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Confúcio Moura

Projeto Bizarrus


É um projeto cultural que nasceu de um impulso de um homem. Marcelo Felice. Felice aqui bem que se casa com o homem que o possui. Ele exala de dentro, para quem não o conhece, mas, que o viu única vez (como é o meu caso) uma energia imantadora. Sai de dentro com suas palavras cadenciadas e cautelosas. E a sua fisionomia é de crença: o sonho pode se transformar em realidade.

Ele por si e outros discípulos, como Cristos ressuscitados, devotaram-se a dura arte de burilar vidas e condutas. Transformar homem considerado perdido em outro homem recuperado, como uma peregrina magia, construída pela repetição de gestos, palavras e atitudes. O que aqui escrevo, veio de curtas palavras ditas por ele, imediatamente após a apresenção da peça teatral conhecida como Bizarrus.

Os atores são presos condenados do nosso sistema rondoniense. Que por tradição tem sido duro e cruel com o homem que cumpre pena. Vi e senti que o teatro foi uma demonstração viva do que é possível fazer para recuperar e reinserir na sociedade um novo homem renascido. E terão outros serviços igualmente importantes para o mesmo objetivo.

Muito bem, saí do teatro, semana passada, mais do que convencido que é possível fazer muito mais. E muito melhor. E o que o Marcelo Felice fez, e todo seu elenco de roteiristas, iluminadores, diretores de palco, psicólogos, cenários e tudo mais, junto com os voluntários da ACUDA (Associação Cultural e de Desenvolvimento do Apenado e Egresso) pode-se fazer muito mais.

O objetivo é a poder transformar sempre. E acreditar permanentemente que se pode mudar o homem. Numa verdadeira demonstração prática da Lei de Newton – da física, ação e reação. Faça o bem e receba o bem.

O poder público deve abrir os seus braços para o novo. Sair da trivialidade enfadonha. De cumprir singelas rotinas. E achar que tudo isto, e só isto basta. Porque não basta. Faz-se pouco e gasta-se muito e mal. Abramos os braços para a força do voluntariado, entidades civis, dos conselhos de proteção, com o juízado criminal, ministério público, igrejas, organizações não governamentais, organizações da sociedade civil com interesse público, enfim, todos -Aprender com eles, ser diferente e mudar o sistema desumano e constrangedor.

Como dizia Voltaire: “só os ignorantes não mudam”. Eu assisti aos atores (presos) dar um verdadeiro show de interpretação. Um sucesso admirável. Bizarrus, não é tão bizarro assim.

Fonte: Blog do Confúcio


 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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