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Pará lembra o líder camponês Luiz Lopes, morto há um ano


 

Pará lembra o líder camponês Luiz Lopes, morto há um ano - Gente de Opinião

 Lopes, um destemido, entregou a vida à defesa de famílias camponeses do Araguaia /DIVULGAÇÃO

 

EPAMINONDAS HENK
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BELÉM, Pará — Um dos mais corajosos e históricos camponeses do Araguaia foi assassinado há um ano, em 15 de junho, quando defendia famílias que ocupavam terras das fazendas Batente e Bradesco, no município de Conceição do Araguaia, no sul do estado, a 1.020 quilômetros de Belém. Mandantes do crime ainda estão impunes.

 

Lopes morreu quando se preparava para depor como testemunha contra representantes de fazendeiros que mataram o camponês “De Assis” na Fazenda Nazaré. Ao mesmo tempo, mobilizou famílias do acampamento Gabriel Pimenta para barrar as investidas de jagunços encarregados de corromper lideranças, para retirar as famílias da área.

 

Segundo a LCP, uma das maiores qualidades de Lopes foi “não se deixar levar pelo canto da sereia do oportunismo, que acomodou em repartições pú­blicas das gerências petistas ou corrompeu aber­tamente outras antigas lideranças camponesas da região”. “Ele também recusou a chantagem do falso ambientalismo, utilizada principalmente na região amazônica para garantir os interesses do imperia­lismo sobre as riquíssimas terras do Pará”, assinala a nota.

 

– O companheiro Luiz (assim o chamavam) encampou as consignas da Re­volução Agrária: tomar, cortar e entregar para os camponeses pobres sem terra, ou com pouca ter­ra, todas as terras do latifúndio! – lembra a Liga dos Camponeses Pobres (LCP) no Pará e Tocantins, numa nota na qual enaltece o trabalho de seu coordenador regional.

 
 

Onde atuou

 

Luiz Lopes reuniu antigos e novos camponeses do Araguaia e organizou em 2005 a coor­denação da LCP, cujas bandeiras abraçou, encorajando a luta das famílias que ocupavam terras nas fazendas Jacutinga, Talismã e Capivara (Área Revolucionária Gabriel Pimenta). Essas famílias travaram a luta pela Fazenda Forkilha, que mexeu na estrutura latifundiária no sul do Pará.

 

– Com a luta dele, as massas passaram a fazer com as próprias mãos no sul do Pará o que Lula e Ana Júlia prometeram e não cumpriram, e toma­ram dezenas de latifúndios! –  proclamou a LCP. O movimento critica “oportunistas do do PT, PCdoB e de outras laias”, atribuindo-lhes conluio com o latifúndio na repressão aos camponeses.

 

A LCP refere-se à denominada “Operação Paz no Campo”, no final de 2007, considerada a maior operação militar contra camponeses em luta pela terra no sul do Pará. “Foi a maior operação de guerra desencadeada na região desde o regime militar con­tra os combatentes do Araguaia, na década de 1970.

 

Na ocasião, Lopes denunciou torturas e o assassinato de 13 companheiros, em conseqüência da ocupação da Fazenda Forki­lha.

 

– Foi um período de condições muito difíceis — diz a nota.

 
 

Pará lembra o líder camponês Luiz Lopes, morto há um ano - Gente de Opinião
LCP organizou-se no sul do Pará e ali se fortaleceu a partir da “Operação paz no Campo”, considerada a pior repressão policial no campo, desde a Guerrilha do Araguaia



 

Cestas básicas

 

A LCP lamenta que, naquela ocasião, o líder do MST, João Pedro Stédile associou-se ao dirigente da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar, Pedro Alcân­tara da Fetraf, aos quais acusa de terem “traficado influên­cia no Incra, para vender lotes, expulsar cam­poneses de terras e distribuir cestas básicas”.
 

— Seguimos combatendo, companheiro Luiz Lo­pes! A cada encontro, reforçamos nosso juramento de dar a própria vida para honrar nos­sos mártires e conquistar a terra, o pão e uma Nova Democracia, aumentando a nossa confiança e decisão de seguirmos com as massas libertando as terras, destruindo o latifúndio, organizando as Assembléias do Poder Popular, nossa produção, as Escolas Populares, enfim, a gloriosa Revolu­ção Agrária! – acrescenta a LCP.

 

 

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