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Exército combate crimes na fronteira Brasil-Bolívia


 
XICO NERY
Amazônias


GUAJARÁ-MIRIM — Lançada há menos de uma semana na fronteira brasileira com a Bolívia, a Operação Curare IV, da 17ª Brigada de Infantaria de Selva (Brigada Príncipe da Beira) já empreende golpe à criminalidade nas zonas rurais e urbanas das cidades de Guajará-Mirim, Nova Mamoré, Costa Marques e Pimenteiras do Oeste. Contrabando de madeira e tráfico de drogas mobilizam mais de novecentos homens ao longo dos rios Mamoré e Guaporé.

Exército combate crimes na fronteira Brasil-Bolívia - Gente de Opinião
Guajará-Mirim: ação conjunta da Polícia Federal, Receita Federal e Exército mobiliza mais de 900 homens e tranqüilidade à população /MONTEZUMA CRUZ


A presença dos militares na região não incomoda apenas os ilegais no eixo Guajará-Mirim (a 362 quilômetros da Capital, Porto Velho) a Guayaramerín, Departamento de Beni (Bolívia). Civis alegam supostos excessos cometidos pelas forças de segurança durante as "revistas" a partir do distrito de Araras, a 32 quilômetros de Nova Mamoré.


Nessa parte de Rondônia circula a maioria dos veículos roubados no Estado. São desovados no lado boliviano na troca com cocaína e armas. A passagem se dá por varadouros e clareiras, além de fundiárias de sítios e chácaras nas vias ribeirinhas convergentes do rio Madeira.


O suposto constrangimento que viria ocorrendo nas "revistas", por parte dos militares deixa dúvidas. Segundo empresários do pólo de duas rodas, taxistas e de mototáxi ouvidos por Amazônias, “a fiscalização é rígida, mas é necessária".


No geral, um percentual maior da população aprova a presença das forças federais na região. Segundo disseram, isso demonstra um grande esforço de segurança dado pelo governo desde os tempos do governo militar, cujo expoente em Rondônia foi o ex-coronel pára-quedista Jorge Teixeira de Oliveira. À época, disse o septuagenário Francisco de Assis, "podia-se dormir com portas e janelas abertas que os ladrões e traficantes não incomodavam ninguém". Hoje a realidade é diferente:


– O cidadão tem que botar grades em sua casa, viver como bandido ou passarinho dentro de gaiolas em seu próprio território.


As operações militares na fronteira também enfrentam resistência no empresariado de Guajará-Mirim e região. Uma minoria incomodada reage com descrédito. Falta fiscalização rigorosa da Polícia Federal e da Receita Federal nos entrepostos aduaneiros. A fragilidade é tanta que estrangeiros zombam até mesmo da atuação dos agentes consulares brasileiros em Guayaramerin e Cobija (Pando) e vilarejos fronteiriços, entre os quais, Buena Vista, próximo a Costa Marques.


O cerco montado desde segunda-fei pela 17ª Brigada de Infantaria de Selva, Polícia Federal, Receita Federal e órgãos de controle ambiental e repressão a produtos da biodiversidade, reativados agora nos municípios e distritos rondonienses fronteiriços pode inspirar as fiscalizações estadual e municipal.


A diferença comprova-se pelo fator presença do Estado Brasileiro nesta parte da Amazônia assacada pelo narcotráfico, contrabando, sonegação, crimes de encomenda, falsificação de produtos, biopirataria, roubo de essências e madeiras. “Além da existência de brasileiros que se sujeitam a assumir negócios envolvendo dinheiro sujo”, desabafa um conhecido militante do PCB que viveu no eixo Minas Gerais e Rio de Janeiro nos anos 1970 e agora vê as dificuldades enfrentadas na fronteira Brasil-Bolívia.


No entanto, a população exige que as revistas em civis seja de maneira indelével, rápida e com objetividade, dentro dos ditames previstos pela Comissão de Genebra que celebrou o fim do constrangimento dentro de campos de refugiados na Europa Oriental, se queixou um líder mototaxista, ao sentir-se incomodado com a atuação de algumas autoridades acantonadas na "zona de proteção militar", no Km 32 da BR-225, próximo ao distrito do Iata.
 

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