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Montezuma Cruz

CIDADÃO ALMIR SURUÍ


 

MONTEZUMA CRUZ
AGÊNCIA AMAZÔNIA


O líder indígena Almir Suruí participou no final da semana passada, em Londres, do lançamento de um programa do Google Earth para mapear a terra de sua tribo e, assim, protegê-la do desmatamento. A evolução tecnológica permite essa ferramenta de apoio também aos povos indígenas.

Voe até sua casa é uma das frases de apelo do Google Earth na publicidade do seu fantástico negócio. Esse sistema combina os sofisticados recursos de pesquisa do Google com imagens de satélite, mapas, terrenos e edificações em 3D para colocar informações geográficas do mundo todo à disposição dos interessados.

No final da década de 1970, a Colonizadora Itaporanga, dos irmãos Melhorança, loteou muitas terras em Cacoal e Espigão do Oeste. Parte da reserva Suruí foi invadida por agricultores vindos do Estado do Espírito Santo e do Paraná. (Numa das matérias da série CPI da Terra-30 anoscomento o choque entre índios e colonos, que resultaram em mortos e feridos). Se as imagens por satélite fossem as que estão hoje disponíveis, os Suruís antecipariam a reação que impediria a ocupação de seu território.

Almir Suruí cresceu e viu a maneira como a dita civilização foi ocupando a floresta em Rondônia. Participou de diversos encontros em Rondônia, na Amazônia, em Brasília e no Exterior. Antes se tornar estrela, viu seus irmãos se contorcerem diante do assédio do branco. E o desmatamento avançou, mostram as imagens de

CIDADÃO ALMIR SURUÍ - Gente de Opinião
antropóloga Betty Mindlin
satélite do Inpe. A corrida ao diamante no território dos vizinhos Cintas-Largas é outro desafio aos indígenas.

Em entrevista a Lúcia Helena de Camargo, no Diário do Comércio de São Paulo, a antropóloga Betty Mindlin lembra do menino Almir , a quem conheceu na década de 1970, no Posto Indígena 7 de Setembro, em Cacoal. Ela fala: "A vida indígena mudou muito. A geração que vi crescer, e a dos meus amigos mais jovens, é hoje composta de atuantes cidadãos brasileiros. Um dos que carreguei no colo, Almir Naraiamoga Suruí, cuja mãe era minha querida, hoje, dia 9 de abril de 2008, fala no jornal, em Londres, denunciando o desmatamento no entorno de suas terras".

Betty lançou o livro Diários da Floresta, que na opinião do jornalista e autor Renato Pompeu, é "encantador, emocionante, além de informativo". São anotações de Betty, feitas durante a após as primeiras seis visitas ao povo Suruí Paíter, a partir de 1979, da fase do contato até 1983. Uma obra respeitável.

O que diriam os saudosos sertanistas Apoena Meireles, Aimoré Santiago e José do Carmo Santana, se estivessem nesta terra e retornassem hoje ao Posto Indígena 7 de Setembro? Com certeza, numa só voz, repetiriam: "Nem tudo está perdido, mas precisamos que a voz de Almir continue sendo ouvida".

Fonte:Montezuma Cruz - Agênciaamazônia é parceira do Gentedeopinião.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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