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Debate de Aparecida: o que Ciro Gomes e Alckmin responderam às perguntas dos bispos


Debate de Aparecida: o que Ciro Gomes e Alckmin responderam às perguntas dos bispos - Gente de Opinião

A dinâmica escolhida para o Debate de Aparecida, promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ontem, quinta-feira, 20 de setembro, contou com perguntas feitas pelos membros da entidade aos candidatos à Presidência da República.

O primeiro questionamento do debate foi feito pelo arcebispo de São Paulo (SP), cardeal Odilo Pedro Scherer. Ele perguntou a todos os candidatos se acreditam ser capazes de retomar o caminho da ética, restituir a credibilidade à política e fortalecer a democracia no Brasil.

Ciro Gomes ressaltou o enfrentamento da corrupção por meio do aperfeiçoamento de dois planos: “o exemplo e o entendimento que em 20 anos de democracia houve repetição do ciclo de cooptação de deputados”. O candidato apresentou quatro mecanismos que pretende usar para levar suas ideias para frente na relação com o parlamento.

“Quem enriquece na política é ladrão, sem meio termo. Política é uma atividade essencialmente ética”, afirmou Geraldo Alckmin. Ele recordou que seu partido defende uma reforma política com base no voto distrital misto, na melhoria das instituições de controle e da legislação, além de aplicação do modelo americano no Judiciário que inverte o ônus da prova para o caso de investigação de políticos, que devem “provar a origem do enriquecimento”.

Em sua pergunta, dom Odilo recordou o pronunciamento do episcopado brasileiro durante a Assembleia Geral de 2017, quando falaram sobre o “grave momento nacional”, no qual as práticas políticas dos Poderes da República demonstram “enorme distanciamento das aspirações de grande parte da população”. A CNBB acredita que é preciso construir uma democracia verdadeiramente participativa. “Dessa forma se poderá superar o fisiologismo político que leva a barganhas sem escrúpulos, com graves consequências para o bem do povo brasileiro”.

Os bispos também sinalizaram para a necessidade de uma “profunda reforma do sistema político brasileiro”. No texto daquela época, o episcopado brasileiro chamava atenção para a tentação de ignorar os políticos e os governantes, além do risco de favorecimento da ascensão de “salvadores da pátria” e o surgimento de regimes autocráticos. “Aos políticos não é lícito exercer a política de outra forma que não seja para a construção do bem comum. Daí, a necessidade de se abandonar a velha prática do ‘toma lá, dá cá’ como moeda de troca para atender a interesses privados em prejuízo dos interesses públicos”, lê-se no texto de 3 de maio de 2017.

No último bloco do debate, um grupo de bispos foi designado para fazer perguntas previamente definidas aos candidatos escolhidos por sorteio, feito pela mediadora.

O arcebispo de Aparecida (SP), dom Orlando Brandes, aproveitou a oportunidade para reforçar a importância do Santuário Nacional de Aparecida como referência na devoção mariana, que recebeu 308 mil pessoas na semana passada. A pergunta foi sobre a visão do candidato a respeito do agronegócio e da agricultura familiar. Ciro Gomes foi o sorteado.

O candidato afirmou em sua resposta que a questão é importante para reflexão por ter “muito preconceito e muita superficialidade”, uma vez que as duas atividades, agricultura familiar e agronegócio, “cumprem funções absolutamente distonias na vida brasileira”. Para a agricultura familiar, que segundo o candidato responde por 80% da comida da mesa dos brasileiros e é uma atividade que emprega muitas pessoas no país, é necessário crédito no volume e na hora certos, melhoria na assistência técnica aos pequenos produtores e programa de compras governamentais e acesso a mercado, “inovando institucionalmente formas de operação da agricultura familiar”.

Para todas as ações, o candidato pedetista pontuou a necessidade de garantir o zoneamento econômico ecológico, a proteção das populações tradicionais, a preservação dos biomas e dos acervos hídricos do país.

Sobre o agronegócio, Ciro sublinhou que é uma atividade que gera muitos empregos, por conta da mecanização, e que não gera muitos tributos, porque é muito isento e vocacionado à exportação. “Porém, cumpre uma função vital para nós porque o Brasil desaprendeu a indústria”. Para Gomes, o país precisa “resolver essa equação financiando o equilíbrio das contas do Brasil no estrangeiro”.

Ao candidato Geraldo Alckmin foi dirigida a pergunta feita pelo bispo de Lages (SC) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora da CNBB, dom Guilherme Werlang. O prelado questionou se a ação do Governo Federal de aprovar a lei do teto de gastos e o congelamento de gastos primários como educação, saúde, segurança e infraestrutura parecia justa ao candidato.

O ex-governador de São Paulo disse que seu estado não tem déficit primário e jogou a bola sobre a opção pela emenda constitucional para a administração anterior, de 2003 a 2016. “É inegável a situação que o PT deixou as contas públicas”, criticou, seguindo de citação sobre a situação econômica da Argentina e da Venezuela.

Buscando ser propositivo, disse que as áreas de educação e saúde “não estão vinculadas na PEC”. Alckmin prometei priorizar a educação básica, no ensino infantil, e, na área da saúde, “ajudar o jovem a sair da dependência química e oferecer centro de referência para o idoso”.

Em outubro de 2016, o Conselho Permanente da CNBB, quando o texto do teto ainda tramitava na Câmara dos Deputados, com o número de PEC 241, afirmou que o projeto significava, na prática, “que nenhum aumento real de investimento nas áreas primárias poderá ser feito durante duas décadas. No entanto, ela não menciona nenhum teto para despesas financeiras, como, por exemplo, o pagamento dos juros da dívida pública”. No texto, os bispos denunciaram a PEC “injusta e seletiva” e que “elege, para pagar a conta do descontrole dos gastos, os trabalhadores e os pobres”, além de ter supervalorizado o mercado em detrimento do Estado.

Candidatos citam bispos

Numa estratégia de se aproximar do ambiente religioso que envolvia o debate, os candidatos aproveitaram oportunidades para citar ex-presidentes da CNBB que marcaram história na trajetória da entidade e nos serviços oferecidos à Igreja no Brasil. Geraldo Alckmin recordou o pedido de dom Luciano Pedro Mendes de Almeida “em seu leito de morte”, para que não fossem esquecidos os pobres.

Já Ciro Gomes citou dom Aloísio Lorsheider, a quem o candidato diz dever “parte relevante” de sua formação. O prelado foi arcebispo de Fortaleza (CE), cidade de Ciro, por 18 anos.

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