POLÍTICA & MURUPI 17/09/09

Frase do dia: 

"A diferença entra a genialidade e a estupidez é que a genialidade tem limites." – Ajuda providencial do jornalista Josias de Souza para análise do ato promovido pelo Pânico na TV com a participação do senador Suplicy.

01-Por que a Dilma? I
Em plena crise do mensalão, um petista histórico refutou a minha afirmação de que Lula era maior que o PT dizendo que no PT existiam vários Lulas. O tempo mostrou que me cabia razão. Reeleito, o Lula deveria naturalmente sacar do quadro do PT um político para substituí-lo. De novo Lula mostra ser maior que o PT e, no lugar do político, a técnica Dilma foi a escolha. Transferir votos mesmo com sua enorme popularidade é tarefa temerária e Dilma, a dama de ferro, faz jus ao nome e não decola mesmo com toda a gasolina que Lula injeta no sua pesada carreta, de toda exposição da mídia e do apoio de boa parte do PMDB. A dama não é uma mala. É um edifício.

02-Por que a Dilma? II
Difícil dizer o que se passa na cabeça do Lula e as especulações sobre Dilma para a sucessão, vão desde o “para perder e poder voltar em 2014” até o “por falta de nomes qualificados no PT”. Mas, que existe algo nessa história que tem a ver com Lula e o PT, tem. E se Dilma não emplacar, qual é o plano “B”? Alguém do PT, seria o lógico mas, o nome escolhido por Lula para um eventual plano B é Ciro Gomes do PSB. Faz algum sentido que Lula tenha incentivado a transferência do domicílio eleitoral de Ciro Gomes, do Ceará para São Paulo? E mais: se o PMDB é o aliado natural do PT, por que não ceder o nome para o plano B, já que deve indicar o vice para a candidatura Dilma? Mistérios do Lula.

03-E por que Cahulla?
Para o filósofo Cassol, a opção por Cahula deve-se às suas qualidades – dele Cahulla – como administrador e também um prêmio à lealdade e confiabilidade. E por que não sua irmã Jaqueline, ou o senador Expedito Jr. que já comeram um saco de sal com ele? Se existe um plano B, para o caso do Cahula – outro tanque de guerra – não decolar, deve estar debaixo do chapéu pensador e não passa pelos nomes citados. Cassol não tem problemas com partidos posto que prescinde deles. O que causa estranheza é que parece também não precisar de um candidato competitivo. A menos que Cahula tenha sido escalado para o papel principal do filme “cabra marcado pra morrer”, com o previsível final.

04-Expedito e suas causas possíveis
Foi assim, comendo pelas beiradas, fazendo um jogo de sedução com o PSDB, atuando forte no Senado, aproveitando brechas e espaços, mantendo-se firme na corda bamba com a lâmina da degola no pescoço que Expedito construiu a sua história recente. Jamais negou – inclusive a Cassol – que seu objetivo era o governo do Estado razão pela qual, nem seus adversários concordam com a pecha de ter traído o Cassol. O santo das causas impossíveis normalmente faz milagres para os devotos mas, Expedito, que é político e não santo, opera milagre para si mesmo. Tratado no ninho tucano como um “bico firme”, esta semana ele se encontrou com José Serra e marcou o primeiro tento. Serra virá a Rondônia. Já tem gente rezando para Expedito – o santo – diminuir o arranco do Expedito – senador – que parece ser movido a pilha alcalina que não acaba.

05-PEC – Um rabo de foguete
O Senador Valdir Raupp está disse que “vai deixar com está para ver como é que fica” e reconheceu que as alterações propostas pelos deputados Eduardo Valverde e Mauro Nazif na Câmara de Deputados, estão absolutamente certas. Ocorre que mudanças no texto gerariam uma condição de inconstitucionalidade e a PEC voltaria à Câmara para novas votações. Raupp prevê que poderá sim ocorrer questionamentos mas, que a bancada deverá iniciar negociações com os Ministérios do Planejamento e Fazenda para que Rondônia receba o mesmo tratamento que Amapá e Roraima. Raupp promete urgenciar o seu relatório.

