Terça-feira, 12 de abril de 2011 - 14h05
A violência é tão fascinante e nossas vidas são tão normais... (Baader-Meinhof Blues da Legião Urbana) Não, a violência não é fascinante, Renato! Sempre dizia minha mãe, quando eu ouvia essa música. Fã incondicional da Legião, essa frase sempre me chamou atenção por eu perceber que a violência pode realmente nos fascinar.
Qual a página do jornal mais lida na maioria das casas? A policial. Quais as notícias mais acessadas nos sites jornalísticos? Policiais! Odiamos as notícias sobre violência, mas nos alimentamos delas diariamente, os programas de noticias policiais fazem cada vez mais sucesso. Filmes de ação, de guerra, violência gratuita que vende como água. Chegamos ao ponto de ansiar pela violência, querendo que a policia mate o bandido que pratica atos desumanos. Desta forma, fazemos valer a máxima “violência gera violência!”
Algumas mídias aumentam esse fascínio, com seus circos armados, explorando a dor e a tragédia alheias em prol de audiência. É impressionante a ênfase que se dá sobre um ato explicito de violência, e degradante o quão não é enfático uma noticia sobre um ato caridoso ou algo benéfico. Vendem a violência como um produto, que ela é, mas não com a mesma conotação.
A violência é produto social, a sociedade produz assassinos, seqüestradores, ladrões, estelionatários, etc. Como? Em parte pela falta de oportunidades a todos, ou pela má educação oferecida pelo Estado, mas sempre tive a sensação de que mesmo que todos possuíssem condições iguais dentro da sociedade, o socialismo utópico, surgiriam os que querem levar vantagens de forma ilícita, os “loucos” assassinos em massa, os “loucos” assassinos em série, os “loucos” estupradores com distúrbio sexual, etc.
“OS LOUCOS” são sempre loucos, taxados de loucos, mas até que ponto é insanidade? A partir de que ponto é maldade? Loucura seria descarregar armas em traficantes numa boca de fumo, ou invadir o presídio e matar um bocado de assassinos e estupradores. Provavelmente, seria assassinado antes de conseguir matar alguém. Matar inocentes é maldade, crueldade, covardia. Foge aos padrões.
Sim, até a violência tem padrões, e quando foge a esses padrões, perde o fascínio e transmite a mesma sensação de quando se aproxima de nós. Quando caminha sorrateiramente em nossa direção ou de alguém próximo, como um lobo a espreita de sua caça, ao nos abocanhar, o fascínio dá lugar ao estado de choque, o trauma, o medo.
Alô, Alô, Realengo, meus pêsames!!! Alô, Alô, todos que perderam alguém vítima de violência, que sofreram algum tipo de violência, que simplesmente sofrem ou perderam alguém, meus pêsames!!! Alô, Alô, caro leitor, a violência é tão fascinante?