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Leo Ladeia

Lava Jato – o legado


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Há algum tempo o que eu mais queria é que o saldo da Lava Jato fosse financeiro. Sabia como alias sabe qualquer brasileiro medianamente informado que nossa corrupção é endêmica. Sabia como, aliás, sabe qualquer brasileiro e até mesmo o mais desinformado que as eleições são um jogo de cartas marcadas, eivado de fraudes, onde a única coisa que importa é que tudo seja feito dentro das regras ditadas pelo Tribunal eleitoral – mutáveis a cada 2 anos – e que as urnas eletrônicas revelem o resultado em tempo recorde. Sobre o resto, relativize.

Financiamento público, particular, individual, oficial, permutável, doação de material para campanhas, caixa dois, combustível, permutas de todo tipo, pagamento de marqueteiro, cabos eleitorais, veículos, aviões, helicópteros, etc., tudo tem que ser feito com uma assessoria paga a peso de ouro e de gente de confiança com tesoureiro, advogado e contador e que ao final da campanha “fecharão as contas” que serão enviadas para quem de direito, em forma de relatório, com até os centavos batendo com valores “oficiais” lançados, etc., etc., tererê e coisa e lousa.

Vale não olvidar que existem prazos para fazer tudo isso, independente de que o cristão tenha logrado ou não vencer o pleito. E que é importante que a fiscalização - normalmente exercida pelos adversários - não descubra nada de errado durante a campanha. Não que isso seja vital, mas é uma dor de cabeça ter de encarar um pedido de impugnação eleitoral. Entretanto, como o tempo de julgamento de uma ação de investigação por fraude eleitoral costuma demorar muito e caso o cristão tenha estofo financeiro para encetar recursos protelatórios, a possibilidade de ser afastado do sonho de consumo do mandato ficará bastante reduzido.Gente de Opinião

Mas voltando à Lava Jato, sinto que bem mais que a devolução do dinheiro pelos ratos que roubaram o erário – parte já está voltando e num volume maior que o esperado e continuará acontecendo – o novo, o que chegou para ficar, é a consciência, por ora ainda muito restrita ao grupo que faz a investigação da PF, MPF e da Justiça Federal sobre o tamanho do trabalho da Lava Jato, o que ela é e poderá ser. Tanto que é irrelevante saber o nome do mais famoso ou mais poderoso político que irá ser chamado para um encontro com a justiça. E sabemos que muitos – e muitas, como gostam alguns e algumas – irão.

Em poucos dias a presidente da república deixou as funções afastada por um processo de impeachment, o vice entrou em seu lugar e vê a equipe de auxiliares que montou para lhe dar suporte se desfazer com a saída quase semanal de ministros pilhados em atos de corrupção e a única coisa real, palpável, ousada, republicana e com forte apoio popular é a operação Lava Jato.

Os próximos lances da Lava Jato devem revelar mais trechos de delações premiadas com envolvimento de autoridades, queda de ministros – apenas ministros no melhor dos mundos – e mais parlamentares das duas casas.

O ministro Chefe da Casa Civil Eliseu Padilha disse "ter certeza que as autoridades da Lava Jato saberão o momento de pensar em concluir". A resposta do procurador do MPF, Dalton Dallagnol, foi quase que imediata: “As investigações são muito dinâmicas. Quando elas se expandem, não dá para colocar um marco. (...)O grande esquema da Petrobras não é isolado. Não há razão para só existir na Petrobras.”.

Não dá mais para segurar. É este o legado.  

N.B. Investigadores da Lava Jato acabam de passar pela porta giratória da Caixa Econômica Federal.

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