Estrago eleitoral da Lava Jato muda cenário oligárquico em alguns estados

 247 - Oligarquias políticas espalhadas pelo país amargam um conjunto de resultados negativos inéditos em função da operação Lava Jato. Diferentemente do que diz o senso comum, a Lava Jato invadiu as carreiras políticas também da direita. O Rio Grande do Norte é emblemático: a reorganização de forças colocou à frente das pesquisas para o governo estadual uma candidata do PT, algo inédito na história recente.

"Até os ventos mais fortes que amenizam o calor na capital do Rio Grande do Norte nesta época do ano sabem que poucas famílias dominam a política no estado, que sobrenomes se revezam a cada eleição e que velhos conhecidos pulam de cargo em cargo. Mas os ventos nesta eleição estão soprando em outras direções. Atingidas pela Lava Jato, lideranças locais se viram fragilizadas. A reorganização de forças colocou à frente das pesquisas para o governo estadual uma candidata do PT, algo inédito na história recente. Empunhando a bandeira "Lula livre", a senadora Fátima Bezerra rivaliza com o atual governador, Robinson Faria (PSD), e com Carlos Eduardo (PDT), que é da oligarquia Alves, mas fez carreira independente e já chegou a ficar rompido com os parentes.

Adversários dela cobram propostas para o estado e a acusam de fiar sua campanha só na defesa do ex-presidente. "'la tem pesquisa mostrando que o Lula vence aqui, então é um marketing', diz Carlos Eduardo, que é primo do senador Garibaldi Alves e do ex-ministro e ex-presidente da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves (ambos do MDB e seus apoiadores). 'Respondo a isso dizendo que nossa candidatura é a que já avançou no debate programático', afirma Fátima. O atual governador, que não atendeu aos pedidos de entrevista da Folha, está desgastado pela crise financeira do estado, com salários atrasados --a maior parte dos servidores não recebeu o 13º de 2017."

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