Segunda-feira, 17 de dezembro de 2007 - 15h19
O Brasil, país admirado por muitos povos como um paraíso da igualdade e da concórdia, dotado de um povo de índole mansa e boa e despido de preconceitos, na verdade tem uma das sociedades mais injustas do mundo, abriga conflitos terríveis de divergências históricas, tem um povo de índole belicosa e perversa e é eivado de preconceitos dos mais diversos gêneros, tudo isso mascarado por uma dialética oficial ufanista que escamoteia o lado apodrecido da alma nacional e exalta os resquícios das poucas virtudes brasileiras. A sociedade corrupta não se reconhece como tal ou finge não se reconhecer, apontando os políticos como os responsáveis pelas nossas muitas mazelas. Os políticos são os bodes expiatórios que carregam nos ombros os pesados fardos das culpas coletivas e acabam muitas vezes sendo penalizados como se fossem a causa dos males, quando na verdade não passam de efeitos da corrupção enraizada no seio da sociedade nacional. Os políticos constituem de fato uma legião de injustiçados.
Convém que os apressados não deduzam de forma errônea do enunciado que se pretenda aqui dizer que nossos políticos nacionais são santinhos. Não, não são, nem poderiam sê-lo, considerando-se que constituem um substrato social de uma sociedade de poucas virtudes e numerosos vícios. Temos no Brasil,
Na verdade, o político é apenas um refém da sociedade corrompida que lhe outorga o mandato e que lhe cobra um determinado preço por tal mandato. É mais que evidente que o político corrupto só compra a consciência do eleitor que põe a sua consciência (ou inconsciência) à venda. Ninguém pode comprar nada que não esteja à venda, isto é ponto mais que pacífico. Enquanto houver eleitores venais, haverá, também, políticos dispostos a comprá-los, seja ao preço de um saco de cimento, de uma telha, de um bilhete de passagem rodoviária ou aérea, de uma cesta básica, de um par de sapatos, do aviamento de uma receita médica, de uma consulta médica ou até mesmo de dez, vinte, cinqüenta ou cem reais, conforme já foi averiguado pela Justiça em casos diversos, até porque o preço de mercado de um corrupto é sempre irrisório, já que corrupto não tem valor algum, tem apenas utilidade para quem se dispõe a comprá-lo.
Pode até parecer um contra-senso afirmar que o político é a parte passiva da corrupção eleitoral sendo ele o comprador da consciência dos eleitores. Mas não há qualquer contradição nisto, pois quando o político paga o eleitor o faz mediante a chantagem que o eleitor exerce sobre ele, na verdade o político cede a uma extorsão da qual se torna vítima no exato momento em que se apresenta como candidato. Exatamente como nos casos de extorsão mediante seqüestro, o político que paga o eleitor para obter o voto tem o papel passivo do seqüestrado que paga o seqüestrador para salvar a vida e reaver a liberdade perdida. Nesses casos, quem paga é a parte passiva, aliás, como acontece também em muitos casos de pederastia. Portanto, não se pode mais continuar criticando políticos pela corrupção que praticam, pois eles nada mais são que os legítimos representantes da sociedade corrupta com a qual convivemos, fato que lhes garante um eterno lugar ao sol, pois para extirpar a corrupção que grassa na sociedade brasileira por certo seria necessário alguns séculos de continuada doutrinação, isto sem qualquer garantia de que tal doutrinação seria assimilada pela sociedade corrompida há vários séculos...
Fonte: MATIAS MENDES - matiasmendespvh@gmail.com
Membro fundador da Academia de Letras de Rondônia.
Membro correspondente da Academia Taguatinguense de Letras.
Membro correspondente da Academia Paulistana da História.
Membro da Ordem Nacional dos Bandeirantes Mater.
Membro do Instituto Histórico Geografico de Rondônia
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