Terça-feira, 16 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

Saudades da Ditadura - Por Professor Nazareno



Professor Nazareno*

Em março de 1964 eu tinha apenas cinco anos. Em março de 1985 eu estava, óbvio, com 26. Este período foi a melhor fase que vivi em toda a minha vida e que coincidiu na política nacional com o chamado período da Ditadura Militar. Aqueles “anos dourados inesquecíveis” foram para mim uma espécie de “meus verdes anos”. Para o nosso país também foi. Éramos competentemente governados pelos militares que em nome do capitalismo e para defender os interesses dos mais pobres deram um golpe no latifundiário e dono de terras João Goulart e em todas as instituições que defendiam equivocadamente as aspirações democráticas. Bons tempos aqueles: éramos felizes e não sabíamos. Vivíamos no paraíso. Uma espécie de terra dos Smurfs sem o Gargamel. A Ditadura Militar foi uma panaceia milagreira que fazia jorrar mel e leite das ruas.

Naquela áurea época havia coelhinhos saltitantes e borboletas azuis em todos os recantos do país. Tudo funcionava maravilhosamente bem e as pessoas não tinham sequer a tola vontade de votar para presidente, prefeito das capitais ou mesmo governador. Corrupção não havia e o que se arrecadava em impostos era tudo empregado para o bem da sociedade. O nosso país crescia folgadamente a 15 ou 20 por cento ao ano e tínhamos amplo reconhecimento internacional. A nossa educação era de Primeiro Mundo e só não ganhamos várias vezes um Prêmio Nobel por que nunca fizemos questão dessas “coisas pequenas”. Os nossos militares descartavam anualmente a indicação para o Oscar e os Estados Unidos assim como vários países europeus e o Japão guiavam suas sociedades a partir do que viam no Brasil. Éramos melhor que eles.

Não havia essa violência que vemos hoje e quase não tinha pessoas presas a não ser aquelas que queriam mesmo estar nas cadeias como alguns estudantes insolentes e alguns sujeitos metidos a oposicionistas e os provocadores da esquerda. A liberdade grassava em todos os níveis. Todas as minorias eram respeitadas e até os indígenas tinham uma política só para eles. O governo militar criou o Mobral para alfabetizar todos os cidadãos que quisessem. Preocupados também com a cultura, os militares incentivaram todas as formas de arte e expressão. Censura “quase” não havia e qualquer um podia se expressar livremente. A nossa dívida externa mostrava a credibilidade do país ante o mercado externo. Ainda teve o milagre econômico. E se houve DOI- CODI, torturas, AI-5 e exílio foram apenas meras formalidades para melhor se governar.

Mas como tudo o que é bom dura pouco, os civis tomaram de assalto o poder e lamentavelmente instalaram a famigerada democracia entre os brasileiros. De 1985 aos dias de hoje, vivemos de solavanco em solavanco tentando acertar e nada parece dar certo. A roubalheira tomou conta da sociedade, a imoralidade dá as cartas, a crise de representatividade só aumenta, a insatisfação popular não para e a corrupção nunca acaba. Vivemos tempos difíceis. Se os militares dessem, para a nossa sorte, outro golpe militar as coisas entrariam no eixo mais uma vez. E como num passe de mágica, general no poder, a corrupção acabaria no dia seguinte. Nossas escolas teriam de volta as disciplinas Educação Moral e Cívica e OSPB, o Estado não seria mais laico e a nossa bandeira não mudaria de cor jamais. Não sei o que os “milicos” estão esperando, pois quando tiraram a Dilma e o PT as coisas melhoraram e muito. Só não vê quem não quer.

*É Professor em Porto Velho.

Gente de OpiniãoTerça-feira, 16 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Empresários pagam muito caro por taxa de resíduos sólidos para uma cidade tão suja, diz presidente a ACR

Empresários pagam muito caro por taxa de resíduos sólidos para uma cidade tão suja, diz presidente a ACR

O presidente da Associação Comercial de Rondônia (ACR), Vanderlei Oriani, fez um desabafo na segunda-feira 15.04, ao comentar o absurdo de mais uma

Fora do páreo

Fora do páreo

Como é de conhecimento público, o deputado federal Fernando Máximo está fora da disputa pela prefeitura de Porto Velho. Seu partido, União Brasil, p

O aumento da corrupção no país: Brasil, que país é este?

O aumento da corrupção no país: Brasil, que país é este?

Recentemente, a revista The Economist, talvez a mais importante publicação sobre a economia do mundo, mostrou, um retrato vergonhoso para o Brasil n

Espero que não aconteça com a doutora Euma o mesmo que aconteceu com o doutor Walter

Espero que não aconteça com a doutora Euma o mesmo que aconteceu com o doutor Walter

Experiente, lúcida, dotada de extraordinária capacidade intelectual e de uma visão aquilina dos assuntos pertinentes à sua cidade, Euma Tourinho pod

Gente de Opinião Terça-feira, 16 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)