Segunda-feira, 18 de abril de 2011 - 06h14
Não, não nasci em Rondônia, mas aqui conquistei tudo que tenho, e aprendi a amar essa terra como um nativo. Não, eu não vou condenar Rafinha Bastos, se essa era sua intenção por aqui, esqueça. Mas também não vou defendê-lo, pois essas piadas são ofensivas e de cunho discriminatório. Um Estado, um grupo social, uma classe social, seja qual for o tipo de massa, se sente ofendido quando uma piada é destinada a si, mas quando é sobre outros grupos, aí pode, pois se torna engraçado.
Há alguns anos, outro programa humorístico denominou Rondônia de Roubônia, em virtude do circo protagonizado nas gravações do ex-governador Ivo Cassol. No episódio, não me lembro de tanta repercussão contra o programa, mesmo a piada denominando Rondônia como uma terra de ladrões.
Agora algumas pessoas se sentem indignadas com as piadas de Rafinha Bastos, e as manifestações surgem de vários segmentos. O sentimento de discriminação é autêntico, mas o discurso não. O discurso é hipócrita, artisticamente hipócrita, ensaiado por todos que se sentem atingidos pela piada, mas que ao ouvirem piadas de mesmo teor sobre outros grupos sociais, caem na gargalhada, fazendo esse discurso cair por terra.
A piada foi infeliz? Sim, foi infeliz. Mas quando o mesmo Rafinha Bastos esteve aqui em seu “Stand Up”, contou piadas semelhantes e muitos dos que agora estão ofendidos riram, e continuarão rindo quando a piada não lhes atingir. A piada de português é engraçada, a do Paraíba, do baiano, do acreano... Mas a de rondoniense não é?
Rondonienses nativos ou rondonienses de coração merecemos respeito, e para ter respeito é preciso se impor, se dar ao respeito. Manifestem-se da mesma forma que se manifestaram contra o humorista, quando se sentirem indignados com obras inacabadas, com corrupção, com desvio de dinheiro público e todas as mazelas políticas que assolam nosso chão.
Não achamos graça, nos indignamos, mas nos deixamos ser motivo de piadas piores, contadas pelos comediantes de colarinho branco que não recebem nem metade dessa indignação, e continuam nos desrespeitando e insultando. É hora de exigir respeito desses humoristas de palanque, pois fomos nós que os elegemos e nosso voto deve ser respeitado e honrado.
Sentirem-se ofendidos com a arte do insulto é um direito, mas dêem-se o direito de sentirem-se ofendidos com o insulto a todos os grupos sociais que forem atacados com esse tipo de “mal- humor” e com o humor que elegemos para nos representar. Vamos fazer valer o bordão SOMOS RONDONIENSES E EXIGIMOS RESPEITO! Do contrário, continuem protagonizando o “Stand Up” coletivo: A arte da hipocrisia!