Segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021 - 13h18
Quando aqui
cheguei, trazido pelos meus pais, Porto Velho era uma cidade calma e de povo
pacato. Cresci e tornei-me adulto nesse clima de suavidade e paz. Era comum
passar o domingo ou feriado em casa de um amigo ou parente. A impressão era de
que as famílias viviam ao compasso de um só coração e sob o influxo de uma só
alma. Quando acontecia um assalto, um crime, uma sensação de assombro agitava a
população. Era assunto para muito tempo.
Como eu
disse, aqui cresci, tornei-me adulto e deitei raízes. Nesse período, a minha
Porto Velho passou por um profundo e doloroso processo de transfiguração urbana
e social, tornando-se uma cidade dominada pelo medo, agitada e sacudida por
marginais de todos os matizes, que cometem seus delitos com a mesma
tranquilidade de quem descarta um papel inútil, confiantes na impunidade.
Criminosos impunes e crimes insolúveis.
Vários são os
fatores que contribuem para esse clima de beligerância. Deixo a analise para os
estudiosos no assunto, mas destaco a ausência de Deus no coração de muitos como
um dos principais motivos para essa onda de terror que intranquiliza a todos.
Deus é o grande ausente do lar, da escola, da repartição e da vida pública.
Desapareceu o temor de Deus, que é o princípio da sabedoria, como ensina a
Sagrada Escritura.
O amor
esfriou no coração de muitos, abrindo, assim, as portas para os atos mais
torpes e os crimes mais nefandos. Sem a presença de Deus estaríamos perdidos
nesse mundo, como um carro sem freio, ou um barco à deriva em meio à borrasca.
Já caminho para os sessenta anos, com a graça de Deus, e muito me entristece
verificar que minha cidade mudou profundamente de aspecto, com feição
completamente diferente da que eu encontrei quando aqui desembarquei, deixando
de ser aquela Porto Velha tranquila para transformar-se numa cidade perturbada,
marcada pelo signo da maldade do crime e da rapinagem.
Só suas excelências não veem o caos
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