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Há 15 anos, resistência e massacre de Corumbiara


 

Há 15 anos, resistência e massacre de Corumbiara - Gente de Opinião
O massacre de Corumbiara ficou conhecido internacionalmente. Até hoje as famílias não foram indenizadas /ARQUIVO

 
 

EPAMINONDAS HENK
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VILHENA, Rondônia – Há 15 anos, ao amanhecer do dia nove de agosto, Corumbiara passou tristemente para a história dos massacres contra trabalhadores rurais brasileiros. Nessa data ocorreu o ataque da Polícia Militar de Rondônia contra os ocupantes de uma parte da Fazenda Santa (18 mil ha) Elina, naquele município a quilômetros da capital deste estado.

Nesta segunda-feira, organizações sociais e populares rondonienses promovem a celebração do que se denomina Resistência Camponesa da Fazenda Santa Elina. Foi um confronto entre a PM e as famílias de colonos.

Camponeses resistiram à expulsão com paus, foices e espingardas de caça. O massacre poderia ter sido maior. Ao amanhecer do dia nove de agosto de 1995 foram rendidos. Houve humilhações, torturas, golpes de porretes nas cabeças com motosserra, chutes no rosto, nas costas e abdômen, espancamentos generalizados e execuções sumárias.

Violência

Alguns foram obrigados a comer o próprio sangue misturado a terra e até mesmo pedaços de cérebro dos que tiveram suas cabeças esmagadas e partidas. Sob a mira de armas, outros foram obrigados a carregar os corpos para um caminhão.

O jovem Sérgio Rodrigues Gomes, ferido a bala e espancado, foi retirado numa caminhonete da fazenda e seu corpo foi encontrado 14 dias depois às margens do rio Tanaru, no município de Chupinguaia. No rosto desfigurado havia tinha marcas de três tiros.

Além de prestar homenagem aos camponeses assassinados pela ação ilegal ocorrida em 1995, onde participaram policiais militares e de pistoleiros, diversas manifestações públicas e por meio de campanha pelos meios de comunicação visam chamar a atenção de que nenhuma das determinações da corte Interamericana da Organização dos Estados Americanos foi cumprida, entre as quais, as indenizações das vítimas do conflito.

Outra reivindicação é o corte imediato da fazenda e sua entrega aos camponeses vítimas do conflito que até agora não a receberam e outras famílias de camponeses sem terra do Estado de Rondônia.

Em 1995 mais de 600 famílias de camponeses foram mobilizadas para tomar a fazenda Santa Elina, com 18 mil hectares. Foi mais um dos 440 conflitos por terra que ocorreram no Brasil em 1995 e um dos 15 que aconteceram em Rondônia naquele ano. No dia 15 de julho as famílias entraram na área, a notícia se espalhou rapidamente e ganhou o apoio de pequenos e médios camponeses e dos comerciantes locais que contribuíram com alimento, remédios, roupas, ferramentas de trabalho e sementes.

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Denunciado aliciamento
de trabalhadores rurais

PORTO VELHO – A Comissão Pastoral da Terra (CPT) promoveu parceria com a Procuradoria Federal do Trabalho e a Fiscalização do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego. Houve duas oficinas preventivas contra o Trabalho Escravo e Degradante em Rondônia.

 

No dia 30 de julho, em Presidente Médici, a CPT conseguiu o apoio da Secretaria Estadual de Educação, dirigida no município pela professora Joanil. O encontro contou com a organização da professora Maria Aleides.  Trinta e quatro professores/as do município compareceram.

 

Depois da oração e apresentação do Pe. Zezinho, da CPT RO, a Procuradora do Trabalho de Ji-Paraná, Carolina Marzola Itirata Zedes, palestrou para os professores sobre a história e a realidade atual do trabalho escravo. Disse que acoberta realidades de trabalho forçado, jornadas exaustivas, e condições degradantes.

 

– Isso motivou o governo a fazer dois planos de erradicação e a procuradoria do trabalho trabalhar ativamente contra o trabalho escravo – ela lembrou.

 

O auditor fiscal do Ministério de Trabalho e Emprego de Porto Velho, Bianor Talles Cochi explicou como é feito o combate pela equipe móbil de fiscalização, o trato que recebem as vítimas, e a inscrição dos empregadores flagrados na lista suja. Relatou as dificuldades e a experiência pessoal dele no empenho de erradicar essa nódoa do País.

 

Professores participaram ativamente do debate, interessando-se pelo assunto. Afirmam que suspeitam de que no município e em lugares como o Distrito de Bandeira Branca, pode estar acontecendo aliciamento de trabalhadores rurais para as fazendas vizinhas suspeitas de Rondônia do Mato Grosso.

 

A professora Renata Nóbrega da Silva, da Pastoral do Migrante de Ji-Paraná, relatou a experiência de trabalho dos alunos na EFA de Ji--Paraná e animou os professores a trabalhar o assunto com eles. A oficina contra o trabalho escravo em Vilhena, preparado pela CPT-RO em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR). Além de representantes de vários assentamentos rurais e do STR, compareceram também um bom grupo de proprietários ligados ao Sindicato dos Produtores Rurais, da Federação dos Produtores Rurais e da CNA.

 

Pe. Zezinho apresentou a Campanha Contra o Trabalho Escravo e as motivações religiosas da luta contra esta realidade desumana. Cristiano Zaranza, advogado da CNA de Brasília para a ocasião, questionou diversos pontos do combate ao trabalho escravo: a convocatória do MPT, a legalidade da lista suja, as condições degradantes de trabalho, a dificuldade de uso dos equipamentos de proteção individual etc. 

 

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