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Delegado Dórea deixa Amazônia e o DF para combater o tráfico na África do Sul




MONTEZUMA CRUZ
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BRASÍLIA, DF — O delegado da Polícia Federal Luiz Cravo Dórea, 42 anos, baiano de Itabuna (região cacaueira), assumirá o cargo de adido policial na África do Sul, o primeiro do gênero a ser criado naquele continente. Vai se mudar para Johannesburgo, antes da Copa do Mundo, em 11 de junho. Dórea deixa o cargo de coordenador geral de Repressão a Entorpecentes.
 

A maior parte da droga que vai para África passa pelo Brasil, embora o País não seja produtor de cocaína. Segundo dados da Organização das Nações Unidas, das 845 toneladas que formam o volume de produção mundial de cocaína, cerca de 80 toneladas transitam pelo Brasil. A metade fica no País, para o ‘consumo interno’, e a segunda metade parte para o exterior, principalmente para o mercado europeu.
 

Dois anos e quatro meses depois de tomar posse no cargo de superintendente da PF no Estado do Acre (Amazônia Ocidental), Dórea incluiu no currículo a participação em algumas reuniões bilaterais entre o Brasil, Bolívia e Peru, com vistas à organização fronteiriça para o funcionamento da Rodovia Transoceânica (Estrada do Pacífico), cuja inauguração deverá ocorrer em 2011.

 

Atenção a países africanos
 

Para assumir a superintendência, em Rio Branco, Dórea deixou a Coordenação-Geral de Controle de Segurança Privada, em Brasília. É bacharel em Direito, com pós-graduação em Direito Público e Gestão em Política de Segurança Pública pela Fundação Getúlio Vargas, e professor da Academia Nacional de Polícia.
 

— O comércio de drogas, que tem principalmente a Europa como consumidor final, agora escolhe a África como rota principalmente por causa dos países pequenos, facilmente corruptíveis, mas também por regiões maiores e mais estáveis, entre as quais, a Nigéria e a África do Sul — analisa diz Wil Pansters, diretor do Centro de Estudos do México na Universidade de Groningen, na Holanda.
 

Em declarações ao site PNN, Dórea afirmou que a atenção brasileira no combate ao narcotráfico está voltada para os países da África Ocidental.
 

— Já começamos a formar policiais africanos, de São Tomé e Príncipe, Guiné Bissau, e Cabo Verde, nas nossas academias, ou seja, privilegiamos os países da CPLP. Nesse âmbito, estamos dispostos também a desenvolver a criação de uma academia de polícia na Guiné-Bissau, mas a Europa também terá de participar.

Delegado Dórea deixa Amazônia e o DF para combater o tráfico na África do Sul - Gente de Opinião

Quase 30% da cocaína consumida na Europa passa pela Nigéria, Gana, Libéria, Serra Leoa, Guiné.Guiné-Bissau, Cabo Verde, Senegal, Mali e Mauritânia /RNW



 

Rotas sempre inovadas
 

Neste ano, a PF prevê aumentar a cooperação técnica de capacitação policial em África, sobretudo no campo da legislação contra lavagem de dinheiro, uma área vital na mecânica do narcotráfico.
 

A África é uma prioridade brasileira para o combate ao narcotráfico no continente africano, lembra o jornalista Rui Neumann, autor da matéria publicada no site PNN.
 

Novamente, Dórea analisa:
 

Na África, particularmente em Guiné-Bissau e Cabo Verde, a opinião geral considera que o narcotráfico ‘quase desapareceu’, e hoje é história de um passado recente, por vezes ainda introduzido nos discursos políticos.
 

— Apenas num ponto existe unanimidade: quando designam a origem do narcotráfico. A África subsaariana não é produtora de cocaína, mas sim uma plataforma de um ‘tráfico importado da Colômbia e do Brasil’ — diz.
 

 

Continente predileto dos traficantes
 

BRASÍLIA — A África, o ‘continente predileto’ dos traficantes, mas também a opção mais dispendiosa, devido à necessidade de aplicação de uma logística mais complexa para o reencaminhamento das drogas para a Europa e utilização de mais intermediários.
 

Estima-se que 40 toneladas (27%) da cocaína consumida na Europa passam por diferentes países da África Ocidental: Nigéria, Gana, Libéria, Serra Leoa, Guiné, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Senegal, Mali e Mauritânia.
 

— As ações das polícias nacionais e internacionais obrigam também os narcotraficantes a inovar constantemente as rotas da droga. Todavia, a instabilidade e insegurança de vários Estados africanos tornam-se num fator de segurança para os traficantes, justificando assim o investimento e a utilização de meios colossais que resultam em benefícios proporcionais.
 

Em termos quantidade de droga transportada por via aérea, o Brasil está em primeiro lugar como país receptor, seguido da África do Sul. Guiné-Bissau lidera na recepção por via marítima, por meio de navios que partem dos portos brasileiros do Ceará, Santos e Paranaguá.
 

O Brasil tem mais 7.400 quilômetros de faixa marítima. Um controle absoluto da costa é impossível. De Santos, maior porto da marinha mercante na América Latina, são despachados, por mês, 150 mil contêineres. Destes, apenas 2% são controlados.
 

Até há pouco tempo, os traficantes estrangeiros que mais se destacavam no Brasil eram os nigerianos. Hoje, ainda são dominantes no ‘mercado’ em São Paulo, mas deixaram de utilizar os seus compatriotas como ‘mulas’ (pessoas que transportam as drogas). Agora o transporte é particularmente garantido por brasileiros e europeus brancos, mesmo nos destinos para África.

 
 

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