Segunda-feira, 9 de maio de 2011 - 06h06
Algumas pessoas que vem me acompanhando nesta jornada me indagaram sobre quando eu falaria de amor e sentimentos. Pois então, pra não dizer que não falei das flores, cá estou eu atendendo aos pedidos, me valendo de palavras já ditas por meu chara e inspirador, Renato Russo: Como é que se diz eu te amo?
Aposto que você, meu(a) caro(a) leitor(a), tem medo de dizer que ama seus amigos do sexo oposto e ser mal interpretado, dizer que ama os amigos do mesmo sexo e ser mal interpretado, dizer que ama alguém da família, um parente próximo, e ser mal interpretado, dizer que ama seu companheiro(a) e não ser correspondido. E não adianta dizer que é fácil e simples, jogando as palavras ao vento. Dizer de verdade, combinando as palavras e os sentimentos, é mais complicado do que parece.
Às vezes é instintivo. Ora é mecânico, assim no piloto automático, dizendo por dizer. Outrora é apenas respondendo: “Eu também!”. Mas dificilmente atribuímos a estas três palavrinhas a entonação, a emoção, o sentimento, e todos os atributos que elas carregam e representam.
O que se vê são pessoas que se conhecem, transam, juram um amor pra vida inteira, pra pouco tempo depois estarem repetindo o círculo vicioso com outra pessoa. Ouvimos, lemos, assistimos pessoas dizendo: “Ah, o mundo está desse jeito porque está faltando amor no coração das pessoas!”. Mas de fato o que fazem para isso mudar? O que você tem feito para cultivar o amor? A resposta é simples: nada!
O mundo se globalizou e junto com ele os nossos sentimentos também se globalizaram, ficaram práticos, dinâmicos, prontos para acompanhar o ritmo de nossas vidas. O amor é globalizado, é comercial, produto fabricado pela novela. Todos querem um amor de novela, um conto de fadas. E por querer um conto de fadas, preferimos admirar o Casamento Real ao casamento real.
Vemos pessoas que pregam matar em nome de uma religião, que choram a morte de um assassino, comemoramos a morte desse mesmo assassino sem que ele fosse levado a julgamento, por mais culpado de véspera que fosse, merecia um julgamento da mesma forma que merecia a morte. E nessa hora onde estava o amor? O amor que todas as religiões pregam, o amor ao próximo, o amor a Deus sobre todas as coisas.
Parece piegas, utópico, romantismo. Há quem vá me chamar de o último dos românticos. Não, apenas estou atendendo aos pedidos. Ah, mas não falei de amor, mas sim da falta dele. Falei do amor como sentimos hoje em dia, ou como não sentimos. Falei do amor, do “eu te amo” do jeito que propagamos atualmente. Mas a pergunta ainda vaga solta pelo ar, então me digam, como é que se diz eu te amo?