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CHUTANDO O BALDE

CHUTANDO O BALDE: 'PÁTRIA DE CHUTEIRAS'


CHUTANDO O BALDE:  'PÁTRIA DE CHUTEIRAS' - Gente de Opinião

"PÁTRIA DE CHUTEIRAS”

 

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William Haverly Martins

Impossível ficar alheio a um jogo de futebol envolvendo a seleção brasileira, mesmo quando se toma de 7 X 1, ou a uma eleição na Câmara Baixa do país, definidora do destino político da Nação, refém de um grupo de parlamentares envolvidos nas mais vis ações, denunciadas pelo MPF. Nesse caso pouco importa o placar 251 (pró-engavetamento das denúncias) X 233 (pró-encaminhamento do processo ao STF). Importa aqui um comparativo sobre a diferença de público daquela derrota do Brasil em 2014, que deixou 90% da população triste e remoendo seu complexo de vira-lata, e a decisão de ontem, na Câmara dos Deputados, que, segundo estimativa das TVs, foi acompanhada por cerca de 10% da população, confirmando a condição, eu não diria de viralatismo da maioria desinformada de nosso povo, em relação às nações de Primeiro Mundo, mas de total desinteresse, por assuntos que, de certa forma, estão no âmago das nossas desigualdades sociais.

Dos países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), considerados em desenvolvimento, o Brasil é o único que assiste, ao longo dos anos, a mudança de gerações, de presidentes, de formas de governo, sem que haja um mínimo esforço pelo arrefecimento das desigualdades sociais: quando surge um Lula, oriundo do operariado, logo aparece a barriga maior do que a fome a ser saciada, e tudo termina em corrupção. 

Parece que o povo brasileiro já se acostumou com as discrepâncias, com a condição de “vaca de presépio”, a ponto de vê-las como parte “natural” da paisagem social, e nem sequer dispensa um pouco de seu tempo para raciocinar sobre o país, que continua nas mãos de feudos políticos, colocados no poder por um dispositivo democrático constitucional utilizado pela massa: o voto. Se bem usado, esse dispositivo poderia diminuir a corrupção, melhorar as condições de vida e, quiçá, elevar o país ao patamar dos que possuem educação de qualidade, segurança, acesso à saúde pública e privada, e a mais de uma alimentação por dia.

Michel Temer escapou da PGR e, embora fazendo força para urinar numa bolsa extracorpórea, ao sair do hospital, estampou um sorriso hipócrita nos lábios, como se um aviso aos expectadores, parafraseando D. Pedro I no “Dia do Fico”: “Como é para o bem da economia e infelicidade geral da nação, diga ao povo que, mesmo corrupto, “estou” presidente do Brasil até dezembro de 2018.”

Conhecendo a política brasileira como conheço, arrisco um prognóstico sombrio: se a seleção brasileira ganhar o campeonato mundial na Rússia, e ainda houver tempo legal, Temer receberá seus jogadores no Palácio do Planalto e sairá candidato a presidente, com Neymar de cabo eleitoral, e usando a premissa de que o Brasil só foi campeão porque ele era o presidente. O emotivo público brasileiro é capaz de reconduzi-lo ao poder; assim voltará a ter foro privilegiado por mais um período, para espanto dos que esperam que ele seja processado, após o atual mandato.

O público expectador, de pouca memória, já não lembrará das falcatruas cometidas por Temer, ao longo dos 81 anos de idade, metade do STF já comerá na mão dele, a outra metade estará sofrendo de Alzheimer, e ele, ou morrerá no exercício do poder, rindo do Janot, ou nos braços da sua amada, 43 anos mais nova, pouco se preocupando com possíveis erupções na testa.

A Pátria de Chuteiras, expressão cunhada por Nelson Rodrigues, terra da igualdade constitucional dos desiguais, continuará vivendo a ficção jurídica: onde não há distinção entre homens e mulheres, onde todos tem o direito de viver livres, com segurança, propriedade garantida e, sobretudo, com a igualdade de tratamento que todos sempre sonharam, independentemente de crença religiosa ou convicção filosófica e política.

Chutando o Balde permanecerá à espera de Godot, leia-se EB, por amor a esta Pátria, torcendo para que o público se reconheça povo e tome atitude.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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