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Francisco Matias

RONDÔNIA E O 21 DE ABRIL – PARTE II


           

FRANCISCO MATIAS ESCREVE
 

RONDÔNIA E O 21 DE ABRIL – PARTE II - Gente de Opinião

 Vista dos prédios do Senado (à esquerda) e da Câmara dos Deputados (à direita)

1.Nesta 5ª. feira, 21 de abril 2016, o Brasil comemorou três datas muito importantes para sua formação histórica e política. A morte de Tiradentes, a fundação de Brasília e a morte de Tancredo Neves. Mas o feriado nacional é mesmo em homenagem ao herói da Inconfidência Mineira, que em 1792, seguindo o rastro da Revolução Francesa e os ditames da Maçonaria, liderou um movimento, iniciado nas áreas mineradoras das Minas Gerais, estendeu-se a São Paulo e tomou forma no Rio de Janeiro. Na época, o Brasil não existia como nação, posto que era uma colônia de Portugal de onde a Corte retirava ouro, prata e diamantes para sustentar a Coroa e as mordomias de reis, rainhas, príncipes, da burguesia e, claro da Santa Madre Igreja Católica. Tiradentes, oficial da polícia da época, reuniu um grupo de pessoas, principalmente intelectuais, mas havia militares, advogados, desembargadores e até coletores de impostos e formou o que se convencionou chamar de Inconfidentes. Denunciado por meio de uma delação premiada, por um dos companheiros, no caso Joaquim Silvério dos Reis, foi condenado à morte por enforcamento, fato ocorrido no dia 21 de abril de 1792.

2.BRASÍLIA – 56 ANOS – A inauguração de Brasília, em 21 de abril de 1960, foi o marco divisor de um Brasil rural, oligarca e atrasado, para o país de economia emergente de hoje em dia. Ouvindo um programa de rádio, em rede estadual, ouvi o apresentador comentar sobre os males de Brasília. Corrupção. Corrupção. Corrupção. Não é culpa da cidade que não foi construída para este fim. É a sede dos três Poderes, a capital da Republica Federativa do Brasil. Sua arquitetura é das mais avançadas e é Patrimônio da humanidade. O arquiteto Oscar Niemeyer e o engenheiro Lúcio Costa deram o melhor de seus conhecimentos técnicos para edificar a mais moderna capital do mundo. Se há corrupção é exatamente por ser o centro do poder. Poderia ser o Rio de Janeiro ou outra cidade qualquer. Não se pode ver Brasília como responsável pelas mazelas partidárias e políticas do país. Os corruptos e os corruptores são os que detêm o Poder. Ali está a maior concentração humana do país. A maior densidade demográfica, 488 habitantes por km quadrado.

3.A morte do presidente Tancredo de Almeida Neves, primeiro presidente civil pós ditadura militar e fundador da Nova República, ocorreu, segundo versões oficiais, em 21 de abril de 1985 e causou arrepios à Nação e tremores à recém-instalada democracia brasileira. Eleito em 15 de janeiro daquele ano por um Colégio Eleitoral, Tancredo Neves tornou-se o primeiro presidente civil depois da derrocada do regime militar. Foi o melhor presidente que o Brasil quase chegou a ter. No dia da posse ele foi internado em um hospital de Brasil e mudou o Brasil. Em consequência, assumiu o vice-presidente, José Sarney, que enfrentou um verdadeiro calvário político e econômico, lançou o Plano Cruzado, convocou uma assembleia Nacional Constituinte, não conseguiu debelar a inflação galopante e terminou senador pelo Amapá. Do Maranhão ao Amapá, do PDS ao PMDB, Tancredo Neves e José Sarney tiveram grande influência na vida política de Rondônia. Tancredo Neves, candidato a presidente, visitou Rondônia no final de 1984. Estava em busca dos votos dos delegados do Estado ao Colégio Eleitoral. Foi recebido pelo presidente da Assembleia, deputado José Bianco, e pelo 1º. Secretário, deputado Oswaldo Piana. De ambos, recebeu a garantia dos votos da direita, que agora estava contra o candidato do PDS, Paulo Maluf.

4.Seja como for, a Nova República e a redemocratização do país tiveram em Tancredo Neves a principal expressão de liberdade e cidadania. Em Porto Velho, como no Estado em geral, existem várias homenagens ao presidente morto naquele 21 de abril de 1985. São bairro (na zona leste), rua (na zona sul), escolas. Enfim, são homenagens justas a um homem justo. Tancredo de Almeida Neves, político mineiro, foi de tudo na política nacional, até 1º Ministro por duas vezes e signatário da lei que criou o estado do Acre. Mas não conseguiu ser o que mais queria ser: governante do Brasil.
Historiador e analista político(*)

Da Academia de Letras de Rondônia,ARL, do Instituto Histórico e Geográfico de Rondônia e da Sociedade Brasileira de Pesquisa Histórica.
Porto Velho, 21.04.2016
 

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