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'A Amazônia precisa de empresas sérias, não de aventureiros'


 

AMAZÔNIAS
Aldrey Riechel
Amazônia.org.br
   

Preocupados com a ausência de um plano para a Amazônia, participantes da IV Brasil Certificado, que terminou no último dia 09 em São Paulo, apresentaram suas propostas sobre quais deveriam ser as prioridades para o desenvolvimento da região. Túlio Dias, da Agropalma, empresa participante do Fórum Amazônia Sustentável, afirmou que a região necessita de empresas sérias, e que para isso é necessária a presença do poder público regularizando as áreas.

O principal problema, segundo ele, é a ausência de uma organização fundiária, que afasta investimentos vantajosos e duradouros na região. Atualmente, somente "aventureiros" pensam em investir na região. "Trata-se de um tipo de investimento que não interessa para a Amazônia", disse.

Somente com uma posição do governo seria possível pensar em desenvolvimento sustentável. "É necessário que o Estado e a sociedade identifiquem de quem são as porções do território para cobrar, perguntar e avaliar os impactos", explica ele. A ausência de definições gera conflitos territoriais, desfavorece comunidades tradicionais e gera insegurança para investidores.

Cleyton Javaé, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), afirmou que os povos indígenas estão interessados em colaborar com a proposição de uma agenda política para o desenvolvimento da floresta, e que para isso é necessário entender melhor as várias visões que todos os povos da região agregam ao debate. "Nós queremos o desenvolvimento, mas a qualquer custo não", resume.

"A gente quer contribuir, quer fazer desse desenvolvimento, mas não dá pra pensar em fazer parte desse desenvolvimento onde só há um ou outro beneficiário", explica. Javaé argumenta que os povos indígenas pensam no coletivo, e que ao trazer prejuízos ao meio ambiente a empresa não está lucrando, e sim perdendo.

Valorizando os produtos da floresta

Luís Fernando Laranja, do Grupo Orsa, empresa brasileira do setor de madeira, celulose e embalagens, afirmou que é necessário agregar valor aos produtos da floresta. Segundo ele, no Brasil, são produzidas 30 mil toneladas de castanha, com um preço médio pago aos extrativistas de R$ 1 pelo quilo da castanha in natura. O valor bruto da produção desse produto no país é de R$ 30 milhões.

"Compare com a soja. Veja os dados de um único município do Mato Grosso, Sorriso, que produz 1,8 de tonelada de soja. O preço atual da soja R$ 590 a tonelada. Sendo assim, o valor bruto da produção, somente neste município, é de R$ 1,1, bilhão". Ele afirma que mesmo em um cenário mais otimistas, onde o produtor recebesse R$ 3 pelo quilo da castanha, não chegaria próximo ao valor da soja.

O desafio, segundo Luís Fernando, é agregar valor para essas cadeias para que elas sejam mais competitivas e viabilizem a permanência da floresta em pé. "Acredito que a melhor forma de preservar a floresta em pé é através da geração de valor dos ativos da biodiversidade", conclui.

Investir em pesquisa também é ponto crucial para desenvolver a região. Luís Fernando realizou uma busca no sistema de patentes registradas do Brasil e fora do país com as palavras "castanha-do-Brasil/Brazil/Brazil nuts". No banco de dados do Instituto Nacional da Propriedade Industrial foram encontrados apenas cinco registros, enquanto na base americana a busca encontrou 236 registros.

Fonte: Envolverde/Amazônia.org.br

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