Quarta-feira, 24 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Luciana Oliveira

Jair Bolsonaro desautoriza operação em andamento do Ibama contra madeira ilegal em RO


Jair Bolsonaro desautoriza operação em andamento do Ibama contra madeira ilegal em RO - Gente de Opinião

Em vídeo, presidente diz que maquinário não deve ser destruído por agentes

Fabiano Maisonnave - MANAUS

Em vídeo que circula nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro desautorizou uma operação em andamento do Ibama contra roubo de madeira dentro da Floresta Nacional (Flona) do Jamari, em Rondônia.

A gravação, que viralizou neste sábado (13), foi feita pelo senador Marcos Rogério (DEM-RO), aparentemente na véspera, durante viagem a Macapá (AP). Ao lado de Bolsonaro, ele afirma que “o pessoal do meio ambiente, do Ibama” está “queimando caminhões, tratores” nos municípios de Cujubim, onde fica a Flona do Jamari, e de Espigão d`Oeste.

“Ontem, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, me veio falar comigo com essa informação. Ele já mandou abrir um processo administrativo para a apurar o responsável disso aí. Não é pra queimar nada, maquinário, trator, seja o que for, não é esse procedimento, não é essa a nossa orientação”, diz o presidente em seguida.

A Folha apurou que, desde a semana passada, agentes do Ibama queimaram caminhões e tratores dentro da Flona do Jamari. A decisão de destruir o veículo foi tomada devido às más condições dos veículos e à localização remota. A avaliação foi de que haveria riscos para a segurança dos agentes, dos policiais e dos próprios criminosos.

Ao contrário do que afirmam Bolsonaro e o senador Rogério, a legislação permite a destruição de equipamentos e veículos apreendidos durante fiscalização ambiental, por meio do artigo 111 do decreto 6.514, de 2008.

“Os (…) instrumentos utilizados na prática da infração poderão ser destruídos ou inutilizados quando:a medida for necessária para evitar o seu uso e aproveitamento indevidos nas situações em que o transporte e a guarda forem inviáveis em face das circunstâncias; ou possam expor o meio ambiente a riscos significativos ou comprometer a segurança da população e dos agentes públicos envolvidos na fiscalização”, diz o artigo.

A destruição de equipamentos apreendidos só ocorre em cerca de 2% das operações do Ibama. Geralmente, o recurso é utilizado em áreas protegidas da Amazônia, onde não há logística disponível para a retirada do material apreendido —o transporte de um escavadeira de um garimpo ilegal, por exemplo, pode levar algumas semanas.

Nenhum proprietário de equipamento destruído entrou na Justiça contra o Ibama desde que o órgão ambiental passou a destruir equipamentos de madeireiros, garimpeiros e outros infratores ambientais, há dez anos.

Curiosamente, Bolsonaro assinou na quinta-feira (11) o decreto 9.760, que modificou o decreto 6.514 para incluir mudanças, como a conciliação de multas ambientais, mas não alterou no artigo 111. A minuta do decreto foi preparada pelo Ministério do Meio Ambiente.

TEMOR

As novas críticas de Bolsonaro contra a operação em Rondônia causaram temor de que possam incentivar ataques de infratores ambientais contra servidores do Ibama, que ainda está em campo em Cujubim.

Ataques contra o Ibama e o ICMBio ocorrem há anos na Amazônia, mas ganharam força desde a eleição de Bolsonaro, um feroz crítico de ambos os órgãos ambientais, acusados por ele de promover uma “indústria da multa” contra produtores rurais e empresários. Somente em Rondônia, foram ao menos três casos no final do ano passado.

Em visita ao estado durante a campanha presidencial, o então candidato disse que o estado tem um excesso de unidades de conservação e terras indígenas. “Aqui em Rondônia são 53 unidades de conservação e 25 terras indígenas. É um absurdo o que se faz no Brasil, usando o nome ambiental”, disse Bolsonaro, em agosto.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoQuarta-feira, 24 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Amazônia das Palavras 3ª Edição acontece de 30 de abril a 17 de maio

Amazônia das Palavras 3ª Edição acontece de 30 de abril a 17 de maio

Uma programação voltada ao incentivo e fomento à leitura, ao livro e à educação foi preparada especialmente para o Amazônia das Palavras – Terceira Ed

CPT – RO completa 40 anos e elege nova coordenação

CPT – RO completa 40 anos e elege nova coordenação

Em Rondônia o CNPJ da Comissão Pastoral da Terra (CPT) nasceu há 40 anos, mas a missão profética e solidária nesta porção da Amazônia começou bem ante

O julgamento do acusado de matar Ari Uru Eu Wau Wau será dia 15 de abril

O julgamento do acusado de matar Ari Uru Eu Wau Wau será dia 15 de abril

É um evento marcante no Abril Indígena e especialmente para o povo Jupaú que perdeu uma liderança na véspera da data comemorativa dos Povos Indígenas

A coleta seletiva em Porto Velho com o pior saneamento básico

A coleta seletiva em Porto Velho com o pior saneamento básico

Porto Velho é a pior de 100 cidades avaliadas no ranking de saneamento básico, divulgado pelo Instituto Trata Brasil.Menos de 10% da população tem ac

Gente de Opinião Quarta-feira, 24 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)