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Esron Penha de Menezes

CERTIDAO DE BATISMO DE PORTO VELHO - Por Esron Penha de Menezes


Li, com muita atenção, o artigo do Desembargador Hélio Fonseca, publicado no jornal Alto Madeira, edição de domingo, num 15 de outubro já alguns anos passados.
 
No primeiro parágrafo, quase no final, cita meu nome e relata que escrevi um artigo sobre o assunto, mas desacompanhado de qualquer documento comprobatório. Tenho livros que falam da construção da Madeira Mamoré, sendo: Estrada de Ferro Madeira Mamoré, de Neville Craig; o festejado Ferrovia do Diabo, do emérito historiador Eng. Manoel Rodrigues Ferreira; as Botas do Diabo, de Kurt Falkenburger; Mad Maria, de Marcio Souza; Romance da Madeira Mamoré, de Barros Ferreira, Achegas para a Historia de Porto Velho, de Antonio Cantanhêde, e depoimentos transcritos em meu livro, das paginas 311 a 315, extraídos da conferência proferida em 6 de março de 1936 pelo Cap. Aluisio Pinheiro Ferreira, na sociedade dos amigos de Alberto Torres, e nenhuma dessas pessoas chegam, mesmo de leve, a tocar no assunto.
 
Escrevi uma monografia com a qual conquistei primeiro lugar e um premio de Cr$ 50.000,00 (cinqüenta mil cruzeiros). Nesse trabalho peguei alguma cousa do “affaire” entre o Eng. Carlos Alberto Morsing e o Eng. Júlio Pinkas. Segundo a documentação encontrada em Santo Antônio, parte comida pelas formigas, tanto Morsing quanto Pinkas não se afastaram um passo para abaixo de Santo Antônio.
 
Alias Júlio Pinkas declarou que o levantamento feito pela Comissão Morsing não passava de uma fantasia engendrada nos escritórios do Rio de Janeiro.
 
Aluisio Ferreira, num trecho da sua conferência, diz: “Esta Comissão, depois de dois meses de estada em Santo Antônio onde aportou em março de 1883, teve a mesma sorte dos engenheiros e trabalhadores da casa P & T Collins, pois pereceram entre outros os profissionais Leitão Cunha, Índio do Brasil e Tomaz Cerdeira (em alguns documentos figura como Tomaz Cerqueira). Não obstante, apresentou as plantas de 112 quilômetros de exploração realizada numa época em que a ignorância da profilaxia do impaludismo era o maior obstáculo a qualquer serviço”.
 
Continua: “O trabalho da Comissão Morsing foi encomendo pelo Clube de Engenharia, que proclamou a competência do chefe, mediante parecer firmado por Herculano Pena, André Rebouças, Silva Coutinho, F.P. Passos, Aarão Reis, Carlos Niemeyer, Melo Barreto e P. Mayrink”.
 
Esses dados foram compilados de um artigo escrito por Joaquim Catramby na revista do Clube de Engenharia nº 71 (janeiro e fevereiro de 1941); do livro de Júlio Nogueira intitulado “A Madeira Mamoré, a Bacia do Mamoré, publicado em 1913 pela tipografia do Jornal do Comércio; do artigo de Júlio Pinkas, publicado na revista da sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, III, 4º Boletim – 1887”.
 
O que escrevo, Desembargador Helio Fonseca, leva a minha chancela, guardando do escrito os documentos comprovantes. 
 
Todos os documentos – assinados por seus autores – não falam em Porto Velho, Porto do Velho ou Ponto Velho, região que só foi conhecida quando os empreiteiros May and Jekill, aos quais mais tarde se associou o contabilista Randolph, verificaram a impossibilidade da manobra e armazenamento do material pesado e mandaram seus topógrafos estudarem um local abaixo.
 
Lembro ainda ao Desembargador Hélio Fonseca que depois desses estudos houve entendimentos e até demanda judicial para compra dos terrenos denominado Candelária e Santa Martha, de propriedade de Suarez Hermanos, o primeiro e de Andrés Frandoli, o segundo, que foram adquiridos pela Madeira Mamoré por duas mil libras esterlinas. Os restantes, do igarapé Bueiro até a Praia do Tamanduá, terras de Costa Crespo foram desapropriadas pelo Governo Federal. Desembargador Hélio Fonseca, se não acredita no que eu escrevi, vai chamar muita gente de mentirosa.
 
Não só a mim.

Fonte: Esron Penha de Menezes

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