Os distritos de Porto Velho terão grande peso nas eleições de outubro

O desafio da BR-319

“Direita” e “esquerda” são classificações mortas. A eleição de Javier Milei, na Argentina, reduziu a pó qualquer diferença, pois ele ao mesmo tempo encarna o ultraliberalismo (que caracteriza a direita) e a luta contra as castas privilegiadas (posição historicamente de esquerda). É possível que os debates mais profundos sobre a Amazônia estejam pondo o presidente Lula da Silva no mesmo plano: de um lado, faz discursos considerados de esquerda e de outro adota práticas típicas dos liberais direitistas.

No caso do asfaltamento da Rodovia BR-319, uma proposta originada na esfera liberal, a esquerda consideraria a obra uma grave ameaça climática. Prioridade liberal-progressista, a obra conta com amplo apoio na sociedade e adeptos entusiastas também dentro do governo federal. Mas para os movimentos ambientalistas, que apesar de geralmente liberais são considerados eventualmente de esquerda, asfaltar a BR-319 significa desencadear saltos zoonóticos, ameaçando a humanidade com novas pandemias.

Há dúvidas quanto à ginástica que o presidente Lula fará para conciliar seu discurso antidesmatamento e a obra rodoviária condenada pelos ambientalistas. Milei falou mal do papa e do presidente chinês Xi Jinping e em seguida foi abraçar Francisco no Vaticano e pediu ajuda à China para pagar o FMI. É um contorcionismo difícil de explicar, mas talvez Lula saiba a receita.

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O peso dos distritos

Com mais de 20 distritos e tantas outras localidades rurais, que receberam nos últimos anos contingentes de migrantes de outras regiões do estado, os distritos de Porto Velho terão grande peso nas eleições municipais de outubro. O município conta com 460 mil habitantes e os distritos e povoados, cerca de 80 mil. Distritos como Extrema, Vista Alegre, Jacy-Paraná e União Bandeirantes criaram asas e devem se unir em torno da bandeira da emancipação nos próximos dois anos, elegendo representantes locais. Dos possíveis candidatos á prefeitura da capital, Mariana Carvalho e Leo Moraes, neste momento estão melhor situados na zona rural na peleja do Prédio do Relógio. 

Madeira Mamoré

Mesmo avaliado pelas suas pesquisas com 85 por cento de aprovação popular (...nas minhas contas tem 20 por cento a menos neste inverno amazônico), o prefeito Hildon Chaves (PSDB) recebe muitas críticas pelo enorme atraso na inauguração das reformas do Complexo da Estrada de Ferro Madeira Mamoré. Também é objeto de reclamações da população em vários bairros alagados e sem perspectivas de drenagem e asfaltamento ainda na sua gestão. De outro lado, tem como maior carta na manga, a inauguração da nova rodoviária que deverá acontecer antes da eleição, compensando eventuais desgastes

A transferência

A oposição em Porto Velho faz suas contas e não acredita que o prefeito Hildon Chaves (PSDB) consiga transferir sua popularidade para sua candidata à prefeitura Mariana Carvalho (Republicanos) nas eleições de outubro. Cita, como exemplo, o nome de um dos políticos mais poderosos que não consegue transferir prestigio aos ungidos, caso do ex-governador Ivo Cassol. Aos oposicionistas de pouca fé, lembro que Hildão conseguiu transferir - e muitos! – seus votos para a reeleição em 2022 do então desacreditado governador Marcos Rocha e uma votação excepcional ao Senado para Mariana “Minhoca” Carvalho.

Em Candeias

Depois de idas e vindas, recursos protelatórios do prefeito tampão Aussemir de Almeida que pretendia permanecer no cargo até o final do mandato, foi ratificada a eleição no município de Candeias do Jamari em 9 de junho. O prefeito eleito terá pouco tempo para estabelecer a ordem e a moralidade perdidas nos últimos anos já que deixará o cargo em janeiro. Vai sobrar muito trabalho para o próximo alcaide eleito em outubro porque as finanças da municipalidade estão em cacos tanta dilapidação com o erário. Sabe-se que existem pelo menos dois nomes na disputa deste ano: o ex-deputado federal Lindomar Garçom (Republicanos) e o ex-deputado estadual Ribamar Araújo (PL)

O protagonismo

Livre das amarras da inelegibilidade, o clã Donadon pretende retomar o protagonismo no Cone Sul rondoniense. Com a saúde recuperada, o ex-prefeito Melki Donadon está na busca do Palácio dos Parecis, sede da prefeitura de Vilhena nas eleições de outubro deste ano, o ex-deputado federal Natan Donadon com uma cadeira na Câmara dos Deputados em 2026, além da manutenção da deputada estadual Rosangela Donadon, esposa do ex-presidente Marcos Antônio, na ALERO. O auge dos Donadons ocorreu na década de 90 e Melki chegou a ser cotado como favorito na disputa do governo estadual em 1998.

Pela reeleição

Os prefeitos de Ariquemes Carla Redano, de Ji-Paraná, Esaú Fonseca, de Cacoal Adailton Fúria abrem a luta pela reeleição com boas chances de sucesso. Já costuram alianças, formam chapas para a vereança e se preparam para enfrentar opositores ferozes na jornada 2024. Em Jaru, onde o atual prefeito Joãozinho Gonçalves não poderá disputar mais uma reeleição, ele emprestará seu prestigio ao seu candidato Dr. Luiz do Hospital, favorito na peleja contra o clã dos Muletas. Joãozinho é um dos melhores prefeitos da atual geração.  As urnas devem confirmar, portanto, seu candidato, para dar continuidade ao seu trabalho.

Via Direta

*** Lembrando que a janela partidária aberta nestas eleições vale apenas para vereadores, mas parlamentares estaduais ou federais podem trocar de partidos mediante acordo com os diretórios regionais *** De volta ao cenário político, o ex-governador Valdir Raupp soma muito nas articulações do partido para as eleições municipais de outubro em todo estado *** O MDB prepara candidatos competitivos nos principais polos regionais do estado e projeta uma dobradinha Confúcio ao governo e Raupp ao Senado em 2026 *** O Acre é um dos maiores exemplos das mudanças climáticas no Brasil e no mundo. A um mês atrás enfrentava a pior seca de todos os tempos, agora uma das maiores enchentes de toda sua histórica.