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Carlos Sperança

A BR-319 parece um moribundo à espera de transfusões e operações em todos os órgãos


A BR-319 parece um moribundo à espera de transfusões e operações em todos os órgãos - Gente de Opinião

O tempo não para

A BR-319, que liga Porto Velho a Manaus, é uma das principais estradas do país. Mais que por sua extensão – seus quase 900 quilômetros ficam muito aquém dos 4,6 mil km da BR-116 –, cortar uma das porções mais valiosas do planeta faz dela alvo de interesse, necessidade e preocupação dos mais diferentes atores.

A Câmara Federal, ao aprovar projeto de lei que considera a BR-319 como infraestrutura crítica, proposta do deputado Maurício Carvalho (RO) e outros 14 parlamentares, permitirá o uso de recursos do Fundo Amazônia para promover o reasfaltamento caso também passe no Senado e vire lei.

Sem eufemismos, a situação da rodovia é uma bofetada na face da nação. Mostra com toda crueza a incapacidade do Estado brasileiro de fazer a adequada conservação de suas vias de comunicação. Mais, revela que o país trata a infraestrutura como se fosse um brinquedo usado alegre e descuidadamente para ser posto de lado quando enguiça ou quebra.

O presidente Washinton Luís dizia que “governar é abrir estradas”, mas vai além disso: tão importante quanto abri-las é providenciar os meios para seu reparo e conservação. Depois que quebrado o brinquedo em uma infinidade de pedaços, a BR-319 parece um moribundo à espera de transfusões e operações em todos os órgãos. Quem a reconstruir terá o direito de dizer, na reinauguração: “Governar é enfrentar os problemas e resolvê-los”.

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Sem oposição

Constato que o governador Marcos Rocha (União Brasil) e o prefeito de Porto Velho Hildon Chaves (PSDB) administram sem oposição. Além de construírem maioria absoluta nos parlamentos dos legislativos municipal e estadual, eles contam com a comodidade de tocar a vida sem opositores ferozes, como acontecia antigamente. Deputados e vereadores não fiscalizam, a imprensa esta domesticada e a oposição é mixuruca. O PT virou pó, nem lembra os tempos de Roberto Sobrinho, que aterrorizava prefeitos e governadores. Um quadro favorável para as gestões situacionistas nos âmbitos do Prédio do Relógio e do Centro Político e Administrativo.

Boa articulação

O cenário favorável para administrar de ambos mandatários também é fruto de boas articulações nas esferas dos legislativos estadual e municipal. E mesmo enfrentando uma pandemia que deixou grandes estados e suas capitais no chão, Marcos Rocha e Hildon Chaves não deixaram de pagar o funcionalismo em dia e honrar os compromissos com os fornecedores. Não é pouco numa capital e num estado, que apesar do crescente agronegócio, ainda é muito dependente da economia do contracheque. Por último, numa cidade tradicionalmente tão dividida politicamente, administrar sem solavancos é uma dádiva misturada com pitadas de eficiência.

O pau cantava

Que os jovens aldeões rondonienses, apreciadores do Rock, do Gospel, ou do gênero sertanejo universitário, não pensem que sempre foi assim tão calmo. O próprio governador Jorge Teixeira, considerado nosso herói da transformação do território federal em estado, embora detentor de tanta popularidade, lembrado até hoje, comeu o pão que o diabo amassou com a oposição. Na falta de falhas, culpas ou responsabilidades, se inventava. Botaram (os opositores) na conta dele até o assassinato do defensor dos pobres e oprimidos, Agenor Martins de Carvalho, cuja elucidação do crime inocentou inteiramente a memória de Teixeirão.

Vida fácil

Os governadores, na verdade, nunca tiveram a vida fácil face ao divisionismo rondoniense. Os prefeitos até a década de 90, dependiam dos governadores para pagar o funcionalismo e tocar alguma obra. Não bastasse viver sob as chibatadas dos governadores, os alcaides ainda tinham sempre oposições raivosas. Tratando-se de governadores, cada troca dos grupos políticos se alternando no antigo Paço Presidente Vargas, o grupo perdedor sabotava quem assumia o comando com seus deputados federais e senadores. E a oposição fazia um fogaréu, seja do lado do PDS ou do MDB, ou de seus partidos sucedâneos. Inimigos políticos eram exilados para Costa Marques, na época considerado um desterro.

Uma nova imagem

Aos poucos Rondônia vai construindo uma nova imagem, depois de anos envolta em tantos escândalos políticos e administrativos Cidades como Porto Velho, Ariquemes, Ji-Paraná, Cacoal, Vilhena e Rolim de Moura, dão um belo tom de modernidade ao estado. O agronegócio floresce como nunca. Preocupante mesmo, neste estágio de desenvolvimento, como um contraponto, são os baixos indicativos de abastecimento de água e esgoto nos municípios, o crescimento insidioso do narcotráfico, a falta de fiscalização das empreiteiras que abandonam obras com os bolsos estufados.

Via Direta

*** Os anos vão passando e a inauguração das reformas da Estrada de Ferro Madeira Mamoré não acontece. Será que tem coisa enrolada por aí entre a empreiteira e as esferas federais? *** A fiscalização sanitária vai agir com mais rigor contra os supermercados e mercadinhos infratores em defesa dos pobres consumidores. Neste cenário se desconfia que tem gente vendendo carne abatida em matadouros clandestinos *** Finalmente o governo brasileiro solicitou ao Ministério da Justiça um plano efetivo para combater o tráfico nas fronteiras. Em Rondônia os cartéis já tomaram conta do pedaço *** Em Porto Velho centenas de jovens vivem da venda de papelotes de drogas, numa disputa.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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