Terça-feira, 29 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Carlos Sperança

Os vereadores de Porto Velho estão divididos entre a lealdade a Hildon Chaves e as promessas do Léo Moraes


Os vereadores de Porto Velho estão divididos entre a lealdade a Hildon Chaves e as promessas do Léo Moraes - Gente de Opinião

O dono da foice

O Brasil vive a transição envergonhada do presidencialismo xucro dos anos 1930 a 1980 para uma versão parlamentarista mitigada – o semipresidencialismo. O antigo presidencialismo, que Jair Bolsonaro tentou reencarnar sem sucesso e em seu terceiro mandato o presidente Lula da Silva também não consegue retomar, era caracterizado pelo imenso poder pessoal do presidente, simultaneamente chefe da Nação, do Estado, das Forças Armadas e dos partidos que o sustentavam, completado pelo Judiciário acovardado diante de tamanho poder.

Com o semipresidencialismo minando o poder presidencial, em uma desesperada tentativa de resgatar o período em que reinava com aprovação próxima dos 90%, o presidente nomeou a ministra Gleisi Hoffmann para negociar a transição na base da sabedoria mineira – nem tão rápida que pareça medo, nem tão devagar que pareça confronto. Por isso a ministra, em seu primeiro pronunciamento dirigido ao Congresso, chamou o deputado Hugo Motta, chefe da Câmara Federal, de “meu presidente”.

No período entre 2019 e 2022, toda vez que disparava o desmatamento na Amazônia se dizia que era a devastação do Bolsonaro. Hoje se diz que é o desmatamento do Lula. São menções imprecisas: nem Bolsonaro nem Lula mandaram desmatar. O desmatamento é um desafio e contê-lo é um dever do Estado, não um item personalizável do tipo caneca do vovô.

....................................................................................................

Casa dividida

Como já se sabia, os vereadores de Porto Velho estão divididos entre a lealdade ao ex-prefeito Hildon Chaves e as promessas do novo prefeito Leo Moraes. Foi o que se constatou com a rejeição do projeto do atual prefeito para extinguir o contrato com a Marquise Ambiental, que administra a coleta do lixo na capital desde a primeira administração do então prefeito Chiquilito Erse no anos 90. Todos os 23 vereadores foram eleitos na aliança da candidata Mariana Carvalho com o prefeito tucano Hildão. Já era para Leo ter desconfiado que não está pastoreando suas ovelhas. O pastor é outro.

Leo de joelhos

A grande verdade é que os vereadores querem o prefeito Leo Moraes de joelhos, como já foi feito com prefeitos anteriores e os que se rebelaram foram ameaçados de cassação, casos de Mauro Nazif (PSB) e Hildon Chaves (PSDB). Moraes vai precisar de muita habilidade para administrar aquele serpentário legislativo. Os repteis tem fome de sucuri para benesses, desde a indicação de cargos comissionados a criação de comércios, de agulha a avião para a municipalidade através de compadres, aliados políticos e familiares. Vamos ver como é que as melancias vão se ajeitar neste caminhão político doravante.

Barbas de molho

Quando até o líder do prefeito n Câmara de Vereadores vota contrário a um projeto de autoria do Poder Executivo, é porque a coisa está feia. Não se fazem mais líderes do Executivo, como antigamente, quando a liderança do prefeito brigava, se escabelava e urrava em favor do seu chefe. Hoje não, as lideranças agem de acordo com seus interesses e mensalinhos. Que o prefeito Leo Moraes fique desde já de barbas de molho com relação aos vereadores. Só um vereador votou favorável no projeto referente a extinção do contrato com a Marquise e um outro, ficou em cima do muro, se abstendo. Trocando em miúdos: Leo tem de confiança um vereador e meio na Câmara Municipal.

Sem ressentimentos?

