo então governador Raupp, há séculos os indígenas habitavam todas as localidades dos rios Pacaás Novos, Ouro Preto e Mamoré. 

O lider da etnia Oro Nao, Nilton Oro Nao, 27 anos, rebateu as denúncias feitas por seringueiros e representantes do agronegócio presentes ao encontro. Segundo ele, “apenas interessados na implementação de vários planos de manejo, já referendados pelo ex-Secretário de Defesa do Meio Ambiente, Agostinho Pastore”. Foi Pastore quem garantiu o direito do madeireiro e ex-prefeito de Vilhena, Ademar Suckel, de construir uma estrada de 25 quilômetros dentro da Resex Pacaás Novos, usada desde 2006 para extração ilegal de madeira.
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Senador Raupp quer evitar conflito dentro das reservas extrativistas que foram criadas quando ele governava o Estado


 

Solução 

Diante do impasse, o senador propôs às lideranças indígenas e seringueiras uma audiência pública que deverá contar com a participação de todos os segmentos envolvidos no processo de regularização definitiva das reservas (estaduais e federais) no entorno dos rios Pacaás Novos, Ouro Preto e Mamoré. 

Em última instância, Raupp defendeu que o Governo Federal, por meio do Ministério da Justiça, convoque a Funai, Ibama, Incra e órgãos vinculados à Presidência da República, no intuito de acabar com as ameaças de “uma provável guerra por parte de índios e seringueiros”. O senador acredita que isso evitará um novo derramento de sangue “entre povos irmãos dentro das florestas do Estado de Rondônia”.

Fonte: Montezuma Cruz - A Agênciaamazônia é parceria do Gentedeopiniao

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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