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João Paulo Viana

Uma eleição para a história de Porto Velho


Por João Paulo S. L. Viana            

A eleição municipal de 2012 entra para a história de Porto Velho como a mais concorrida dos últimos vinte anos. Não obstante a alta competitividade eleitoral, o momento atual que a cidade vive demonstra o caráter histórico do pleito. Com aproximadamente meio milhão de habitantes, Porto Velho respira hoje ares de metrópole, resultado direto da construção do complexo de usinas do Madeira.

O crescimento econômico e populacional dos últimos cinco anos acarretou em gravíssimos problemas de infraestrutura, além da situação precária da saúde e educação municipal e os altos índices de violência. Após oito anos de governo petista, a população mostrou-se insatisfeita com os rumos da atual administração.

O resultado da última pesquisa IBOPE, ainda que tenha comprovado a colocação da maioria dos candidatos, equivocou-se enormemente nos índices que separavam o primeiro colocado, Lindomar Garçom, dos demais. Dotado de enorme carisma, Garçom possui altíssima popularidade nas áreas periféricas da cidade. Entretanto, tem dificuldades de chegar ao eleitorado de classe média. Nesse segundo turno, precisa concentrar seus esforços nesse sentido, do contrário não sairá vitorioso.

Segundo colocado, Mauro Nazif conseguiu manter o ritmo da campanha e, contrariando as expectativas de muitos, chega ao segundo turno mais vivo do que nunca. Há mais de vinte anos na vida pública e considerado um dos melhores deputados do país pela Câmara dos Deputados, Nazif tem um passado de lutas políticas em prol do servidor público. Sem dúvida, a batalha do segundo turno promete.

Terceira colocada, Mariana Carvalho já pode se considerar a grande vencedora da eleição. A jovem vereadora, que desempenhou praticamente sozinha oposição ao atual prefeito na Câmara, ganhou o apoio do tucanato nacional e o respeito e a confiança de parcela significativa dos eleitores de Porto Velho. Seu apoio no segundo turno será de vital importância para o resultado final.

Seguido de Mariana, Mario Português, neófito na arena eleitoral, fez uma campanha dotada de altos recursos financeiros. O candidato do senador Ivo Cassol, apostou no sucesso de sua vida privada como empresário, a ideia do self-made man, tentando desvincular sua imagem dos políticos tradicionais. Em curva ascendente no último mês do pleito, a meu ver perdeu pontos significativos do debate da TV Candelária, o que foi decisivo para, no momento final, não conseguir os votos necessários ao segundo turno. Como Mariana, Fátima Cleide e Aloisio, Português terá seu apoio procurado por Garçom e Mauro.

A ex-senadora Fátima Cleide, que disputava um lugar no segundo turno até a última semana, ainda que, como frisou o jornalista Alan Alex, não tenha nada que a desabone, foi prejudicada diretamente pelo desgaste da atual administração, bem como pelo julgamento do mensalão que influenciou no desempenho petista nas eleições 2012. Esse ano, a militância petista não conseguiu alavancar sua força que ficou muito longe dos quase 60% de votos obtidos por Roberto Sobrinho em sua reeleição em 2008, demonstrando como o seu primeiro governo foi bem avaliado pelos portovelhenses.

Em sexto colocado, com um bom desempenho eleitoral, Aloisio Vidal, do ideológico PSOL, pode ser considerado, ao lado de Mariana, outro grande vencedor. Erudito, com grande eloquência, Aloisio foi disparado o vencedor do debate da TV Candelária. Com uma campanha limpa, apresentando ideias, o pastor e psicólogo socialista conseguiu ganhar setores importantes da classe média. Entretanto, o PSOL, se quiser consolidar-se como uma alternativa de poder, precisa deixar sua condição de partido extraparlamentar, buscando torna-se competitivo eleitoralmente.

Nesse contexto altamente fragmentado, no qual o primeiro colocado não possui ¼ dos votos, as alianças serão decisivas em novo momento da campanha. Sendo assim, o segundo turno é vital para os rumos do processo democrático portovelhense. A hora é de aumentar o nível do debate, apresentar ideias e projetos que possam construir uma cidade melhor para todos. Num quadro imprevisível, como foi o primeiro turno, o que podemos afirmar é que em eleição e mineração, só depois da apuração.

João Paulo S. L. Viana é cientista político, professor da FARO, FCR (Católica) e                        UNIRON.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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