247 - O cientista político Marcus André Melo faz uma análise estrutural do horror eleitoral que tomou conta do país, com ameaças escancaradas de o fascismo ascender ao planalto. Para Melo, o PSDB foi aniquilado pela sua própria precipitação em usar a Lava Jato em seu favor, na esteira da criminalização ao PT. Ele faz um inventário de ações difusas (como o Fora Temer) que acabaram fortalecendo a candidatura de Bolsonaro, a negação final da política e da democracia.
E seu artigo, publicado no jornal Folha de S. Paulo, Macus André Melo destaca a teoria da ciência política para construir sua reflexão: "as dimensões em torno das quais se estrutura o conflito político são cruciais na política. William Riker (1920-1993), um dos pioneiros da teoria dos jogos na ciência política, denominou seu uso estratégico de 'heresthetics'. Ele ilumina aspectos importantes da eleição presidencial, que, no momento em que escrevo, aponta para um segundo turno".
Melo prossegue, entre conceitos mortos e feridos: "a dimensão que vertebrou a disputa política nos últimos 20 anos foi a inclusão social. Mas o petrolão e a Lava Jato alteraram profundamente esse estado de coisas. A escolha sobre quem promoveria melhor a inclusão deu lugar a uma nova disputa em torno de quem pode combater a corrupção e 'tudo o que está aí'".
E escaneia Bolsonaro: "Bolsonaro também inseria-se na disputa de uma forma inédita: rechaçando as formas identitárias de inclusão social com base em raça, gênero e minorias. Mobilizando a crise da segurança, conquistou setores conservadores da sociedade. Tais questões eclipsaram na agenda pública as questões macroeconômicas e de inclusão. E como todo populista iliberal seu discurso é marcado por autenticidade".
Quinta-feira, 25 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)