06-Ponte da balsa: ultimato
O Dnit meteu o pé na porta e anunciou: ou faz a ponte no bairro da Balsa, local para onde foi projetada, ou “necas de pitibiribas”. A razão é simples: a ponte é parte do projeto de recuperação da BR 319 que liga Manaus a Porto Velho e a troca de lugar da ponte, implicaria em mudanças no traçado da própria rodovia. Claro que sempre é possível fazer coisas que parecem impossíveis ao primeiro olhar. Vejam o caso da Usina Jirau: o eixo previsto era um entretanto, a mesma força política que influiu de forma decisiva no leilão operou o milagre de mudar o eixo para outro ponto. Marco regulatório, norma jurídico-administrativa, prazo para campanha eleitoral, tudo é relativo abaixo da linha do Equador. Deve ser desvio padrão. Mas, para o Dnit é: “ou calça de veludo ou...” o resto você sabe.

07-Zerando a reputação
A maioria das pessoas zela por sua reputação. Outros porém, se submetem às mais esdrúxulas situações. Alguns por dinheiro, outros por votos e alguns pelo desejo de aparecer apenas. Suplicy, um político sem nódoas e sério, de vez em quando tem uma recaída. Ele já beijou Lula quando o seu projeto “renda mínima de cidadania” foi aprovado, cantou em algumas sessões, bateu de frente com o colega Heráclito na defesa de uma mentira sobre um aeroporto no Maranhão e deu um cartão vermelho ao Sarney. Agora foi mais além com as esquisitices e vestiu uma sunga vermelha a pedido do pedaço de mau caminho – Sabrina Sato – e desfilou no Senado. Ridículo... É para zerar a sua já combalida reputação.

08-Arrumando as caixas da mudança
Dona Lina “Mução”Vieira, que havia despachado sua mudança de Brasília para Natal devia estar pondo as coisas no lugar quando...Bingo! descobriu a agenda com a data em que se encontrou com Dilma Roussef para tratar do famoso rolo do filho do Sarney. Aí foi só procurar mais e encontrou um CD-ROM em que estão gravados e-mails trocados com seus assessores durante 11 meses e vai longe. Arrumar mudança é fogo. Uma coisa aparece e mais outra e... No dia da reunião Lina estava com viagem marcada. Remarcou a passagem para atender a Dilma e...Bingo! a passagem apareceu. Agora é só resta desmentir o desmentido.

09-Remarcando a “rapidinha”
O governo está de olho nas aplicações de curto prazo que só desvalorizam o dólar e encarecem as exportações. O capital especulativo pagará mais imposto quanto menor for o tempo que permanecer no Brasil. Tais investimentos que a “tcurma” da Bolsa de Valores chama de “investimento motel”, pela rotatividade alta, – algumas aplicações são apenas por uma noite – em nada contribuem para a economia e criam distorções na Mesa de Câmbio do BC. Traduzindo: se demorar no quarto, a taxa é menor mas, se for só “uma rapidinha” é mais caro.

10-Os espinhos do Dr Rosinha
Danou-se. Se até o presidente Lula e líderes petistas foram contra a “laranjada do MST”, era de se acreditar qua a CPI do MST fosse vingar. Ledo engano. O governo começou a trabalhar nos bastidores para derrubar pela segunda vez a tentativa da oposição daa CPI. Interlocutores do Palácio do Planto e deputados alinhados com o governo têm conversado com líderes dos 14 partidos aliados para tentar impedir que a investigação ganhe força e na próxima semana o trabalho de convencimento deve ser reforçado. O espinhento deputado Dr. Rosinha disse que vai esperar a oposição protocolar o requerimento para disparar telefonemas cobrando a retirada de assinaturas. Às vezes eu sonho que o Brasil vai melhorar. Aí acordo e dou de cara com a dura realidade. 

Léo Ladeia  -  leoladeia@hotmail.com  
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