Domingo, 2 de dezembro de 2007 - 10h22
1 O CASO RENAN
Recomenda-se não alimentar expectativas superlativamente elevadas aos que, desde que a posição do fulano revelou-se um tanto quanto insustentável, estão torcendo para que ao acusado esteja reservado o mesmo destino daquele seu conterrâneo que chegou à Presidência da República e teve que retornar para Alagoas às pressas. Neste caso e nas circunstâncias do momento, os indícios aparentemente inequívocos de que a situação do considerado é para lá de desesperadora não devem confirmar o resultado que estão a sugerir. Pelo menos no que diz respeito ao caso de quebra do decoro parlamentar cuja deliberação está em curso.
Eis que o placar amplamente favorável ao parecer que pede a cassação do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) registrado na semana passada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado não deve se repetir, nesta terça-feira (04), durante a votação em plenário do processo por quebra de decoro parlamentar contra o peemedebista. De acordo com o noticiário de logo após a decisão da CCJ, já naquela ocasião senadores governistas e da oposição manifestaram a convicção de que, com votação secreta no plenário, Renan deve escapar da cassação.
Como se recorda, por 17 votos a
Mas como a CCJ só analisa se há vícios constitucionais no texto da cassação, sem entrar no mérito da eventual quebra de decoro, tanto a oposição quanto os governistas votaram a favor do parecer de Virgílio na comissão. Até, pasme, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), comandante inarredável da tropa de choque que até aqui tem saído em defesa do acusado. Os únicos contrários foram os senadores Epitácio Cafeteira (PTB-MA), Almeida Lima (PMDB-SE) e Gilvam Borges (PMDB-AP), aliados incondicionais de Renan.
2 ACUSAÇÃO FORTE
Em seu voto, Jefferson Péres apontou nada menos que sete indícios de que Renan teria firmado uma sociedade oculta com o usineiro João Lyra para a compra de órgãos de comunicação
Outro elemento contrário a Renan, segundo o relator, é o fato do presidente licenciado do Senado nunca ter interpelado Lyra judicialmente para contestar suas acusações. "Não deixa de causar estranheza que, até o momento, o representado não tenha acionado seu acusador no que se refere às denúncias do corrente processo. Não se tem conhecimento de ação apresentada", sustentou Péres.
Péres admite que Lyra é adversário político de Renan
No outro lado, para o advogado José Fragoso, que fez a defesa de Renan no Conselho de Ética, "não há nenhum registro do senador em nenhuma dessas transações. De acordo com Fragoso, Renan nem precisaria disso para ganhar espaço político. A fonte das acusações, o senhor João Lyra, este sim tem a prática de utilizar laranjas", argumenta.
No entanto, em que pesem a acusação sólida, a defesa frágil e a opinião pública amplamente convencida da culpabilidade do ex-caso da franco-atiradora Mônica Veloso, ainda não deverá ser desta vez que os que torcem pelo retorno de Renan às Alagoas verão seus anseios contemplados. Entre outras coisas, porque o Palácio do Planalto está empenhado até o talo para salvar o mandato do senador alagoano. Como este governo não bate prego sem estopa, em troca de quê? indagar-se-á o leitor mais que nunca coberto de razões.
3 SONHO OPOSICIONISTA
Adiante-se que não é de pouca coisa, embora seja difícil imaginar que, fragilizado como está, Renan tenha tanto a oferecer. Mas tem. Primeiro, o cargo do qual está licenciado, mas pode assumir a qualquer hora, embaraçando os pares, depreciando seu partido e constrangendo a chamada base aliada resultando em confusão e prejuízo para o governo. Quem está acompanhando o sarrabulho vai se sentir tentado a associar o empenho palaciano à votação da prorrogação da CPMF, porquanto os aliados mais fiéis de Renan tenderiam a votar contra a medida caso o governo decidisse entregar o peemedebista às feras. Tem a ver, claro. Evidente que a votação da CPMF tem um peso.
Mas o que importa mesmo ao governo é o cargo de Renan. Não apenas a sua renúncia à Presidência da Casa que essa já está decidida. O que mais preocupa o Planalto, porém, é a sucessão de Renan. Conquanto o presidente em exercício, Tião Viana (PT-AC), tenha ensaiado uma marmota para permanecer no cargo, a plataforma é impossível. O PT já preside a Câmara. Se conseguir comandar também o Senado, o Congresso vira anexo do Planalto. Aliás, vira cozinha, porque com o PMDB governista diz-se que já foi anexado há tempos. Enfim, por ser a bancada majoritária, o PMDB é que tem o direito de indicar o sucessor. A complicação decorre de que há peemedebistas e peemedebistas no Senado. Para transformar a vida de Lula num inferno, basta que, tomado por algum ressentimento, o partido decida indicar um Pedro Simon (RS) ou um Jarbas Vasconcelos (PE) para suceder Renan. É tudo com que sonham as oposições.
E é exatamente com isso que os aliados incondicionais do presidente licenciado do Senado ameaçam Lula e o seu governo. E não se imagine que sejam poucos a ponto de ser só isso uma ameaça. Na votação da CCJ, o grupo já se irritou com o comportamento de Romero Jucá. Na avaliação de um dos senadores deste grupo, o voto do líder do governo poderia contribuir para enfraquecer Renan, já que passaria a idéia de que o Planalto abandonou o presidente licenciado. O governo, portanto vai fazer das tripas coração para salvar o mandato de Renan. A cassação, assim, é uma possibilidade, mas é remota. Na verdade, será zebra. A conferir.
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