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Renato Gomez

Os adesivos e a nova Instituição Familiar



Há quem diga que a família é uma instituição social falida, mas o que vemos é uma sociedade em evolução, quebrando tabus, aceitando as diferenças, e se readaptando a elas. É verdade que alguns desses tabus e diferenças levam tempo para serem aceitos na sociedade, a evolução é lenta, porém contínua. Desta forma, a instituição familiar volta a se fortalecer com apoio das demais instituições sociais (religião, educação...), apresentando uma nova composição, fruto desta readaptação e aceitação social.

Nessa fase de restituição, a família encontrou um aliado para fazer às vezes do “marketing”, e lançou a nova moda de colar adesivo nos automóveis representando os membros da família que neste transitam. Adesivos de vários modelos, tipos e tamanhos, mas todos com o intuito de representar a família. A moda pegou, talvez não com o propósito marqueteiro à Instituição familiar, mas sim porque é moda, e moda pega sem explicação.

Dentre os adesivos, o mais comum continua sendo o das famílias tradicionais: com o pai, a mãe, um ou mais filhos e o animal de estimação. Mas a nova moda também traz a nova realidade da Instituição Familiar. Já vi adesivos apenas com o pai e os filhos, ou com a mãe e os filhos, casais sem filhos e com vários animais de estimação. E não se descarta a possibilidade de um desses considerados tradicionais traduzirem outra realidade: as novas formações familiares, de genitores com novos companheiros e os filhos da união anterior.

Outro dia, presenciei a filha de um amigo (no segundo casamento) brincando com outras crianças de “papai e madrasta”, levando para o lúdico a sua própria realidade e compartilhando com crianças que vivenciam as famílias tradicionais, contribuindo para a evolução da sociedade.

Voltando aos adesivos, o que mais me chamou a atenção foi o de uma mulher (ou adolescente), no meio de dois homens e dois cães. Será o fruto da queda de mais um dos tabus sociais? Dona Flor e seus dois maridos? Uma união homo afetiva e sua filha adotiva? Ou simplesmente três amigos ou irmãos que moram juntos? Não cheguei a uma conclusão. O fato é que a Instituição Familiar, falida para muitos, se reapresenta na sociedade com novas bases, fruto da evolução desta mesma sociedade, dificultando o discernimento entre quem é ovo e quem é galinha (sem entrar nos méritos do nascimento), e deixando evidente a dependência mútua entre ambas.

Existem situações que talvez nem a evolução da sociedade possa reparar com o passar dos anos, mas que os adesivos conseguiram expressar também e tão bem: tradução da solidão, uma mulher entre vários gatos...


Fonte: Renato Gomez - Funcionário Público, Graduado em Letras Português e Pós-Graduando em Pedagogia Empresarial, acadêmico do Curso de Administração Pública, escreve uma coluna semanal no Jornal Diário da Amazônia (às segundas-feiras),  Twitter: @Renato_Gomez

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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