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Embrapa: Programa pioneiro reúne pesquisa e setor produtivo no melhoramento de café na Amazônia


Embrapa: Programa pioneiro reúne pesquisa e setor produtivo no melhoramento de café na Amazônia - Gente de Opinião

Uma iniciativa pioneira da Embrapa em Rondônia pode contribuir para reduzir o tempo e os custos inerentes aos programas de melhoramento genético do café. A ação utiliza o conhecimento e a experiência dos produtores da região para selecionar as variedades genéticas mais adaptadas e produtivas. O Programa de Melhoramento Participativo do Café reúne pesquisa e setor produtivo e, de acordo com os cientistas envolvidos, tem potencial para alavancar a cafeicultura em toda a região Amazônica.

Como vai funcionar

Durante quatro safras de produção, serão avaliados cerca de 60 clones de café canéfora (conilon e robusta). A avaliação do desempenho agronômico será feita por pesquisadores e produtores e se dará nas principais regiões produtoras do estado em cinco ensaios. Serão analisadas diversas características como: produtividade, qualidade de bebida, compatibilidade, resistência a pragas e doenças, tolerância à seca, entre outras.

Os pesquisadores, em parceria com os produtores, vão avaliar as características de cada material e de seu desempenho no campo. Ao fim, serão indicados os clones mais interessantes para que sejam registrados e que poderão ser cultivados em todo o bioma Amazônico.

Com todos os dados coletados e processados, cada clone avaliado terá uma ficha técnica com as informações agronômicas e qualitativas, que será disponibilizada para o detentor do material genético, que é o produtor ou viveirista. Essa ficha conterá todas as informações necessárias para o registro do material genético no Registro Nacional de Cultivares (RNC), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Atualmente, existem apenas as cultivares de café da Embrapa registradas para cultivo na região Amazônica. Com esse trabalho, os pesquisadores esperam ampliar a base genética do café canéfora. O registro de novos materiais no RNC permite mais acesso aos sistemas oficiais de crédito e seguro rural, que são restritos a cultivares registradas, e amplia as opções para produtores das diversas regiões da Amazônia. Além disso, o programa pretende intensificar a adoção de tecnologias e melhorar a atuação da Empresa ao lado dos produtores.

“Nesse modelo, a propriedade rural não é vista apenas como um local de validação de tecnologia, mas como um manancial de riqueza genética à disposição da ciência e da cadeia produtiva do café”, comenta o pesquisador da Embrapa Rondônia Alexsandro Teixeira.

“Esse tipo de melhoramento pode ser considerado audacioso, pois o papel do produtor transcende o de usuário da solução tecnológica para o de agente ativo no processo de melhoramento genético. O conhecimento, resultante de anos de seleção de materiais com alto potencial produtivo e características de adaptabilidade às condições de manejo e produção da região, é o que alicerça o programa participativo”, explica o cientista.

Diversidade genética

Atualmente, Rondônia tem mais da metade do seu café propagado via sementes (seminal) e com grande variabilidade genética. Teixeira afirma que essa é uma riqueza que não pode se perder com o aumento do uso de clones. Apesar de ser considerado um avanço no campo, o clone leva ao estreitamento genético, em virtude da preferência dos cafeicultores por alguns clones de características específicas. “Isso prejudicaria enormemente a seleção de materiais baseada em demandas futuras, quer sejam elas sanitárias ou mercadológicas”, ressalta o pesquisador.

A cafeicultura em Rondônia

O estado é o quinto maior produtor de café do País e está entre os três maiores da espécie canéfora. Nos últimos anos, a cafeicultura de Rondônia tem passado por um processo de restruturação, com a modernização do sistema de produção para aumento da produtividade e melhoria da qualidade, assim como a manutenção da sustentabilidade do ecossistema Amazônico. Durante esse processo, os cafeicultores da região selecionaram plantas promissoras em suas lavouras, das quais foram produzidas mudas clonais que foram utilizadas para a formação de novas lavouras em todo o estado e região.

Essas plantas selecionadas se tornaram matrizes, destinadas à produção de mudas, e compuseram a base genética da renovação do parque cafeeiro do estado na última década, com recente expansão para o Acre e norte de Mato Grosso. Atualmente, estima-se que mais de 100 plantas matrizes (genótipos) estejam sendo utilizadas para a produção de mudas em escala comercial, ou ainda em fase de teste pelos viveiristas da região. A estimativa de mudas clonais produzidas oriundas dessas plantas matrizes em 2017 chegou a 15 milhões, indicando uma renovação de mais de quatro mil hectares do parque cafeeiro da região. 

Apesar de ampla disseminação desses clones, há pouquíssima informação científica a respeito das suas características agronômicas, principalmente quanto ao desempenho produtivo em diferentes regiões. Os materiais disponibilizados pelos viveiristas não foram avaliados de acordo com as exigências do Mapa, que possui normas para o registro de cultivares. Aliada à falta desses requisitos, que os enquadra como de “origem genética desconhecida”, a comercialização dos clones tornou-os de domínio público, impossibilitando o registro no ministério e a participação em avaliações. “A atuação da Embrapa com os cafeicultores e a união de esforços de mais instituições é fundamental para que a identificação, avaliação e registro da riqueza genética da cafeicultura na região sejam realizados”, destaca o pesquisador da Embrapa Rondônia Marcelo Espindula.

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