Primeira Mão - 16/03/10

 

Não há mais dúvida: o presidente Lula está conseguindo transferir grande parte do seu prestígio junto à grande maioria dos brasileiros para sua candidata Dilma Roussef. As últimas pesquisas, que já dão empate técnico ou até pequena vantagem para Dilma sobre o tucano José Serra são a prova definitiva disso. O poderoso Lula é mesmo o cara, em relação à própria sucessão. Serra e seu partido não se decidem, não se lançam na campanha – como Lula e Dilma já o fizeram há mais de um ano – e estão perdendo espaço. O que restará à oposição? Perdeu o discurso dos programas sociais; perdeu o discurso do desenvolvimento econômico; perdeu o discurso de que os petistas não sabiam governar mas só criticar; perdeu tempo e subestimou a força de Lula em transferir votos até para um nome até há pouco obscuro no país. Poderá mudar o quadro, a turma do PSDB que não sai do muro e seus (poucos) aliados? Talvez a única chance seja começar um trabalho junto à uma parcela da opinião pública que não aceita mais a impunidade e a falta de combate ao crime, com tanta proteção aos bandidos, escondida sob o manto dos tais “direitos humanos”. Que, aliás, só valem para os que cometem todo o tipo de delito. 

Afora essaS questões, que poderiam mobilizar ao menos boa parte da opinião pública em favor da oposição, já que os atuais governistas nem sonham em criar leis mais duras que deixem de proteger os que vivem à margem da lei e da ordem, que outros temas os opositores de Lula podem explorar na campanha? Muito poucos. Dilma, desse jeito, já pode começar a mandar fazer o vestido da posse. Com uma oposição frágil como essa, no Brasil, o PT vai nadar de braçada.  

Março avança, as conversações políticas também. Todos os políticos de olho na sucessão estadual e nas vagas da Assembléia e Congresso, andam pelo Estado em plena campanha, sem que o TSE interfira. Não há outro tema no Estado, apenas a disputa de outubro próximo. Quem quiser tratar de outras questões, perde seu tempo. Em ano eleitoral, não tem outro assunto mais importante. 

A greve do Sintero, em ano político, está rendendo muitas críticas de parte a parte. A direção do sindicato, que só faz greve contra governos que não são do PT, exige administrar os recursos do Estado e quer aumento obviamente fora da realidade. Já o governador Cassol percorre Rondônia dizendo que o Sintero não quer negociar mas sim fazer palanque político da greve. O assunto está rendendo para ambos os lados. 

A campanha começou mesmo. Agora não a meta é o voto. Por exemplo, o deputado Alexandre Brito, governista, foi à tribuna pedir um salário de oito mínimos para todos os professores. Alguma coisa em torno de 4.080 reais/mês. Mesmo sabendo que os cofres do Estado não suportariam esse investimento. Mas os tempos de palanque estão chegando e, então, vale tudo.

Foram dois dias de calor intenso e, no domingo à noite, parecia que o mundo vinha abaixo. Porto Velho sofreu, durante algumas horas, uma das maiores tempestades dos últimos tempos. Em apenas uma hora, caíram 78,4 litros de água em cada metro quadrado da capital rondoniense. Só podia dar no que deu: a cidade ficou embaixo d´água. 

Novamente, cenas que deveriam deixar os porcalhões envergonhados. O temporal causou danos ainda maiores porque a água não tinha por onde escoar. Várias bocas de lobo e esgotos estavam entupidos com lixo que muitos porto-velhenses continuam jogando nas ruas. Pena que essa sujeira não volte apenas para as casas dos porcalhões. Acaba prejudicando todos, indistintamente. 

Juiz que comete crime recebe uma dura punição: aposentadoria compulsória, com seus altos salários, enquanto viver. É um dos resquícios da época da ditadura militar que permanece até hoje. Está na hora de mudar. Crime é crime e quem o comete não pode ser premiado. Juiz também é cidadão e tem que ser alcançado pelos braços da lei. Mas como é o Brasil, vai se deixando tudo como está...

O presidente Lula deve ter se arrependido de ter ido a Cuba quando um dissidente morreu de greve de fome e, mais ainda, das infelizes declarações que tem dado sobre o assunto. Lula, que vinha sendo elogiado no mundo inteiro como um líder emergente, está embaixo de pau puro da imprensa mundial, por suas infelizes frases sobre os dissidentes cubanos e em apoio ao regime terrível de Fidel Castro. Só perdeu, no episódio. 

Um maluco fanático entra numa casa, se diz Jesus Cristo – pode ser que tenha antes ingerido várias porções do chá conhecido como Santo Daime, que segundo o governo brasileiro não é droga   - e matou duas pessoas. Tragédia. O pior é que a imprensa tem que noticiar que o assassino maluco é “suspeito” do crime. Não é uma hipocrisia absurda? Suspeito, depois de atirar dez vezes contra suas vítimas e matá-las?

Fonte: Sergio Pires - [email protected]  
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