Mercado Cultural

Por: Altair Santos (Tatá)*

Neste espaço onde fora o velho, nasce novo! Aqui não mais as tabernas, os bares e quiosques da antiga. Agora é um palco onde os mascates das artes, haverão de manter viva e aguçada, a nossa verve cultural. Nós os livres convivas do mercado, exibiremos ao conhecimento, consumo e deleite do povo da cidade e visitantes, os nossos versos, nossas cores, canções e movimentos, embrulhados pra viagem ou pra consumo no local. As prateleiras da inventividade e da criação serão as fontes abastecedoras do nosso novo mercado - o Mercado Cultural. Aqui os homens de ontem e de hoje, gorjeantes descendentes karipunas, saudosos artífices e herdeiros da ferrovia, poetas, canoeiros e navegantes de batelões dos leitos guaporé/mamoré/madeira, uirapurus  apaixonantes e apaixonados do hinário amazônico, todos, sem exceção, entoarão novos melodiosos e forjarão novas rimas em processo adulto à história futura. Os ventos de hoje, sopram em nossas direções, fazendo a lembrança folhear os tantos fatos, dados e passados no próprio mercado e arrabaldes. Esta sexta-feira (15 de maio), não importa se com sol ou chuva, amanheceu exalando peito a fora e aflorando em nossas bocas, uma incontida vontade de recitar e cantar com os poetas e cantadores do dia. Logo bem cedo, fomos invadidos por uma inebriante overdose de portovelhice com aquele negócio de Porto Velho meu dengo, desde que eu me entendo tu és o meu caso de amor (Ernesto Melo), nos batendo à porta dizendo o mote do dia. Pouco depois do café, já numa certa rua do centro, chamar um moço e dizer seu engraxate por favor, veja bem o meu estilo, me dê um brilho daqueles caprichado, meu sapato é bem usado... cuidado pra não manchar o couro (Sílvio santos). Agora subindo a ladeira entoar: eu sou da 7 de setembro lá do km 1, reduto de gente bamba, de muita mulher futebol e samba (Bainha). Sílvio Santos, Bainha e Ernesto Melo, formam a Trinca de Reis que dá nome ao show de inauguração do espaço. Que seja bem-vindo o Mercado Cultural e que o som primeiro dos ases da boemia e do samba sinalizem novas buscas e garimpagens pelo fértil terreno artístico e cultural aqui existente. 

* O autor é músico e Presidente da Fundação Iaripuna