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Silvio Santos

Paulinho; O boêmio que se tornou funcionário público - Por Zekatraca


 
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Para seu Paulo, Paulinho ou Coroa como querem os mais jovens, não tem tempo ruim, o negócio é estar em atividade, servindo a entidade onde hoje é lotado como motorista no governo do estado de Rondônia. Paulo chegou a Rondônia com tempo de conseguir emprego no governo estadual, que hoje lhes proporcionou ser transposto para o quadro da União. “Agora estou só esperando dar o tempo mínimo da transposição para entrar com meu pedido de aposentadoria”. Querido por todos os funcionários da Superintendência de Turismo de Rondônia – SETUR onde está lotado há quase dez anos, Paulo quando não está fazendo algum serviço na rua, diverte todos com suas brincadeiras sadias. De vez em quando, lembra o tempo que frequentava a boemia da Lapa no Rio de Janeiro e começa a cantar uma canção de Nelson Gonçalves e outros cantores que faziam sucesso no tempo da sua juventude. Outra característica do Paulo é a sua gargalhada. “Isso não é risada seu Paulo” diz a Darkley tentando repreender o “Coroa” e no final, todos riem juntos com ele. Viúvo há poucos meses, Paulo diz que assim que se aposentar volta para sua terra natal Campina Grande na Paraíba. “Minha família está toda lá”. Enquanto a aposentadoria não chega, vamos conhecer mais um pouco da história desse nordestino/carioca de Rondônia.
 

E N T R E V I S T A
 
Zk – Você é de onde?
Paulo – Nasci no dia 21 de agosto de 1949, em Campina Grande a maior cidade da Paraíba. Tive uma infância muito boa, nossa diversão era apanhar caju no quintal dos outros, o que gerava muitas carreiras. A meninada ia pros sítios e eu era o primeiro a pular a cerca para pegar caju. Quando o dono do sítio descobria, a gente saia em disparada carreira e do jeito que vinha, passava pela cerca de arame farpado. Era muito divertido.
 
Gente de OpiniãoZk – Saiu de Campina Grande com quantos anos. Foi pra onde?
Paulo – Fiquei na Paraíba até completar 18 anos. Fui convidado pelo meu tio pra ir morar no Rio de Janeiro, ele trabalhava na Viação Itapemirim. Lá me apresentei para servir o Exército em São João do Meriti e fui dispensado. O certo foi que fiquei, meu irmão também morava lá.
 
Zk – E então?
Paulo - Então passei a conhecer a cidade, doido pra me casar com uma carioca, acontece que a carioca é mulher malandra demais. Se você vacilar perde até as calças. No Rio, morei em Caxias, Nova Iguaçu, Villar dos Telles, morei em Ramos onde freqüenta a famosa praia. Na época era uma praia muito boa, com águas calmas que não oferecia nenhum perigo.
 
Zk – Você trabalhava fazendo o que?
Paulo – Fui motorista de ônibus: Trabalhei na Natividade Transportes Turismo, Viação Flores, Viação Planalto. Fazia Caxias x Nova Iguaçu; Belfor Roxo x Villar do Telles; rodei muito dentro do Rio de Janeiro capital.
 
Zk – É verdade que você era boêmio cantor?
Paulo – Gostava muito da boemia até porque, a turma dizia que eu cantava bem. Participei de muitas serestas, consegui algumas namoradas, levei muita carreira dos pais das meninas. Outra diversão que eu gostava era brincar carnaval. Só nunca brinquei em escola de samba no Rio. Naquele tempo a passarela era na Presidente Vagas e eu ia pra lá e devido o aglomerado de gente, quase não conseguia assistir os desfiles direito.
 
Zk – Quantos anos você ficou morando no Rio?
Paulo – Morei lá durante dez anos, depois voltei ao Nordeste e me casei com a Dalva que me deu meus filhos, Diego e Juliano um da Aeronáutica e outro da Marinha, me divorciei e casei com a Graça. É assim mesmo, a vida é cheia de novidades. Às vezes você pensa que a vida é ruim mais olhando pra trás ver que tem gente pior que você.
 
Zk – Como foi que você veio parar em Rondônia?
Paulo – Cheguei aqui no final dos anos de 1980. Com 15 dias que estava aqui, consegui emprego como motorista fazendo entrega de mercadoria num Mercedes Truncado, o interessante era que eu não conhecia nada na cidade e ficava pedindo informação sobre os endereços das entregas.
Zk – E o emprego no governo como surgiu?

Zk – E o emprego no governo como surgiu?

Paulo – Foi interessante! Sai daquela empresa de entrega e estava na fila de um escritório que ficava perto do quartel do exército, onde estavam recrutando trabalhadores para trabalhar no interior do estado, a fila era enorme e eu lá naquele sol escaldante, foi quando um amigo passou, me viu e perguntou: Ta fazendo o que aí? Vou me fichar pra trabalhar; Sai daí o homem quer falar com você lá no governo. Acontece que eu já havia procurado emprego no palácio e meu nome estava la numa lista de espera, foi então que esse amigo chegou e disse: vamos lá. Embarquei no carro do governo eles me levaram pra garagem. Naquele tempo os motoristas ficavam na garagem esperando ser chamado por uma secretaria. A garagem era lá no Pedacinho de Chão e o chefe na época era o Juquinha. Teve um diretor da garagem, o Japonês, que todo dia de manhã reunia todo mundo no meio do pátio do estacionamento para fazer uma palestra sobre comportamento e rezar, a turma fazia gozação com essas reuniões do Japonês, era todo dia a mesma coisa.

Zk – Você chegou a trabalhar no governo do Teixeirão?

Paulo – Quando cheguei aqui ele estava saindo. Lembro do Ângelo Angelim, Jerônimo Santana, Oswaldo Piana, Valdir Raupp, Bianco, Cassol e Confúcio e agora o Daniel Pereira.

Zk – E hoje?

Paulo – Consegui a transposição e estou esperando completar pelo menos um ano como funcionário federal, para entrar com meu pedido de aposentadoria. Depois vou pro nordeste, pois minha família está toda lá, minha mulher Graça faleceu ano passado, tem minha irmã que também está pra se aposentar e vai também pro nordeste.

Zk – Aqui em Porto Velho você chegou a freqüentar a boemia?

Paulo – Fiz algumas serestas com os amigos, gostava de apreciar as festas da escola de samba Pobres do Caiari. Eu gosto de escola de samba. Em Capina Grande fui batuqueiro na Escola de Samba 15 de Novembro e ganhamos o título em vários anos. Fui campeão, bi-campeão, tri-campão, tetracampeão, pentacampeão e hexacampeão sempre tocando tarol. Sempre vou apreciar os ensaios da escola Asfaltão.

Zk – Para encerrar?

Paulo – Costumo dizer aos jovens que me chamam de coroa, mas, me consideram, pois gostam de ouvir sobre minha história de vida. Que antes de mais nada, devem valorizar a vida, nada de estragá-la usando droga, nada de beber demais, cuidar da saúde e principalmente estudar. Há alguns anos sou lotado na Superintendência de Turismo a Setur e me dou muito bem com meus chefes e colegas de serviço. Aqui na Setur é como se fôssemos uma família, é um por todos e todos por um. Obrigado por se interessar pela minha história. Quem sabe não consiga uma namorada depois da divulgação dessa entrevista!

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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