Resenha política 21/09/10

Debate I
Mais um debate entre os candidatos a governador ocorreu na noite desta segunda-feira (20), promovido pelo Sistema de Imagem de TV (Record News), com a presença de todos os postulantes. O debate em si, aquele que era transmitido ao vivo, foi mais uma vez modorrento. Com os candidatos repetindo as mesmices de sempre. Porém, nos intervalos de cada bloco, quando o telespectador não vê, o 'bicho' pegou na plateia que acompanhava o confronto dentro do estúdio.

Debate II
Nos intervalos a cena fica por conta do ex-governador K-Sol, que reagia aos berros a toda crítica dirigida ao seu governo. Ele orientava seu pupilo, K-Ula, a exigir que a direção do debate concedesse direito de resposta a cada crítica. A primeira foi feita pelo candidato do PT, Eduardo Valverde, com ilações sobre possíveis manipulações em licitações de aluguel de máquinas: K-Sol quase pulava da cadeira. Valverde fez de forma genérica, sem dar nomes aos bois. Mas K-Sol sentiu-se atingido e criou a maior confusão.

Debate II
Já no terceiro bloco, quando os candidatos perguntavam entre si, K-Sol ficou totalmente tresloucado ao ouvir um comentário do candidato tucano, Expedito Junior, em acabar com o privilégio dos ex-governadores no sentido de contar com 100 policiais militares para sua segurança pessoal, enquanto a população é vítima da escalda da violência. Aliás, regalia que somente o ex-governador K-Sol possui atualmente.

Debate III
Junior prometeu acabar com a regalia criada por K-Sol. Isso provocou a ira do ex-governador, que gritava histericamente impropérios contra o tucano. Adjetivos nada recomendáveis para quem pretende assumir a magna cadeira senatorial.

Debate IV
Um assessor do governo insatisfeito com as críticas ao senhorio também não se conteve e partiu para cima dos advogados da coligação tucana. O serviçal chegou a ser vaiado por parte da plateia que lotava os estúdios da Record News. Os advogados, Diego Vasconcelos e Márcio Nogueira, mesmo ostentando nervosismo, não se acovardaram ante as agressões do irritado serviçal. O que obrigou ao mediador, Léo Ladeia, pedir civilidade aos presentes.

Debate V
No que pese a tranquilidade do candidato do PPS K-Ula, totalmente inverso do guru político, seu desempenho no debate foi patético, pois sequer conseguia formular uma pergunta. Isso se deveu ao clima hostil dos bastidores criado pelo criador. Justiça seja feita: K-Ula trata os críticos com respeito e elegância. Um gentleman. Mas seu desempenho no debate foi ruim.

Debate VI
Marcos Sussuarana, candidato do PSOL, optou por uma linha ideológica e, ao inquirir os adversários, baixava a 'ripa'. Não escapou nenhum das garras de Sussuarana. Seguiu o mesmo script ácido dos candidatos do PSOL no país. No entanto, não conseguiu constranger os adversários.

Debate VII
Confúcio Moura, candidato do PMDB, também foi bem melhor em relação aos debates anteriores, mas está muito aquém da capacidade que possui. Seu principal problema é utilizar o tempo correto na formulação das perguntas e responder aos questionamentos com mais contundência e objetividade. É visível a falta de traquejo do candidato com programas ao vivo.

Debate VIII
Eduardo Valverde, candidato do PT, continua tendo o melhor desempenho nos debates. É o único que responde as perguntas com algum conteúdo. Além de saber provocar com inteligência o candidato palaciano. Foi dele a primeira crítica ao governo que provocou a fúria de K-Sol.

Debate IX
Nesse debate, indiscutivelmente, o candidato tucano, Expedito Junior, roubou as cenas, tanto quando falava para todos os telespectadores quando para os presentes no estúdio. Aproveitou o tempo das perguntas e respostas com eficiência e ainda foi responsável pelas principais críticas ao atual e ex-governador, provocando as reações tresloucadas de K-Sol. Ele, espertamente, se escalou como o adversário de K-Ula, fazendo o contraponto. Pela pesquisa, quem deveria ter se escalado para o papel era Confúcio Moura.

Debate X
A TV Record News está de parabéns. Foi o melhor debate já organizado. As perguntas feitas pelos colegas jornalistas e a apresentação do veterano e carismático Léo Ladeia comprovaram o profissionalismo da empresa. E os louros do sucesso do debate são estendidos a Everton e Helton Leoni.

Tiro no pé
A tentativa do candidato do PSDB Expedito Junior em buscar uma liminar no STF para conter a revoada que começou após sua impugnação pelo TRE-RO foi um tiro no pé. Seus advogados em Rondônia eram contra a artimanha jurídica, mas foram vencidos pelos colegas brasilienses. Resumo: o estrago feito dificilmente será recuperado e a campanha tucana desmilinguiu.

Última esperança
Expedito Junior, assim como uma reca de candidatos alcançados pela lei da ficha limpa, aguarda a votação do caso Joaquim Roriz no Supremo Tribunal Federal na esperança de revigorar a campanha. O recurso do candidato a governador no Distrito Federal pelo PSC deverá entrar na pauta do STF desta quarta-feira. Ganhando, abre caminho para os colegas impugnados oxigenarem suas campanhas. Perdendo, liquida as esperanças de todos.

Guerra dos números
Nenhuma pesquisa publicada em Rondônia, nem as de consumo interno, batem nos números. Independente dos percentuais, todas apontam para um segundo turno entre o candidato oficial João K-Ula (PPS) e Confúcio Moura (PMDB). Nos próximos dias o Ibope divulga a última deste primeiro turno.

Reação tardia
Em 2002, a candidata petista Fátima Cleide conseguiu uma façanha incrível aos crescer na reta final, passando dos principais candidatos que disputavam as eleições ao Senado Federal. Hoje, também a poucos dias das eleições, a senadora, que é candidata a reeleição, dá sinais de reação. Diferente de 2002, os atuais concorrentes também oscilam para cima, o que indica que a reação pode ser tardia. Mas é um sinal alentador para ela.

Pastor diferente
Com um discurso moderno e bem articulado, o pastor Aluísio, candidato ao Senado pelo PSOL, prova que, mesmo sendo evangélico, não necessita utilizar um discurso xenófobo para engabelar o eleitor e ganhar o voto. Enquanto isso, vemos outros candidatos se arvorando de éticos e moralistas quando, na vida privada, fazem o inverso. Pastor Aluísio é diferente. E aborda as questões complexas para um religioso de forma respeitosa e sem ranço.

Aberração jurídica
A informação divulgada pela assessoria do candidato a reeleição a deputado federal pelo PMDB, Natan Donadon, de que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) teria decidido favorável ao recurso para reformar sua sentença, livrando-o da impugnação, não é verdadeira. A questão arguida pelos seus defensores nada tem a ver com os fatos que levaram o TRE-RO impugnar a candidatura.

Decisão polêmica
Ademais, o TSE afastou de plano qualquer comunicação entre a lei penal e a nova lei da ficha limpa, decretando que não há pena. Por isso não há o que falar em execução antecipada de sentença. Uma decisão controvertida e polêmica, reconheço, mas a corte eleitoral assim decidiu. Aguardemos, pois, o STF enfrentar a questão. O que tem provocado dúvidas nos meios jurídicos.

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 Fonte:  Robson Oliveira - [email protected]
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