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Lucio Albuquerque

O Fla-Flu de 63, o garimpeiro e o empate com o Huachipato


A sensação que qualquer torcedor do Fluminense, os fanáticos e os iguais a este escrivinhador de mal traçadas linhas - que nem assistem aos jogos, em relação ao resultado do confronto com o Huachipato desta quarta-feira foi a mesma do técnico Abel Braga: “Não empatamos. Perdemos”.

Não nego, e não é novidade para quem me conhece: futebol não é minha praia e até os jogos do Flu eu deixo de lado porque me falta paciência para ver: ano passado, enquanto o Flu ganhava mais um campeonato, eu via um documentário na TV e foi preciso um corintiano ligar para dar a boa-nova. Mas nessa quarta, até porque havia uma visita fazendo questão de assistir, plantei-me em frente à TV.

E o que vi foi um festival de gols perdidos no jogo de quarta, seja por displicência, seja pela certeza de que esteja tão fácil que será fácil fazer no próximo, seja porque o goleiro Veloso literalmente “salvou a pátria” ou por outro fator qualquer que impediu a bola entrar mais vezes no gol do campeão chileno, foi mais uma prova de que o “sobrenatural do Almeida”, aquele personagem do mais tricolor de todos os tricolores, Nelson Rodrigues, existe, realmente.

Aproveitei ao final para fazer uma comparação e pude interligar três fatos distintos: a final do carioca de 1963, a esnobação de alguns garimpeiros nas duas épocas áureas dos garimpos de cassiterita e ouro e o jogo com o Huachipato.

Para situar o leitor, começo com os garimpos: aí por volta de 1971, eu fazia uma reportagem e nem pensava em vir morar aqui. Assisti (fato comum) um rapaz chegar num ambiente, mandar fechar as portas e gritar que toda a despesa a partir dali seria dele enquanto não acabasse seu dinheiro, porque ele estava “bamburrado”. E assim o foi: uísque, cerveja e outros itens inerentes às grandes farras correram solto, mais de um dia. Quando acabou o dinheiro o rapaz simplesmente foi embora anunciando que iria voltar porque “onde eu peguei o de hoje tem muito mais me esperando”. Quem assistiu às cenas quando os garimpos acabaram deve lembrar o ambiente que ficou e quantos desesperados, que antes esnobavam porque o garimpo “onde peguei esse tem mais esperando” fechou.

Daí o paralelo com o Fla-Flu decisivo de 1963: o Fluminense jogou 90 minutos na área do Flamengo, mas o “sobrenatural do Almeida” estava presente nas mãos do goleiro Marcial e na soma da displicência, falta de pontaria e a certeza de que se poderia ter mais, daí se poderia perder muitos gols. O tempo acabou e o Flamengo foi campeão, sem dar, naquela tarde de Maracanã superlotado, um chute sequer a gol.

Talvez seja exagero dizer que o jogo de quarta-feira (como afirmou um comentarista de TV) “foi uma partida de um time só”, até porque o Huachipato meteu lá sua bola e não fez outra porque o Diego Cavallieri mostrou, mais uma vez, por que está na seleção. Mas que o Fluminense poderia ter saído do primeiro tempo com, pelo menos três gols e aumentado no segundo, até torcedores do Flamengo e do Corinthians reconheceram ao conversarem comigo.

O que aconteceu no jogo como o Huachipato com os atacantes do Flu? Nada de novo no front. Pelo comentário de quem viu as últimas partidas, fico sabendo que houve nelas um festival de gols que o tricolor verdadeiro (os outros são cópias mal ajambradas) perdeu. Talvez seja a síndrome do garimpeiro que também ocorreu com o Fluminense que não acertou o caminho do gol e só restou lamentar ao final.

Inté outro dia, se Deus quiser.

 

Lúcio Albuquerque

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