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Renato Gomez

Crônicas do Velho Porto: O bobo da corte


Era uma monarquia contemporânea, onde o príncipe foi criado no meio do povo e tinha ideias um tanto quanto inovadoras, embora meio malucas às vezes. O rei faleceu. O herdeiro ao receber a coroa destituiu todos os conselheiros e nomeou seus amigos de bebedeira como assessores, chefiados pelo Bobo da Corte, que passou a ser o único conselheiro do rei.

Nos primeiros dias de reinado o governante convocou seu bobo conselheiro ou conselheiro bobo, e ordenou que ele realizasse pesquisas junto ao povo para direcionar seu mandato aos interesses populares. O conselheiro que de bobo só tinha a alcunha, interpelou-o: “Se o senhor quer tanto um governo pelo povo, porque não entrega a coroa e convoca eleições, proclamando um estado democrático?” “É exatamente o que vou fazer, e me candidatarei, se for pra mim governar que seja pela vontade do povo.”

E foram abertas as eleições, ficando acertado que o rei permanecesse no trono até a conclusão do certame. Candidataram-se: o próprio monarca, o comerciante mais rico do reino, o ancião mais sábio, e para surpresa de todos, principalmente do descendente da realeza, o comediante da corte.
O rei se valeu em sua campanha das bem feitorias feitas por sua família ao longo da gerações e prometeu muitas outras, alegando que administrar o reino estava em sua veia. O comerciante prometia tornar o reino tão rico quanto ele, uma vez que tinha feito fortuna somente com seu trabalho. Só não mencionava que a fortuna também se devia a trapaças junto aos clientes. O ancião se julgava apto pela vasta sabedoria de vida que possuía. E o bobo se propunha a trazer show para as praças públicas, distribuía comida ao pobres, contava piadas nos comícios, e vez ou outra revelava algum fato engraçado dos bastidores da família real, envergonhando o herdeiro.

No decorrer da campanha, o monarca usou o poder que ainda detinha e realizou obras e projetos como forma de campanha. O ancião continuara com seu discurso cultural, se valendo do seu conhecimento, e afirmando que isso era o necessário para o desenvolvimento. O comerciante injetava todo seu dinheiro em publicidade e compra de votos. E o palhaço candidato continuava com sua política de humor entretendo o povo e ajudando os pobres.

No dia da votação a ansiedade tomava conta dos candidatos, a exceção do comediante. Os estudantes votaram em sua maioria no Ancião. A burguesia dividiu votos entre o príncipe e o comerciante. Mas o povo, a massa eleitoral, votou no bobo, que se elegeu.

O ex-rei acusou o golpe e foi embora do lugar. O comerciante perdeu boa parte de sua fortuna. O ancião constatou: “Cada povo tem o governante que merece.”. E o Bobo em sua comemoração saiu pelas ruas gritando: “Viva o Pão e Circo!”.

 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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