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Gente de Opinião

Luka Ribeiro

ÁRVORE DE NATAL FORA DE TEMPO


Felipe Azzi

 

            O baile dos “UNIDOS DE GUAJARÁ” fervia de carnavalescos a todo vapor, em plena sexta-feira gorda do Carnaval de 1930. Havia fantasias muito pitorescas. Foliões esbaldando alegria: eram CAVALEIROS DA TÁVOLA REDONDA, EL-CID el CAMPEADOR, ODALISCAS ORIENTAIS, PRINCESAS DA CÔRTE e até mesmo um GRANADEIRO IMPERIAL que era a fantasia do anão “JONJOCA MEIO-QUILO”. Visto de relance, o nanico encaixado em peças de papelão cinzento parecia um saltitante filhote de rinoceronte.

            Mas o destaque da festa era, sem dúvida, Airosa Pirajuí Feijó, que veio vestida de IMPERATRIZ ORIENTAL, ostentando arranjos de cores vivas e transparentes, brilhos dourados e prateados, além de conduzir na cabeça uma coroa de três andares, à moda de deusa indiana.

            Certo folião, ao passar por Airosa, disse-lhe:

            – Muito bonita essa sua árvore de Natal!

            Airosa nem se recuperou da afronta: chamou o marido, o amanuense Eufrates Jaborandi Feijó, nestes termos:

            – Feijó... Aquele BRUCUTU ali adiante, fantasiado de HOMEM DAS CAVERNAS, chamou a minha fantasia de árvore de Natal... Vai tomar satisfação com ele, Feijó!... Diga-lhe quanto gastei nesta fantasia... Mostra as notas pra ele!

            Feijó, dentro dos conformes avaliativos, como compete a qualquer escrivão cartorário, procurava mensurar o prejuízo de tal empreitada, pois o dito BRUCUTU mais parecia uma jamanta humana que, de tão grande, não dançava; balançava, ora para a direita, ora para a esquerda. A visão de Feijó não o enganava: à sua frente, em giro pelo salão, ia um guarda-roupa industrial. Mas Airosa não deu desconto e, exigindo:

            – Vai, Feijó, toma uma atitude, pede satisfação desse descarado, Feijó!

            E, empurrando o amanuense na rota do brutamontes, o povo deu passagem. Após o choque, Feijó voltou convencido. Com o nariz quebrado, respirando pelas orelhas e deitado numa padiola, foi direto para o hospital.

            A sexta-feira gorda ficou magra para Feijó, na esteira de gazes e esparadrapos, além dos calomelanos ministrados na sua pessoa, que são sanadores especiais para recompor avarias da derme e epiderme  de acidentados esporádicos.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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