Segunda-feira, 1 de agosto de 2011 - 05h53
Não, bem que poderia ser, mas não é um conto erótico. É a pura realidade da hipocrisia da nossa sociedade. É um exemplo de como julgamos as pessoas e seus atos e falas pelo simples fato de serem famosas. É uma amostra grátis de como as celebridades pagam caro pela fama, não podendo ter opiniões e atitudes contrárias ao conservadorismo falso que se instalou em nosso meio social.
Era uma vez uma menina celebridade, filha de celebridades, que cresceu no mundo das celebridades, e formando uma dupla com seu irmão, se tornou uma celebridade. Era um exemplo de pureza, talvez pelo seu rostinho angelical, talvez pela sua conduta impecável, nunca se envolvendo em escândalos, ou ainda por ser um ícone para as várias crianças que a idolatravam. A menina cresceu, encontrou seu príncipe encantado e se casou, desfez a dupla com o irmão para seguir outros projetos.
De repente, essa menina aparece fazendo propaganda, (fiquei com medo do trocadilho que poderiam fazer com garota propaganda) de uma marca de cerveja. Ora, se a cerveja deseja que nossa protagonista seja sua representante, mesmo com a imagem de boa moça, é problema comercial de ambos. Mas a sociedade demagoga se choca. Oh! Ela bebe! E pior, a cerveja se chama Devassa!!! Oh! Que horror, nosso símbolo de pureza agora se associa à devassidão!!! A menina descobre que seus atos serão julgados pela sua imagem de boa moça, então alega ter “provado” a cerveja e que ser devassa é apenas “gargalhar”, “falar alto”. Pronto! Todo mundo quer um pouco de devassidão!!!
Aurélio Buarque de Holanda deve ter recebido inúmeras cartas de mães hipócritas, digo conservadoras, pedindo para ele mudar o significado de devassa e seus derivados no dicionário, adaptando à nova realidade.
Achando que agora estaria livre dos julgamentos da sociedade e da superexposição desnecessária da mídia, a menina se dá o direito de dizer que “é possível sentir prazer no sexo anal”. DENÚNCIA: lobo mal comeu a Chapeuzinho Vermelho e a Vovozinha! Branca de Neve dá o golpe do baú e foge com os anões! Rapunzel raspa a cabeça! É o fim dos contos de fadas! Novamente ela recebe julgamentos por estar apenas vivendo sua vida e emitindo suas opiniões.
Logo, logo, para salvar sua imagem, ela diz que nunca fez e que só ficou sabendo por amigas e fica tudo bem, a hipocrisia social se satisfaz, a mídia sanguessuga também, até que ela saia da linha novamente.
Moral da história: nem toda história precisa de moral, mesmo que os moralistas não aceitem. As pessoas sejam elas famosas ou não, tem direito de expressar suas opiniões e de viver suas próprias vidas, mesmo que seus atos sejam imorais sob o olhar dos conservadores hipócritas da nossa sociedade. E essa parte da mídia que se dispõe a expor a vida das celebridades deveria ir dar um passeio nos contos de fadas.