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Gente de Opinião

Confúcio Moura

Rondônia, usinas e o depois



O Rio Madeira faz milagres. Quem diria que suas águas tinham tanta força? Além do mais pudessem atrair tanto dinheiro, numa verdadeira “bolada” para construções de usinas, estas e outras que ainda virão?
 

Antes, o rio já era importante pelo ouro do seu leito. Pela navegação rumo ao Atlântico. Trazer combustível e fertilizantes. Levar soja, carne, mercadorias. Transportar gente, criatório de peixes, de lendas, de culturas tradicionais ribeirinhas.
 

Foi visivel o impulso de desenvolvimento no Estado. Especialmente em Porto Velho. Aeroporto sempre cheio. Rodovias da mesma forma, preocupante pelo espaço reduzido para milhares de caminhões carregados. Shopping centers, aumento de lojas, maior movimento do setor de serviços.
 

O que fazer depois do milagre das usinas?
 

Não foi este, o de agora, o milagre rondoniense. O milagre aqui, foi Rondônia existir como foi concebido. Como fundamento na pequena propriedade rural, como se diz, um Estado da Reforma Agrária. Que fez muito e pode e deve fazer muito mais.
 

Esta é a pergunta mais intrigante. O pós-usina. Que se faz e que cada um pensa e fala o que bem quiser. O que será de Rondônia depois das delas? No entanto, basta se olhar os exemplos de outras barragens construídas no Brasil e no mundo. A criação de prosperidades temporárias de cidades à beira de garimpos e de barragens.
 

A formação de ciclos econômicos, como verdadeiros efeitos sanfonas. Só tem uma coisa – Rondônia será diferente, Mesmo sabendo que terá um “mormaço” econômico temporário com a conclusão das grandes obras. Ela deixa em seu estuário uma série de legados positivos. Empresas que vieram e ficarão. Gente mais preparada para o trabalho diversificado. Uma juventude que se preocupa com a profissionalização. E um componente novo – que é o de mais produtividade na agricultura e pecuária. Maior inovação tenológica e o aumento de vagas na UNIR – Universidade de Rondônia e faculdades privadas.
 

Uma coisa é certa. O componente político será indispensável para o equilibrio do Estado. Ter vontade política para conduzir este processo novo. Um compromisso verdadeiro do Governo e Prefeitos para uma re-arrumação do Estado. É preciso amadurecer o Estado politicamente. Porque a vontade política correta é capaz de transformar o Estado – muito mais do que o efeito das usinas.
 

A permanente preocupação por mais investimentos em infra-estrutura de portos, duplicação da rodovia 364, a melhor navegabilidade do Rio Madeira.A fartura de energia elétrica. A busca ativa para que a ferrovia atravesse Rondônia inteira até a fronteira com o Peru. A construção da ponte binacional Brasil Bolivia em Guajará-Mirim. O respeito a preservação ambiental, com o desmatamento zero. Regularização de suas terras, urbanas e rurais. Investimento na Fundação Rondônia de Pesquisa.
 

É isto aí e muito mais.
 

A construção da rodovia TRANSRONDONIA, um caminho alternativo à BR 364, saindo de Cerejeiras até Guajará-Mirim. A recuperação de pastagens degradadas. Um novo ensino médio renovado. Uma logística integradora de transportes entre os Estados da Amazônia.
 

Claro que não dá para fazer tudo isto num estalo de dedos. Mas, deve-se planejar e seguir estes caminhos. São soluções de médio prazos que não podem ser esquecidas por nenhum governante do presente e do futuro. Além do mais é não bloquear outras idéias tão importantes quanto estas que cito acima.
 

Muitas vezes, tem alternativas fáceis, baratas, importantes que vem do povo e que os governos devem se apropriar delas para dar fluidez a natureza das coisas.
 

O homem sempre encontra alternativa compensatória. Ainda mais aqui, que não se tem uma cultura enraizada em fortes tradicões culturais milenares e que a mestiçagem rodoniense é o seu maior insumo. O choque de costumes diferentes. As vocações diversificadas. E imensa vitalidade empreendedora de pequenos e médios produtores. Rondônia saberá conduzir o seu futuro com imensa responsabilidade.
 

É o que espero. E conto com esta previsibilidade possível

Fonte: Blog do Confúcio
 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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