Terça-feira, 27 de novembro de 2018 - 10h15
Viveremos, agora, um
sentimento de exílio dentro do próprio país. É diferente da ditadura, pois ali
o inimigo era evidente, plano e autoexplicativo.
Mais que Bolsonaro-Moro, o inimigo hoje é o
bolsonarismo, esse sentimento de ódio e de vingança que atingiu todas as
classes sociais da Bahia para baixo.
Seremos exilados dentro da nossa própria
pátria, num sentimento de desterro que extrapola o medo da violência do Estado
– a violência está dentro das pessoas desta vez.
Será preciso muita arte, muita música, muita
cultura, muita ciência, muita coragem para atravessarmos essa travessia do
medo.
Mas, como tudo neste mundo, se fizermos a nossa
parte, se produzirmos as nossas pílulas de civilização clandestina, o
reencontro soberano vai acontecer.
Eu faço questão de dizer sempre: pessoas de
caráter crescem na adversidade. Façamos jus ao enunciado.
Eu continuo sem medo e com um sorriso imenso
pela vitória moral de sempre.
Também celebro os amigos que fiz nessa jornada
difícil. Agregar-se em torno de uma causa é um processo virtuoso, que emana
poder de mobilização e reflexão. A força espiritual e política que daqui brota
é avassaladora – e digo isso sem nenhum receio de errar.
A resposta a tudo isso está em curso. Somos
história. O fascismo está do outro lado e ali a vergonha será tanta que nem
amizades eles terão para comemorar.
Viverão escondidos, denegando as próprias
existências e identidades, auto apartados do mundo da civilização.
Não fico feliz com isso, pelo contrário. Tenho
pena, comiseração.
Celebro a minha vida, as minhas escolhas que me
custaram e custam muito e que, por isso mesmo, são mais saboreadas que a
simples deriva social impregnada de convenções e aparências.
O momento é para crescer internamente. Vamos
aceitar o fato de que somos uma geração decisiva para o nosso país e que vamos
recobrar a nossa democracia com amor, firmeza e autoestima.
Se Haddad vencesse, o desafio seria o mesmo,
porque o bolsonarismo estaria vivo.
Que aceitemos esse desafio. O país é do povo,
não de um grupo de odiadores desgarrados.
https://www.brasil247.com/pt/colunistas/gustavoconde/374295/A-sensa%C3%A7%C3%A3o-%C3%A9-de-ex%C3%ADlio-dentro-do-pr%C3%B3prio-pa%C3%ADs.htm
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