Sexta-feira, 30 de setembro de 2016 - 14h39
247 – "Prestes a completar um mês na Presidência da República, Michel Temer fez um diagnóstico da situação econômica do país durante o Exame Fórum 2016..."
Assim começa a reportagem da revista Exame sobre a participação de Temer num evento promovido pela Editora da Abril na manhã desta sexta-feira.
Ops, mas peraí. Quando foi mesmo que Temer assumiu a presidência da República? Na realidade, ele e Henrique Meirelles assumiram seus cargos no dia 13 de maio de 2016. Lá se vão portanto quase cinco meses – e não apenas um mês.
Para Exame, no entanto, encurtar a presidência de Temer é algo que faz sentido. Ajuda a construir a tese de que o desastre econômico atual foi "herdado" da presidente Dilma Rousseff – e não construído pela conspiração política de 2015/2016 e aprofundado pela inépcia de Meirelles e sua equipe.
“Nós encontramos um país que acumula trimestres consecutivos de queda do PIB e com inflação crescente. Chegamos a quase 12 milhões de desempregados”, disse ele; “Não quero que falem que esses passivos são nossos”, disse Temer.
Ocorre que, em cinco meses, Temer já teria tido tempo suficiente para melhorar pelo menos um indicador econômico. Mas não conseguiu nada.
O déficit fiscal foi ampliado de R$ 70 bilhões para R$ 170 bilhões – e ainda assim a meta pode ser estourada.
A inflação, mesmo na mais profunda recessão da história, não foi contida e o IGP-M acumulou 10,6% em doze meses.
Nos últimos três meses, sob Temer e Meirelles, 240 mil empregos com carteira assinada foram eliminados.
Como o governo assumiu o discurso de que não pode enfrentar a crise fiscal com aumentos de impostos, como a CPMF, o rombo de agosto, de mais de R$ 20 bilhões, foi o maior de todos os tempos.
No entanto, como disse Temer, no Fórum Exame, "não quero que falem que esses passivos são nossos".
Para Abril, ele governa há apenas um mês. Para que mentir? Para tentar consolidar a tese da herança maldita – uma tese que não será possível empurrar por muito mais tempo.
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