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Montezuma Cruz

Cheia desabriga e desafia o governo no Acre


  

MONTEZUMA CRUZ
Agência Amazônia

RIO BRANCO e PLÁCIDO DE CASTRO, AC – O canoeiro está pensativo às margens do rio Abunã, em Plácido de Castro. Ainda não desembarcou a carga de castanha e contempla as águas que subiram dez metros no fim de semana. Em Plácido de Castro, as águas cobrem estradas. Mesmo com oscilações, o rio Juruá ameaça transbordar. O Acre conta cerca de 300 desabrigados, dos quais, 160 em Rio Branco, a capital. O “inverno” amazônico chega ao meio do mês de abril afetando mais de 60 municípios dos estados desta região. O fenômeno da cheia exige esforço redobrado do governo. A Comissão de Amazônia discute o problema, na Câmara dos Deputados. 

A Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros se mobilizam em Rio Branco, para uma situação de emergência no Vale do rio Juruá. Na segunda-feira, a régua marcou 11,90m e novas chuvas provocarão prejuízos. Faltam 10 cm para sair da calha normal. O Juruá está a menos de dois metros da cota de emergência estipulada em 13 metros, informam esses órgãos. As chuvas na Amazônia Ocidental trazem problemas desde o início do ano. Estradas estão cobertas pelas águas em Plácido de Castro. 

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Domingo, 12: rio Abunã sobe, em Plácido de Castro, a 100 Km da capital / M.CRUZ


O Acre, por exemplo, atende há dois meses às mais de 20 famílias desabrigadas às margens do rio Acre. Rosângela Silva, recepcionista de um hotel no centro de Rio Branco, relata o seu drama à Agência Amazônica: “Minha casa já foi invadida e eu venho trabalhar preocupada com a família. A gente teve que retirar tudo o que pôde, mas os móveis e o fogão estragaram”.

A capital acreana vive a repetição das cheias anteriores: em 2008, mais de 500 pessoas foram levadas para abrigos públicos. Em 2007, mil pessoas tiveram suas residência atingidas pela água: a cota chegou a 13m97. Segundo a Defesa Civil, no rio Juruá, a maior cheia ocorreu em 1997: o nível do rio alcançou 14m17 e desabrigou cerca de três mil pessoas. 

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Galhos de árvores são arrastados pelas águas do rio Acre / M.CRUZ
Vistoria

Na segunda-feira, o governador Arnóbio Marques (PT) e o prefeito Raimundo Angelim (PT) percorreram áreas alagadas, acompanhados do Corpo de Bombeiros e das comissões Municipal e Estadual da Defesa Civil. Marques acredita na possibilidade de o rio vazar, mas está preparado para o pior. “Se a situação se agravar, vamos atuar em duas frentes: de caráter emergencial, planejando e potencializando o atendimento às famílias atingidas, e outra de longo prazo, reafirmando a necessidade de um conjunto de ações para que as pessoas deixem de viver em áreas impróprias”.

A segunda receita é sempre de difícil aceitação nos municípios amazônicos, porque as famílias insistem em permanecer nas áreas sujeitas a alagação. O nível do rio Acre atingiu 15,43 metros às 15h de segunda-feira. O prefeito Angelim decretou estado de emergência em parte da capital. 
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Sábado, 11: acreanos observam a cheia no rio Acre / M.CRUZ

O número de famílias desabrigadas já passa de 160. Novos abrigos estão sendo providenciados, depois que o Parque de Exposições Castelo Branco esgotou sua capacidade. Governador e prefeito anunciam todo cuidado no controle de doenças comuns durante o “inverno” amazônico, principalmente a leptospirose. No feriado santo e no final de semana, indiferentes à cheia e ao perigo de contaminação, crianças pulavam das pontes e saltavam das barrancas do rio Acre, para grandes mergulhos.

Os relatórios da Defesa Civil informam que há vazante nas cabeceiras. Em Assis Brasil, por exemplo, houve redução de dez centímetros até segunda-feira. Em Xapuri, o nível baixou 12 cm em 24 horas. No entanto, o Riozinho do Rôla, principal afluente do rio Acre, registrou um aumento de 26 centímetros desde domingo. 

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(*) Com Edmilson Ferreira (Agência Acre) e Francisco Costa (Acre24Horas) 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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