Aparentemente o ex-prefeito Hildon Chaves (PSDB) ainda não se manifestou sobe a campanha desencadeada pela atual administração de Porto Velho para desmoralizar seu legado. Até recomendou a sua esposa, a deputada estadual Ieda Chaves a apresentar emendas destinando recursos para a nova administração. O ideal seria um arrefecimento entre as diferenças entre o ex-prefeito e o atual e deixar o pau cantar apenas nas proximidades das campanhas eleitorais. Todo mundo ganharia com isto, principalmente a população. Mesmo porque se Hildão mexer os pauzinhos com os vereadores, Leo Lion terá problemas nesta gestão. Já teve o primeiro.

Anistia em pauta

A oposição conservadora no Congresso Nacional busca através de negociações acelerar a pauta da amista aos vândalos de 8 de janeiro e ao ex-presidente Jair Bolsonaro pela tentativa de golpe de estado. Os partidos a direita que não aderir a revogação das penalidades aos infratores que depredaram o Congresso Nacional, os tribunais e o Planalto, serão considerados traidores da causa bolsonarista. O PL, que lidera a causa do ex-presidente para que ele fature a elegibilidade, conta com mais manifestações nas ruas em favor do ex-presidente, assim que a questão entre em debate na Câmara dos Deputados e Senado.

As manifestações

Antigamente petistas e bolsonaristas lotavam as plateias de manifestações convocadas. O que se vê, desde as manifestações nos quartéis pelos bolsonaristas, é que os manifestantes só aparecem com marmitex e transportes pagos. Em Porto Velho tinha até churrasco. Nos casos de petistas, os sem-terra só aparecem nas tendas das invasões, com diária paga, café da manhã e almoço e a noite voltam em seus carros para a cidade dormir confortavelmente em suas camas. Manifestações naturais estão ficando cada vez mais difíceis e esvaziadas. Os políticos, sejam à esquerda ou da direita, tem que bancar as coisas em virtude da drástica redução de manifestantes.

Via Direta

*** O ambiente em algumas localidades ribeirinhas de Porto Velho já é semelhante ao desastre natural com a cheia de 2014. Os colonos perdendo as plantações de macaxeira, banana e animais de criação, como porcos e galinhas *** Uma situação que vai agravar ainda mais as condições de vida as margens do Rio Madeira, aparentemente muito assoreado *** O empresário Acir Gurgacz revelou durante cerimônia do voto de louvor a Eucatur, na última segunda-feira, na ALERO, que a empresa vai demorar uns 10 anos para se recuperar  economicamente das consequências da pandemia da covid *** Entre tantos atoleiros enfrentados pela empresa nos últimos 40 anos, a covid foi o mais devastador, considerou o ex-senador.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoTerça-feira, 29 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Léo Moraes tem desafios importantes pela frente, os vereadores estão famintos por secretarias

Léo Moraes tem desafios importantes pela frente, os vereadores estão famintos por secretarias

Preço e saborO apreciado escritor Roger Stankewski, guru dos melhores empresários brasileiros, cunhou a fórmula do melhor vendedor do mundo: “O clie

Pelo menos cinco governadores estão se preparando para a disputa presidencial em 2026

Pelo menos cinco governadores estão se preparando para a disputa presidencial em 2026

Prato de comidaA devastação das terras indígenas sempre foi um espinho cravado na consciência nacional. Os massacres de índios ao longo da história

Mesmo com tantas medidas protetivas continua explodindo em todo o país casos de feminicídios

Mesmo com tantas medidas protetivas continua explodindo em todo o país casos de feminicídios

O nome certoA palavra “revolução” tem sido usada sem muito critério. O golpe de Estado de 1964 foi assim considerado, até se desmoralizar por mau us

O presidente estadual do MDB Lucio Mosquini está sendo cobrado para deixar o partido

O presidente estadual do MDB Lucio Mosquini está sendo cobrado para deixar o partido

Olho na águaNinguém imagina que os pinguins das águas frias do Sul possam um dia se extinguir, apesar das notícias frequentes sobre mortes de seus b

Gente de Opinião Terça-feira, 29 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)