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PAC meu novo amor!


 PAC meu novo amor! - Gente de Opinião

Viviane V.A. Paes

Estou de amor novo, sério, estou terrivelmente apaixonada. O dono de meu coração chagásico: o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento. Impossível não ficar apaixonada por ele à primeira vista. Tem uma aparência incrível, esbanja saúde, sonhos audaciosos para o futuro – então como não cair de amores?! Sério. Quem já teve a curiosidade ou necessidade de visitar o site do PAC ficará também e não adianta ninguém dizer que ele não é bem do jeito que eu imagino que as aparências enganam que primeiro amor é assim mesmo...

SQN – como dizem meus filhos: Só que não, né?! Para escrever este artigo fui à fonte, portal do Governo Federal– bendita Transparência – e fiquei deslumbrada com a apresentação do PAC. Quero aproveitar e parabenizar a equipe do Decom – Departamento de Comunicação do Governo Federal e todas as empresas terceirizadas de propaganda e marketing, contratadas para fazer este trabalho. Muito convincente. A única falha são os dados fornecidos para alguém que estiver disposto como eu estive para confrontar dados entre alguns estados; e principalmente ter morado em alguns deles onde grande parte dos recursos do PAC I e II está sendo aplicados, ou pior, deveriam ter sido!

Vamos recordar a história deste programa, porque como todo brasileiro, minha memória política é incrivelmente falha. “Criado em 2007, no segundo mandato do presidente Lula (2007-2010), o Programa de Aceleração do Crescimento promoveu a retomada do planejamento e execução de grandes obras de infraestrutura social, urbana, logística e energética do país, contribuindo para o seu desenvolvimento acelerado e sustentável”. As aspas são para identificar a fonte, o próprio site do PAC: http://www.pac.gov.br

Em Rondônia, uma das maiores obras do PAC I foi à construção do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira: usinas Santo Antônio e Jirau; antes destas que já estão gerando energia elétrica para o restante do País, deveriam ter sido viabilizadas algumas obras de infraestrutura básica para aguentar o “boom” migratório provocado pelo empreendimento. Isto não aconteceu e até hoje existem obras na capital, Porto Velho, paradas com problemas de licitação, e, sim estou falando dos viadutos, prezado rondoniense!

Aqui não tem como deixar de explicar para o leitor de outros estados o excesso de ironia. Os viadutos de Porto Velho que deveriam melhorar o trânsito viraram uma piada de mau gosto, pois um dos três em construção está errado! Bem assim até meu filho de oito anos percebeu um dia ao passarmos por perto que a dita obra estava muito estranha...

Somente em Porto Velho em 2008, 86% da população de quase 500 mil habitantes não recebia água tratada e saneamento básico em suas residências. Em 2013 quase nada mudou, sabem por quê?! Muitas estão em andamento ainda. Para entender mais fácil veja o quadro abaixo.
 

Obras de Saneamento – PAC

Porto Velho

Porto Velho

Rondônia

30 concluídas

13em obras

03 concluídas

Sei lá, parece que ter um prefeito do mesmo partido da presidenta da República neste período não foi muita vantagem para nós da população. Vá lá entender os motivos. Os recursos vieram, voltaram, vieram foram aplicados ou não e nada de diminuir o índice citado.

Agora vamos falar do Pará, precisamente de Altamira onde estou no momento e também está em construção o maior empreendimento do PAC II, a usina Belo Monte. Os moradores de Altamira, uma cidade de 102 anos, contra os 99 de Porto Velho, vivem uma experiência diferente. Após dois anos do início das obras da usina, os problemas de saneamento básico e da água tratada estão sendo resolvidos de maneira ágil e eficiente. E, olha que o município é o maior em extensão territorial do mundo! A questão da mobilidade é um problema para ser revolvido ainda, no entanto a cidade que tinha apenas um semáforo em 2011, na principal avenida tem mais oito hoje. Vias novas foram construídas para dar vazão ao crescente trânsito ocasionado pelos mais de 20 mil trabalhadores da segunda maior usina em construção do mundo e a pavimentação asfáltica ou de blocos cobre a maior parte dos bairros.

Claro que a perfeição não pertence aos humanos, por isso tem muito a ser feito, e é fantástico e lamentável ver que o partido da ex-prefeita de Altamira não era o mesmo da presidenta Dilma. Calma, não estou achacando nenhum partido - constato um fato. E saibam mais, sabem nada do que foi citado acima contou com verbas do PAC! Quer dizer diretamente na planilha do programa. As benfeitorias fazem parte das inúmeras compensações obrigatórias da usina. Do PAC II, existem 172 obras de saneamento direcionadas para o Pará, 87 em andamento e 37 concluídas. Nenhuma delas em Altamira. Porto Velho não recebeu estas mesmas compensações?! Recebeu sim. O que foi feito. SDS. Só Deus sabe!

A conclusão a que qualquer um pode chegar é que não adianta ter milhões em recursos se não houver boa gestão deles. E olha que disse gestão e não má fé, furto de erário público, conflito de interesses políticos e empresariais...

Assim depois de alguns momentos de euforia, como acontece sempre em qualquer relação meu amor ao PAC mingou. Afinal ele depende de muita gente para dar certo e todos sabem que uma relação que começa com muitos nunca dá certo. Como diziam antigamente: bonitinho, mas ordinário! Não tem amor que dure!

                                                                                                                 

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