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Carlos Sperança

Magias da crise + Cenário nublado + Uma novela de Bolsonaro + Eleições 2022


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Magias da crise

Há coisas que aparecem muito quando há crises: profetas oferecendo salvação, discos voadores, remédios falsamente milagrosos e parlamentarismo. Pedro II o instaurou em 1847, quando tinha 21 anos. Passou a juventude vendo crises políticas entre liberais e conservadores sobre a forma de governar e pôs fim à pendenga criando o parlamentarismo ao seu jeito.

Na República, que deu ao presidencialismo poderes quase divinos, para evitar a ditadura o Brasil readotou o sistema em 1961. Vítima da cultura presidencialista arraigada na eras Vargas e militar, o sistema perdeu dois plebiscitos (1963 e 1993). O ex-presidente Michel Temer lançou a proposta de semipresidencialismo, que a eleição de 2018 pôs na geladeira. Mas a piora da crise, a pandemia, a desmoralização internacional e a dificuldade para obter consensos federal levaram o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, a enfiá-la no micro-ondas.

Enquanto a saída não aparece, além dos discos-voadores e do semipresidencialismo há outra proposta em teste: ignorar o governo. Os estados da Amazônia Legal saindo atrás de investimentos sem a intermediação de Brasília seguem a gestora Storebrand Asset Management, que teria fundos ao redor de US$ 3,7 trilhões para “salvar” a Amazônia mas não se entendeu com o governo. Se a fórmula “Mais dinheiro e menos Brasília” funcionar será o fim da política tal como a conhecemos.

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Cenário nublado

Pense num cenário político nublado onde só pode ser contabilizado até agora o projeto de reeleição do atual governador Marcos Rocha e mesmo assim sem partido já que está no aguardo da escolha do presidente Jair Bolsonaro, de quem é tutelado. As demais candidaturas são apenas cogitadas já que dependem de definições nacionais ou de catimbas de macacos velhos como dos ex-governadores Ivo Cassol e Confúcio Moura. No PSDB também o bicho pegou, porque o Diretório Nacional quer candidatura própria ao governo de Rondônia, contrariando a aliança alinhada do partido com o DEM de Marcos Rogério.

Uma novela

A busca de uma legenda para disputar a reeleição virou uma novela na trajetória do presidente Jair Bolsonaro, desde que deixou o PSL, onde tentou se adonar da sigla. Perdendo a peleja no Diretório Nacional do PSL, ele tentou organizar seu próprio partido, o Aliança do Brasil, numa tentativa infrutífera. Também resultou em fracasso seu ingresso no Patriotas e sondagens no Republicanos da Igreja Universal. O PP é uma nova tentativa, no entanto uma legenda pouco confiável para ser dominada, já que se trata da sigla expoente do famigerado Centrão.

Na história

Nas eleições de 1982, a primeira depois da criação do estado em 1981, só dois partidos elegeram os 24 deputados estaduais de Rondônia. O PDS, com apoio do então govenador Jorge Teixeira, com elevada popularidade, emplacou 15 deputados estaduais contra 9 do MDB, liderado pelo mandachuva do partido na época o deputado federal Jerônimo Santana. O mais votado do PDS foi José Bianco (Ji-Paraná), que se tornou depois presidente da Assembleia Legislativa. Do MDB, o mais votado foi Tomás Correia (Porto Velho), que anos depois seria eleito vice-prefeito e prefeito de Porto Velho.

Curiosidade

Uma das maiores curiosidades das eleições em Rondônia ocorreu no pleito de 1982. Eleito na contagem de votos, então manualmente, no voto impresso, o empresário Joaquim Azevedo (MDB-Cacoal) viajou par São Paulo para comemorar a façanha, dormiu deputado e amanheceu suplente. Numa recontagem, o vilhenense Ângelo Angelim, que anos mais tarde seria governador de Rondônia, abiscoitou a vaga. Azevedo ficou perplexo, quase morreu do coração. Cacoal perderia uma cadeira, Vilhena conquistaria mais uma naquela época.

Eleições 2022

Nas eleições de 2022, 33 partidos estão legalmente organizados para disputar as 24 cadeiras a Assembleia Legislativa do estado, as oito cadeiras que Rondônia tem direito na Câmara dos Deputados e uma cadeira no Senado. O MDB, mesmo sendo um partido que protagoniza sucessivos escândalos é a legenda mais bem estruturada no estado e favorita para eleger a maior bancada, em vista da presença de tantas lideranças, como ex-deputados e ex-prefeitos. É nesta estrutura que o senador Confúcio Moura confia para conquistar mais um mandato no Palácio Rio Madeira/CPA e onde Valdir Raupp acredita no seu retorno ao Senado.

Via Direta

*** O presidente estadual do MDB, o deputado federal Lucio Mosquini definiu seu projeto político na busca pela reeleição, para um terceiro mandato *** Com quase todos os membros do seu clã enrascados com a justiça eleitoral, a dinastia Amorim vai perdendo força em Ariquemes e Vale do Jamari *** O novo macho alfa da região, é o deputado estadual Alex Redano,  presidente da Assembleia Legislativa que elegeu sua esposa Carla Redano a prefeitura de Ariquemes e que apoia o ex-prefeito Thiago Flores a deputado federal *** Já no quarto mandato e sempre elegendo prefeitos nas regiões do Cone Sul rondoniense e Médio Guaporé, o deputado estadual Luizinho Goebel vai ter em 2022 uma nova refrega com o clã Donadom *** Ele vai apoiar a federal Evandro Padovani, o clã Donadon  o ex-deputado Natan.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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