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Gente de Opinião

Confúcio Moura

Olá meu peixe! Tudo bem?


Meu peixe com cara de amigo. Meu amigo. E o peixe só pode ser amigo dos rondonienses, porque tem tanta água, poço, lago, rio, até na terra, se escavando dá. Dá peixe. Como se fosse também, um produto agricultável. Uma semente que germinaria na terra escavada. Peixe, planta, plancton. Vem a riqueza. A comida que farta, que falta em muitas mesas.

O lambari aparece. Traíra também. Pode represar água, sem nada dentro. Daí alguns dias está lá a traíra e o lambari. Será que eles vem de geração espontânea? Brotam da terra que nem praga. Tem gente que diz que eles vem nos bicos dos passarinhos e das aves pernaltas que voam pelos descampados e pousam nas águas para beliscar alguma coisa.

O bagre é outro resistente. Do mesmo jeito dos outros. No criatório de cativeiro, em tanque escavado, melhor que jogue ali alguns piraracus para comer estes bichos naturais, que tem sabor incomparável, valor comercial escasso. Filé de traíra é delicioso. O piraracu não, este é de uma nobreza amazônica. Tem futuro, pode ter, mas, tem mais passado, dito e redito pela sabedoria popular, pelo caboclo sumido nos confins do mundo.

Estou contando história de peixe cara-de-pau, que surge nos tanques sem origem certa, para louvar a visita ontem, aqui no Estado do Ministro de Pesca Luiz Sérgio. Bem-aventurado seja. Porque a criação de peixe entrou na vida do rondoniense com muita força. E ninguém segura este movimento do peixe. Que veio agora no cativeiro, que havia livre nos rios, que não pode ser modismo, tem que ser verdade, que não venha peste, desdita, como no cedro mara, seringueira, cacaueiro. Nativo e segredoso, que dói aqui, fracassa o plantio e verdeja em São Paulo (seringueira). Que não venha sigatoga-negra no peixe, que se deu na banana e que tudo seja festejado com o louvor da esperança.

Aí sim, Rondônia ficará mais completa. Pegará de certo, inteira, a fisionomia da Amazônia. Um Estado sanduíche entre dois extremos – como disse num meu discurso, o Mato Grosso e o Acre. Um tem a cara do agronegócio, soja, algodão, milho, o outro a floresta em pé como fundamento da prosperidade. Rondonia fica no meio, tendo o direito de ser diferente, portanto, de ser tudo.

Rondônia é um punhado de tudo. Tem comércio forte, serviço, indústria, minerais de mão cheia, floresta, boi, leite, argila, pedra, negócios, oportunidades. Um rumo diferente, mais perto do epicentro da América Latina. Uma hidrovia incomparável. Rodovias. Vem atrás a ferrovia, virá integrando o imaginário de Rondon. Multimodalidade de transporte. E energia.

O foco é que em cada propriedade haja um hectare de lâmina d’água para criar peixe. Pode ser tambaqui, pintado, pirarucu e outros mais. Couro ou espinha, criando-se dá. Com um hectare o agricultor familiar terá renda e vida bem melhor. O peixe dá lucro. Venha!

Venha você também, meu peixe.

Fonte: Blog do Confúcio

 

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