Terça-feira, 6 de novembro de 2018 - 11h27
Silvio
Persivo
(*)
O novo presidente da República, Jair Bolsonaro, possui uma oportunidade única de fazer com que o Brasil avance, realmente, em direção a um futuro melhor. O otimismo que o envolve começa pelo fato de que, ao contrário dos presidentes anteriores, sua ascensão é bem vista pelos principais parceiros e países do nosso país. O comportamento do mercado e a queda do dólar são os sintomas mais evidentes desta visão, mas, já houve manifestações de que os investimentos estrangeiros deverão também aumentar com o novo governo. Neste sentido, a sua sinalização de que pretende negociar com o mundo inteiro, bem como melhorar o ambiente de negócios, inclusive com maior privatização e desburocratização, soa como música aos ouvidos dos empreendedores e investidores nacionais e estrangeiros.
O
governo Bolsonaro, no entanto, terá que fazer alguns esforços em áreas que
precisam, efetivamente, de uma maior atenção e são importantes instrumentos
para a geração de emprego e de renda, bem como fundamentais para iniciar um novo
ciclo de desenvolvimento econômico. Claro que a economia surge como prioridade.
Sem o controle das contas públicas, sem os recursos para manter as atividades
administrativas e os investimentos necessários em infraestrutura, o seu governo
terá muito maior dificuldade. Todavia, neste primeiro ano, bastará que tome as
iniciativas corretas para que já passe a ter um crescimento mínimo de 3%, o que
não é o ideal, mas, o possível no início de governo. O setor financeiro deve
merecer atenção especial. Como também o turismo, que tem um imenso potencial, se tratado com o foco que merece. Este ano o
substancial aumento de turistas no carnaval já mostrou a força do setor, mas,
dados do Conselho Mundial de Viagens (WTTC), demonstram que o turismo tem sido
responsável por um em cada cinco empregos gerados no mundo na última década. No
Brasil são 2,9 milhões de empregos e 6% do Produto Interno Bruto-PIB, bem
abaixo do que representa o setor no PIB Mundial (10,4%). E o Brasil, que possui
vantagens competitivas diferenciadas, com um amplo leque de paisagens, clima e cultura para os mais
variados perfis de viajantes, pode abocanhar um pedaço muito maior do mercado
mundial de turismo. Previsões modestas detectam a capacidade de, em dois anos,
criar, pelo menos, 1,8 milhões de empregos e injetar cerca de R$ 10 bilhões no
país somente com medidas acertadas, como uma melhor divulgação,
desburocratização, redução de impostos para a atração de investimentos no
setor. Acrescente-se que, o turismo tem
um enorme efeito cascata, por abranger mais de 60 tipos de atividades
econômicas, e ainda permitir a utilização de jovens no mercado do trabalho,
ajudar na revitalização e conservação dos patrimônios histórico, artístico e
cultural. É claro que isto passa também, em determinados locais, como o Rio de
Janeiro ou Fortaleza, pelo combate à violência, o que é bem mais complicado.
Ocorre que, em outros espaços do Brasil, em particular na Amazônia, bastará um
programa de investimentos bem feito, e envolvimento da população em projetos de
turismo regionalizados, para se conseguir aumentar, significativamente, o fluxo
de turismo. E o turismo é um indutor de uma necessidade básica do país: uma
educação de qualidade. Aliás, espera-se que o governo Bolsonaro faça o que,
efetivamente, nunca foi feito na educação: um esforço sério e continuado de
melhorar o nível da escolaridade brasileira. Há muito o que ser feito, mas,
iniciar um grande esforço na área é essencial e uma tarefa urgente.
(*)
É Doutor em Desenvolvimento Sustentável pelo NAEA/UFPª e Professor de Economia
Internacional da UNIR.
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