Segunda-feira, 18 de setembro de 2006 - 12h54
Tudo bem: posso estar indo contra a correnteza, até porque meu conhecimento de regras gramaticais é da espessura do meu dedo mínimo da mão direita. Mas, se fosse perguntado a você caro leitor - "Vamos fazer a diferença?": saberia responder? Não se sabe, eu hein! Qual diferença?
Essa frase pretende o quê? Essa frase (expressão verbal de um pensamento) é ambígua. Não aponta para um sentido preciso. Falta-lhe um complemento.
Para que se torne "respondível" (como diria aquele ex-famoso ex-ministro Magri do governo do ex-presidente Collor) tanto para o leitor como para este escriba, que tal substituir-se a preposição a e o substantivo feminino diferença pelo adjetivo diferente? "Vamos fazer diferente!" (Embora, em termos político-eleitoreiros, tanto aqui na província quanto lá no planalto dê no mesmo: o candidato quer mesmo é o voto do eleitor desinformado, e haja decepção depois do eleitor afanado: seja no legislativo ou no executivo ).
De plano, sou o primeiro a reconhecer que posso estar enganado e não seria esta a primeira vez, em meter meu dedo mínimo, repito, na taça de cristal da sabedoria dos estudiosos do nosso vernáculo, etc. Mas, no mínimo, falta clareza e conseqüência àquela frase, e curiosamente a moda pega, o modismo "fazer a diferença" pegou.
Haja vista mais estes outros modismos, já ultrapassados: "a nível de...", "tipo...(para hora ou local, etc)", sem esquecer de mencionar o "gerundismo" (proveniente do telemarkting, etc): "vamos estar fazendo...", vamos estar ligando...", "vamos estar pedindo...", etc; e, o assim chamado "queísmo" (repetição "ad nauseam" do vocábulo que): vamos fazer de conta que você entendeu o que aquele candidato que mau fala e que escreve pior, que ele faz mesmo a diferença, só que na prática, não se sabe que diferença é essa que ele insiste tanto em dizer que é capaz de fazer.
Consulte-se o Aurélio, o Houaiss, o Michaelis ou o VejaLarousse: diferença, significa o quê? Encontra-se lá o exato significado desse vocábulo. Tirante o aritmético, ("resultado da operação de subtração"), tem-se mais estes: - "Caráter que distingue um ser de outro, uma coisa de outra. Qualidade do que é diverso; disparidade. Falta de semelhança; desigualdade."
Que sentido o leitor entende ocultar esta frase: - "Vamos fazer a diferença." De que descuidado ponto de vista: político? ético? administrativo? honestidade? competência? responsabilidade? aritmético? O que está embutido em frase, volto a repetir, tão ambígua?
Campanha recente, com o mote - "O dia de fazer a diferença", teve dia (faltou dizer a hora) previamente marcado: 27 de agosto, próximo passado. Salvo melhor juízo, e bota juízo nisso, a frase contém a mesma ambigüidade "Diferença" escrita e falada a mancheias. Dá para acreditar, caro leitor? Eu não. E ponto.
Teria mais e melhor sentido se fosse dito assim: vamos fazer a soma (ou, a somatória) de esforços (ou, trabalhos) para atingirmos nossa meta (ou, objetivo) depois dessas eleições de 2006; o dia de fazer a diferença (ou, diferente) entre a eleição passada e a próxima , para eleger-se os melhores candidatos, será no dia primeiro de outubro de 2006, etc.
Acho (poderia dizer penso, mas quero dar uma chance para o "achismo", caro leitor) que essa tal "diferença" caiu no agrado dos usuários do "Vamos fazer a diferença". E ponto, novamente.
Essa "diferença", que permeia e perpassa o discurso de meio-mundo de comunicadores oficiosos e oficiais , e de políticos, parece que foi (mau)copiada (ou chupada) de famoso autor de livros de auto-ajuda, e depois se alastrou.
Há uma outra frase, "fazer mais com menos", menos utilizada, da autoria de outro famoso, que é conhecida dos estudiosos da medicina ortomolecular.
Ousadamente entrei na seara dos comunicadores, e dos políticos, que pronunciam a frase: - "Vamos fazer a diferença". Com a palavra os estudiosos do nosso idioma pátrio.
P.S.: A senadora Heloisa Helena, candidata a presidenta do Brasil, e em quem eu vou votar, (espero que todo concidadão brasileiro faça o mesmo), excelente comunicadora, professora universitária, está cada vez melhor nas entrevistas à TV Globo. Aquele casal que apresenta o telejornal JN tomou ou levou (o que dá no mesmo) um "banho" da senadora HH, com todo o respeito que ela merece. Mais "banho" tomaram ou levaram os apresentadores do telejornal BD Brasil, da mesma emissora, hoje de manhã. Apesar de que lhe tenham faltado com o devido respeito, mas ela corajosa que é, não se intimidou e respondeu à altura, com a competência e a integridade de sempre. "Et vive la difference!" A deselegância maior ou caturrice, ficou por conta do entrevistador, aquele metido a poliglota, que corrigiu a senadora Heloisa Helena na pronúncia do nome Goebbels - finado ministro da propaganda do também finado Hitler.
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