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Antônio de Almeida

CHEIA DO RIO MADEIRA: O PORQUÊ DA MORTANDADE DE PEIXE


                                                    

CHEIA DO RIO MADEIRA: O PORQUÊ DA MORTANDADE DE PEIXE  - Gente de Opinião

Foto: Ricardo Peres

█ Não dispomos até a presente data de nenhuma informação científica concreta sobre a realização de algum diagnóstico ambiental que possa esclarecer tecnicamente as verdadeiras causas da mortandade de peixe  no rio Madeira, neste período em que ocorre a maior cheia histórica de todos os tempos do maior afluente do rio Amazonas, de sua margem direita, exceto os conhecimento limnológicos adquiridos ao longo do tempo.

█ Compete ao IBAMA e a SEDAM-RO — e até mesmo ao Ministério da Pesca e Aquicultura – MPA, fazerem, conjuntamente, a coleta de exemplares mortos, especialmente entre as áreas do reservatório formado entre as duas hidrelétricas (no lago entre as duas hidrelétricas) a fim de se diagnosticar cientificamente as verdadeiras causas ou agentes tóxicos que levaram a ocorrer este fenômeno ambiental com o nome de mortandade de peixes, neste período de cheia do rio Madeira.

█ As espécies reofílicas, conhecidas na ictiofauna do rio Madeira como as principais espécies de peixes anádromos, (espécies de peixes que migram sempre contra a correnteza, rio a cima) e são conhecidas como peixes de escama migradores, tendo como representantes e, em maior volume, a curimatã (Prochilodus spp.) e o jaraqui (Semaprochilodus insgnis), coincidentemente,  os mais vulneráveis e os que mais são encontrados nas principais mortandades de peixes nos rios da Amazônia.

█  As águas da região amazônica têm em média uma temperatura em torno de 29° C e em certos períodos do ano ocorre um fenômeno conhecido na limnologia (ciência que estuda as águas de lagos) com o nome popular de friagem. Neste período em que a chia do rio Madeira começa a ter uma abrupta vazante — em dois dias já teve uma diminuição de volume em torno de 90 cm —, e a temperatura ambiente começa a influenciar na temperatura da água, em decorrência de uma frente fria proveniente do sul pais, e a tendência normal é que ocorra uma grande inversão térmica na água dos principais lagos da região e remova os gases tóxicos que estão depositados no fundo das coleções de água e ocasione a inversão de camadas de água e a intoxicação e posterior morte de algumas espécies de peixes mais sensíveis a estes gases, tais como: H2S (gás sulfídrico), CH4(gás etano), C2H6(gás metano), C3H8(gás propano), NH3(amônia), dentre outros.

█ Por que ocorre a inversão térmica no meio ambiente e a inevitável mortandade de determinadas espécies de peixes?
 

Resposta: Com a queda da temperatura ambiente, em decorrência do período da friagem que quase sempre surgem no estado de Rondônia nos meses de abril, maio e junho e, muito  raramente em julho e agosto, a água superficial dos lagos e dos rios fica mais fria e passa a ter uma densidade maior do que a água mais quente e a tendência natural é que esta se precipite para o fundo da coleção de água. A água fica mais pesada e vai se depositar no fundo do rio ou do lago. Em cumprimento a lei de Antoine de Lavoisier: dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço, a água quente que estava no interior e no fundo do ambiente se torna menos densa (mais leve) e a água fria da superfície se torna mais densa (mais pesada) e nesta ocasião ocorre uma troca de camadas (uma inversão térmica) e os gases tóxicos que estavam depositados no fundo da coleção de água, no rio ou no lago, ficam diluídos em todo o meio ambiente e intoxicam e se tornam responsáveis diretos pela mortandade dos peixes.
 

CONTRAPONTO

Quando Michel de Nostradamus realizava aquelas famosas previsões e quase sempre atingia o alvo — e ainda se dava ao luxo em escrevê-las no formato de Centúrias — quando a margem de acertos se aproximara de 100%, todos o endeusaram e o consagraram como o homem que via o futuro.  Hoje, mais do que antes, se sabe muito bem que todas aquelas previsões tiveram como ferramentas principais seus múltiplos conhecimentos sobre Matemática, Física, Química, Astronomia, Medicina, Astrologia e outros conhecimentos e muito tempo disponível, dedicação profissional, obstinação para pesquisar e concluir suas pesquisas. No mesmo escopo, não é preciso se tronar um mago de previsões para se diagnosticar — para se saber por que os peixes do rio Madeira morrem em período de cheia e em épocas em que ocorre a tradicional friagem: os fenômenos físico-químicos por si só fazem o diagnóstico e mostram os resultados, sem ser preciso se recorrer ao achismooooooooooo, como muito gostariam em afirmar.

E-mail: [email protected]

Celular: (69) 8111-9492 e (69) 9919-8610

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Antônio de Almeida Sobrinho é graduado em Engenharia de Pesca, com Pós-Graduação em Tecnologia do Pescado pela FAO/UFRPE, com Pós-Graduação em Análise Ambiental na Amazônia Brasileira, Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente e Conselheiro Administrativo do Sistema SESCOOP/OCB-

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