Poesias do Velho Porto: Olhos

Olhando nos teus olhos

tive medo do escuro

lanternas naturais

que apagam o meu mundo

janelas da tua alma

que esvaem minha calma

ofegante, ato contínuo

me perco em tua retina

num piscar de suas pálpebras

o instante tão sublime

me transformo em vulcão

e te despejo erupção

as pupilas dilatadas

descompasso cardíaco

fico de mãos atadas

do ritmo ao suspiro

a maquiagem se desmancha

no suor que escorre o rosto

a fumaça do cigarro

se confunde com meu corpo

e no teu globo ocular

me pego em devaneios

num foguete espacial

viajando a Via Láctea

deitado ao teu colo

estou em dois planetas

e logo abaixo no delírio

fenda espacial, meu colírio

e tudo cai por terra

ao meu simples acordar

os meus olhos se abriram

e os seus puseram-se a buscar